Novas eleições para quê?
Professor
Nazareno*
Diante da atual crise política pela
qual o Brasil passa, várias pessoas dão palpites apontando saídas para o caos
em que nos meteram. Muitos ainda acreditam que a saída sorrateira da presidente
Dilma Rousseff foi um processo legal de impeachment e não um simples golpe da
direita reacionária e que o governo de Michel Temer é legítimo, constitucional
e que deveria ser aceito naturalmente por todos os cidadãos. Outros, no
entanto, portadores de uma cegueira histórica e absurda, creem que a Dilma e o
PT deveriam voltar a governar o país para o bem de todos. Porém, nada está
decidido nos meios políticos do país. Há a possibilidade, ainda que remota, da triste
volta da ex-presidente assim como a terrível permanência de Temer pelos
próximos dois anos. Nos dois casos, a situação dos brasileiros infelizmente não
mudará em absolutamente nada.
Mas há uma terceira via
que está sendo alimentada por uma imensa maioria de visionários: a convocação
de novas eleições para escolher os futuros mandatários da nação. “Nem Dilma
nem Temer”, afirmam de maneira convicta muitos incautos e esperançosos
eleitores. O povo escolheria em eleições democráticas e livres as futuras
autoridades. Além de ser inconstitucional, a medida esdrúxula e oportunista não
resolveria o impasse. E pior: faria tudo voltar ao começo, à estaca zero. O
problema do Brasil não é a falta de eleições, pelo contrário, pode ser o
excesso delas. Dilma já acenou para muitos senadores que se voltar ao comando
do país, convocará uma espécie de plebiscito para saber se a população quer
participar de novas escolhas. “O queijo vai comer o rato”, pois quem
colocou toda essa gente no poder durante décadas seguidas?
Além do mais, a proposta da presidente afastada se baseia
no fato de que se as eleições fossem hoje, Lula, sempre ele, o miserável
molusco barbudo ganharia de novo a Presidência segundo pesquisas recentes. E a
direita desta vez aceitaria perder? Não daria outro golpe como sempre fez? No
atual cenário político praticamente não existe um único cidadão que inspire
confiança no eleitorado. Como profetizou há tempos o ex-presidente Figueiredo:
“o brasileiro não sabe votar”. E não sabe mesmo, pois com novas
eleições, o povo reconduziria mais uma vez ao poder todos os políticos que
estão sendo acusados de roubo e desvios de dinheiro público. Em Porto Velho,
por exemplo, fala-se abertamente na reeleição este ano do apagado prefeito
Mauro Nazif por absoluta falta de concorrentes à altura dele. “Ruim com
Nazif, muito pior sem ele”, raciocina-se.
Os brasileiros votam muito mal entra ano e sai ano e por
isso as mesmas figurinhas carimbadas sempre se elegem para a eterna desgraça do
Brasil. Como “não há um único país do mundo com um governo corrupto e uma
população honesta”, entende-se o porquê do resultado das eleições. O nível
dos nossos parlamentares, com raríssimas exceções, foi visto na votação que
abriu o processo de golpe da Dilma em 17 de abril. Um Congresso Nacional
composto em sua maioria por políticos burros, alienados, conservadores e
reacionários. A Bancada BBB (boi, bala e bíblia) é quem dá as cartas no nosso
Parlamento. De que adianta convocar novas eleições se pelo menos oitenta por
cento dos eleitores brasileiros são burros, tapados, despolitizados, venais,
antidemocráticos e interesseiros? Precisamos urgentemente de uma reforma
política e de uma boa educação para que tenhamos eleitores inteligentes,
conscientes e honestos.
*É Professor em Porto Velho.
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