As
sete pragas de Porto Velho
Professor
Nazareno*
Porto Velho não
é um lugar bíblico, mas assim como no Egito antigo tem também as suas pragas. Se
um desavisado turista tiver coragem suficiente e quiser visitar a capital dos “destemidos
pioneiros” terá que se adaptar a uma série de intempéries que praticamente só
se verifica por aqui mesmo. O inédito turismo de aventura certamente desencantará
qualquer infeliz que ouse nos visitar. A primeira das grandes pragas são os
viadutos do PT na entrada da cidade. Obra megalomaníaca e desnecessária tem
sido um eterno desafio para os homens públicos de Rondônia. DNIT, governadores,
prefeitos e várias outras autoridades, por mais que tentem, ainda não
conseguiram se desvencilhar dos elefantes brancos. As promessas de conclusão da obra servem apenas para eleger políticos ruins e incompetentes. Já se fala até em implodi-los.
Seguindo o seu roteiro demoníaco
pela capital dos rondonienses, o insólito turista encontrará a segunda praga: a
ponte escura do Madeira. Sem nenhuma serventia aparente, já que “liga o nada
a coisa alguma”, o horroroso e maldito trambolho de cimento e concreto tem
servido apenas para aumentar o número de suicídios na cidade. Se fosse
implodida prestaria um grande serviço à comunidade. Outra desgraça, ou praga,
que atormenta anualmente os portovelhenses são as fumaças das queimadas. Com
uma temperatura que beira os 40 graus, os casos de rinite alérgica, sinusite,
asma e bronquite aumentam consideravelmente nesta época do ano. Ninguém até
hoje conseguiu resolver o caos. Todo verão, Porto Velho desaparece sob uma
fumaça densa atestando a pouca ou nenhuma competência de órgãos como Sema,
IBAMA e SEDAM.
Mas se engana quem pensa que a
rotina de agonia do nosso turista acabou. Tem o Espaço Alternativo, outro descaso público situado bem no caminho do aeroporto. É a quarta praga com que “presentearam”
Porto Velho. Obra também eleitoreira, o “cartão de visitas” da cidade
está lá como que desafiando a lógica dos homens. Escuro, quente, sujo e
totalmente descampado, arrancaram criminosamente suas muitas árvores, funciona
como uma espécie de bordel a céu aberto. Rachas, prostituição, além de outros
delitos são praticados ali de forma absolutamente normal. Prosseguindo, pode-se
visitar o cemitério de locomotivas abandonadas, a quinta praga. A velha EFMM, a
“mãe de Rondônia” para os mais otimistas e sonhadores está lá jogada no
meio do mato entre ferrugem, insetos e descaso. Patrimônio cultural apenas
para os desprovidos de cérebro.
A sexta praga é a lama, nossa companheira
inseparável no inverno. As alagações dão o tempero especial com água podre,
fedorenta e infecta invadindo as residências. Promessa de campanha, o problema
ajudou a eleger o atual prefeito. Só que nada foi feito para resolver o impasse
que deve voltar com força total durante as chuvas. A crônica falta de esgotos e
água tratada em uma capital de Estado é a sétima praga. Felizes e acostumados
com a imundície e a carniça, os acomodados habitantes da cidade nem ligam para esses
problemas. Porém, há certamente muitas outras desgraças em Porto Velho. Existe,
por exemplo, praga maior do que a Câmara de Vereadores? E a cidade ser sede de
uma Assembleia Legislativa? Além da poeira e dos enxames de carapanãs e piuns
há também muitos ratos, tapurus, moscas, mutucas e outras pragas. Mas esperamos
ansiosamente pela praga maior: uma inusitada chuva de bosta na cidade.
*É Professor em
Porto Velho.
Um comentário:
Desta vez, tenho que concordar com o senhor. Infelizmente !
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