segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A maior favela do Brasil

A maior favela do Brasil

 

Professor Nazareno*

           

            O IBGE publicou uma recente pesquisa e mostrou que as três maiores favelas do Brasil são, pela ordem, a Rocinha no Rio de Janeiro com exatos 72.021 habitantes, em segundo lugar vem a favela Sol Nascente no Distrito Federal com 70.908 habitantes e em terceiro está a favela de Paraisópolis em São Paulo com 58.527 moradores. Pode haver um erro nessa publicação, pois dependendo dos itens avaliados, Porto Velho, a eterna capital de Roraima, com quase 500 mil habitantes, é hoje a maior de todas as favelas do Brasil se forem levados em consideração só três aspectos: percentual de água encanada oferecida à população, acesso à rede de esgotos e de saneamento básico e itens de lazer. Porto Velho, que segundo o próprio IBGE não é uma favela, perde feio para qualquer uma das “comunidades” listadas. Pouca gente aqui sabe: muitos de nós somos favelados!

            Das três favelas apontadas, a Rocinha no Rio de Janeiro é a que apresenta os piores índices de saneamento básico e de água tratada. Mesmo assim, está a anos-luz de distância dos números da “Capital dos Destemidos Pioneiros”. Segundo o Instituto Trata Brasil, Porto Velho tem pouco mais de três por cento de saneamento básico e apenas uns 35 por cento de água encanada. A realidade de saneamento básico das favelas do Rio de Janeiro ultrapassa, e muito, essa condição da “Capital das Sentinelas Avançadas”. E a Rocinha é uma favela, enquanto nós somos “orgulhosamente” uma capital de Estado. Isso sem falar na mobilidade urbana daquele bairro do Rio, próximo ao metrô. Lazer? A Rocinha está bem em frente ao mar, a menos de dois quilômetros da areia da praia de São Conrado. E Ipanema e Copacabana, conhecidas mundialmente, estão logo ali: uns vinte minutos a pé.

Porto Velho, uma capital, não tem sequer mobilidade urbana, não tem praias e muito menos metrô. Já a favela Sol Nascente, no Distrito Federal, tem recebido investimentos em saneamento básico, como a construção de redes de esgoto e água. Lá, foram construídos quase 260 km de rede de esgotos e 177 km de rede de água. O governo do DF investiu mais de 58 milhões de reais nas estruturas de abastecimento e saneamento básico na região. E cerca de 70 mil moradores, ou seja, quase 100 por cento dos moradores dessa favela, já são atendidos. Na terceira maior favela do Brasil, Paraisópolis em São Paulo/Capital, pelo menos 88 por cento das residências têm ligação direta com a rede de esgoto e 99% são abastecidas pela rede de água. Um verdadeiro paraíso se ela for comparada a Porto Velho. Fato: morar em favela, às vezes, é melhor do que numa capital.

Outro dia, durante um debate político, um candidato a prefeito disse que Porto Velho se parecia com uma imensa favela. Ele quase apanhou das pessoas ali presentes por ter falado essa verdade, que muitos rondonienses nativos e também os “rondonienses de coração” tentam esconder. Outra coisa boa de se morar numa favela é que lá não tem prefeito nem vereadores. Pode-se até falar na violência que existe nas favelas. Bobagem, tolice. Acredita-se que pelo menos 98 por cento das famílias que ali residem são pessoas boas, honestas, de bom caráter e de boa índole. São gente que trabalha para ter o seu sustento diário. A violência está em toda parte. Ladrões? Ora, na política talvez tenha até mais gente desonesta do que nas favelas. Há atualmente uma propaganda na mídia local dizendo que Porto Velho, em 2024, subiu de nível. Pura mentira, hipocrisia, fake news. Dentre as maiores cem cidades do Brasil, em 2023 éramos a 97ª e hoje somos a 100ª pior.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Calçada sem criatividade

Calçada sem criatividade

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho não tem absolutamente nada que sirva de entretenimento para os seus infelizes moradores. Poucas praças, raríssimos recantos de lazer, praticamente nenhuma área verde, não tem jardim zoológico e não tem também parques temáticos. A sisuda cidade tem apenas uma ou duas pistas para caminhadas. E só. Mas neste ano de 2024 foi criada uma “calçada criativa” lá pelo centro, próxima às Três Caixas d’Água. É numa rua que também tem o nome Santos Dumont. Só que essa rua é bem diferente da outra lá da zona norte: não é torta, é bem pequena e não tem trânsito. Sem nenhuma aparente criatividade, essa bisonha e feia calçada já foi devidamente “saqueada” por vândalos. Roubaram um dos bancos que havia ali. Nada de anormal, pois fizeram com ela o mesmo que já tinham feito com os trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: roubaram tudo.

            É esquisito, pois aqui em Porto Velho se rouba até casca de ferida. Para que diabos vai servir um trambolho daqueles a não ser para trocá-lo por umas pedras de crack? E como em pleno centro da capital conseguiram arrancá-lo e carregá-lo sem que ninguém tivesse visto? Devem ter usado as mesmas técnicas de quem roubou os trilhos da velha ferrovia para usá-los como segurança na frente de suas casas. Outro dia lembrei os vasos de flores que a primeira-dama da capital havia colocado na Avenida Sete de Setembro. Levaram os vasos, as flores e até a terra. A única coisa que não quiseram levar é o lixo que campeia no meio das ruas. Não há uma única rua de Porto Velho que não seja tomada por garrafas pet, plásticos, papéis, copos descartáveis e outras imundícies. Basta ver o que acontece todos os anos, quando a Banda do Vai Quem Quer desfila pelas ruas da cidade.

            Óbvio que quem criou essa “calçada criativa” não foi um Jaime Lerner ou um Pereira Passos. Devem ter usado a mesma lógica que privatizou a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, um patrimônio que era de todo rondoniense. Transformar Porto Velho numa cidade limpa, organizada, aconchegante e minimamente habitável é uma tarefa quase impossível. Com mais de 110 anos de existência, até hoje nenhum dos mais de 52 prefeitos e administradores conseguiu. Somos a pior em IDH dentre todas as 27 capitais do Brasil. Temos o pior ar para se respirar em todo o país, além do pior hospital público. Por isso que se diz que Porto Velho não é para amadores. O futuro prefeito Leonardo Barreto que se cuide. E eu já disse: ele pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Tomara que ele e seus assessores tenham a consciência do “rabo de foguete” em que se meteram.

            Existem no mundo inteiro cidades inteligentes, mas Porto Velho infelizmente é uma cidade burra. Muito burra mesmo. Assim como boa parte de seus habitantes, que jogam lixo no meio das ruas, roubam bancos de praça e até os trilhos de ferrovia histórica. Pelo menos 135 mil eleitores porto-velhenses estão esperançosos de que as coisas possam começar a mudar por aqui. E a solução, ou parte dela, pode estar nas mãos do futuro prefeito e dos 23 vereadores recém-eleitos. Só que Porto Velho limpa é também uma questão de educação e de consciência urbana e ambiental. É também a população que deve contribuir para as mudanças tão urgentes e necessárias. Já pensou se o futuro prefeito, em fevereiro próximo, mandar espalhar caçambas para recolher todo o lixo produzido pela famosa banda de carnaval? Disseram que essa tal “calçada criativa” estaria ligada ao lazer, arte, cultura e até à música. Os vândalos não viram nada disso ali.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 10 de novembro de 2024

Leonardo Barreto vai acertar?

Leonardo Barreto vai acertar?

 

Professor Nazareno*

 

            Com mais de 135 mil votos, o eleitor de Porto Velho, a eterna capital de Roraima, elegeu em 2024 o senhor Leonardo Barreto de Moraes, ou simplesmente Léo Moraes, para administrar a cidade. Essa eleição, com uma virada de votos pouco esperada nos meios políticos, quebrou vários tabus na maltratada cidade. O primeiro deles diz respeito à atual administração do lugar. Antes do pleito, falava-se que Hildon Chaves, que apoiou publicamente a candidata derrotada Mariana Carvalho, tinha mais de 80 por cento de aprovação popular. Era tudo mentira, conversa para boi dormir, fofoca para conseguir turbinar qualquer candidatura. Se o atual prefeito tinha mesmo toda essa aprovação popular, era de se esperar que a sua candidata tivesse sido eleita já no primeiro turno. Dessa forma, o cidadão porto-velhense disse que não aprova os atuais gestores da cidade.

            E é justamente aí onde mora o perigo. A mesma falta de esgoto, de água tratada, de saneamento básico e de muitos outros problemas locais, que podem ter turbinado a vitória de Leonardo Barreto e a derrota de Hildon Chaves via Mariana Carvalho, podem ser o “calcanhar de Aquiles” da nova administração. Léo Moraes e os 23 vereadores recém-eleitos têm competência para sanar pelo menos parte desses problemas? Se cidade tivesse sexo, como diz o jornalista Josias de Souza, Porto Velho seria uma mulher. Mas não qualquer mulher. Seria uma daquelas prostitutas vadia, debochada, tola, pobre, velha e explorada eternamente pelos seus cuidadores. Muito provavelmente daquelas raparigas que pagam até o preservativo só para ter o prazer de ser estuprada. Léo tem que correr atrás de praças floridas, mobilidade urbana, hospital de pronto-socorro, remédios, escolas.

            Porto Velho precisa urgentemente de mais água encanada para a população. Os inúmeros poços cavados ao lado de fossas imundas e rasas precisam ser fechados em nome da saúde pública. O poder público municipal tem que proporcionar essa necessidade para os seus cidadãos. Não se pode mais beber “água de bosta” numa capital. Porto Velho precisa de mais saneamento básico e de mais esgotos. Somos hoje no Brasil o último lugar dentre as cidades com mais de 100 mil habitantes segundo o Instituto Trata Brasil. Perdemos até para Rio Branco, Ananindeua no Pará e Macapá. A cidade toda fede, senhor futuro prefeito! E muito. A água onde o senhor gravou aquele vídeo depois da chuva de 26 de outubro à noite estava contaminada. Foz do Iguaçu no Paraná, cidade onde o senhor nasceu, é Primeiro Mundo se for comparada com a suja, imunda e fedorenta Porto Velho.

            Tomara que o senhor acerte. A “velha puta abandonada” não aguenta mais. Merece coisa melhor. Feche aquelas valas abertas, fedidas e podres da Avenida Jorge Teixeira, por exemplo. Nada de fazer só o asfalto puro sem saneamento nem galerias para escoamento das águas pluviais. Na atual administração essa velha tática “para ganhar votos” não deu certo. O povão percebeu o engodo. Procure arborizar mais a cidade em vez de arrancar as poucas árvores existentes como aquelas da Avenida Tiradentes no bairro Embratel. Tente se reunir com os vereadores e os convença a ajudar o senhor a fazer uma boa gestão nessa cidade. Todos ganham se os eleitos agirem em nome de Porto Velho e esquecerem um pouco as suas ambições pessoais. Em março ou abril próximos se reúna com autoridades do Estado e das instituições federais para tratar sobre a fumaça tóxica que certamente nos incomodará de novo. É muita coisa, mas o senhor vai dar conta!

 

 

              *Foi Professor em Porto Velho.              


 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Jair Bolsonaro é eleito nos EUA

Jair Bolsonaro é eleito nos EUA

 

Professor Nazareno*

 

            Poucas pessoas esperavam esse resultado nas recentes eleições dos Estados Unidos, mas Jair Messias Bolsonaro ganhou com folga de Kamala Harris e será o 47º Presidente dos Estados Unidos. Isso depois de perder a reeleição para Joe Biden após o seu primeiro mandato entre 2017 e 2021. Bem diferente do Brasil, onde o STF conseguiu com muita rapidez votar pela inelegibilidade do ex-presidente, nos EUA a Suprema Corte deixou as coisas “correrem solta” e não quis julgar adequadamente o Bolsonaro pelos inúmeros crimes que o mesmo cometeu enquanto frequentava a Casa Branca como no dia 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão enfurecida invadiu o Capitólio norte-americano, o Congresso Nacional de lá, para impedir a diplomação de Joe Biden, o vencedor das eleições presidenciais do ano anterior. Pelo menos cinco pessoas morreram.

            Bolsonaro queria vencer também aquelas eleições, mas na marra, de qualquer jeito. Por isso, não mediu esforços para ameaçar publicamente a democracia americana. Já no Brasil, o nosso seis de janeiro também aconteceu: foi na verdade no dia oito de janeiro, só que de 2023. Aqui, uma multidão enfurecida não reconheceu a vitória do presidente Lula e, de supetão, tomou as frentes de quase todos os quartéis do país exigindo um golpe militar. Tudo culminou na tomada de Brasília com depredações e saques das principais instituições da República como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Acampados em frente às unidades militares, os golpistas, talvez influenciados pelo presidente derrotado, queriam absurdamente a deposição do presidente eleito e a consequente anulação das eleições, mas somente no segundo turno.

            O Supremo Tribunal Federal do Brasil, liderado pelo ministro Alexandre de Moraes, bem diferente da Suprema Corte dos Estados Unidos, tomou as rédeas da situação e determinou o fim imediato dos acampamentos na frente dos quartéis e mandou prender vários daqueles arruaceiros golpistas. Muitos já foram condenados e estão hoje cumprindo pena de até 17 anos de cadeia. E o ex-presidente daqui pode ser preso a qualquer momento. Não só por ter incentivado claramente o nosso oito de janeiro, mas principalmente por estar sendo responsabilizado também por vários outros crimes, dentre eles o negacionismo e as dificuldades que impôs para a compra de vacinas durante a pandemia de Covid-19. Com isso, várias dezenas de milhares de brasileiros morreram vitimados pela doença. Hoje ele não pode nem deixar o país. Está com o passaporte retido.

            Tanto o atual presidente eleito dos Estados Unidos quanto o ex-presidente do Brasil são da extrema-direita reacionária e jamais tiveram “papas na língua”. Ambos com tendências políticas favoráveis ao fascismo, ao ódio e ao autoritarismo, governaram sempre para os mais ricos e os mais abastados. Porém, como “os países não têm amigos nem inimigos, apenas interesses” o Brasil não pode e nem deve se meter nos assuntos internos da Casa Branca. Está mais do que óbvio que com Jair Bolsonaro sendo de novo presidente dos Estados Unidos, a situação dos imigrantes, que já era ruim, vai piorar ainda mais. E pode ser ruim também para o Brasil, já que o nosso presidente torcia publicamente pela Kamala Harris. Só que tanto faz um quanto a outra. Mas o Lula que se cuide: governando com toda essa moleza, como por exemplo, durante as queimadas no último verão, vai perder as próximas eleições daqui para o substituto de Donald Trump em 2026.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

domingo, 3 de novembro de 2024

Por que Mariana perdeu?

Por que Mariana perdeu?

 

Professor Nazareno*

 

A derrota de Mariana Carvalho nas eleições de 2024 para prefeita de Porto Velho foi uma das maiores surpresas no país inteiro. Vencedora com folga do primeiro turno com quase 50% dos votos válidos, a candidata do União Brasil era apontada por todos como a favorita, mas não conseguiu sequer fazer o mesmo número de votos no segundo turno. E por quê? Quais foram as reais causas que explicam essa inesperada derrota nas urnas da candidata da elite e das “dinastias” financeiras e políticas locais? Mariana é jovem, bonita, muito simpática, inteligente, tem caráter, tem liderança política e acima de tudo tem carisma. Muito carisma mesmo, principalmente em Porto Velho. Fala-se que se ela não tivesse feito tantas coligações, teria sido eleita com sobras. De um modo geral, os eleitores porto-velhenses encontraram no candidato Léo Moraes uma forma de se vingar.

Mas com o que precisamente esses eleitores estavam chateados? Ora, há vários anos que a mídia nacional e até a internacional apontam Porto Velho como a pior capital do Brasil para se viver. Aqui não existe IDH, não existe rede de saneamento básico, não há água tratada para a população, faltam medicamentos nos postos de saúde, não existe um hospital de pronto-socorro na capital e a mobilidade urbana é tão deficitária que perde até para aquelas cidades miseráveis da África subsaariana. E o atual prefeito, o Dr. Hildon Chaves, há oito anos no poder, foi um dos apoiadores de Mariana Carvalho. O prefeito pouco ou nada fez pela cidade. Um só centímetro de rede de esgotos não foi feito neste tempo todo em que ele administra Porto Velho. E a Mariana, coitada, dizia, que com ela essa administração ia continuar para o bem daqui. Ninguém quer lixo, carniça, alagações.

O governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, também deu apoio irrestrito à Mariana. Claro que a população daqui gostaria de ter um bom hospital de pronto-socorro, mas tem só o “açougue” João Paulo Segundo. Rocha prometeu no início de sua gestão fazer um pronto-socorro inédito: era o “Built to Suit”, que até hoje praticamente nem saiu do papel. O governador dizia alegre e feliz, durante a campanha, que estava apoiando Mariana. Por isso o discurso dela era quase de subserviência a Hildon Chaves e ao govenador Marcos Rocha. O eleitor, que não é tolo, deu-lhes o troco nas urnas. Além do mais, Mariana fez fotos e confraternizou desnecessariamente com Jair Bolsonaro, com a Michele e com a senadora “goiabeira” Damares Alves. Como ficaram os quase 93 mil eleitores petistas de Porto Velho ao perceber várias fotos de Mariana com toda essa gente?

Mariana não tinha muita firmeza na fala. Falava manso como se estivesse o tempo todo obedecendo a alguém. Deixou quase sem reação e sem retrucar que outra candidata, a ex-juíza Euma Tourinho, a chamasse pejorativamente de “patricinha” e de “a candidata das elites e dos poderosos”. Tudo isso repercutiu mal entre os eleitores mais exigentes. Ela também abriu mão de participar de alguns debates na televisão. Pouca gente gostou dessa postura “sem nenhuma explicação convincente” dela. Como eleger uma prefeita que já tem os 23 vereadores a seu favor? Será que já não estava “tudo acertado” antes com estes edis? Mas mesmo derrotada dessa vez, Mariana acertou em cheio ao dizer que vai ser oposição a Léo Moraes e vai também fiscalizar sua administração. Não votei em nenhum dos dois, mas vou fazer também como ela, a Mariana: assim que o Léo Moraes assumir, o Professor Nazareno, lhe fará oposição. Elogio se acertar e o criticarei se errar.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Orgulho dos porto-velhenses!

Orgulho dos porto-velhenses!

 

Professor Nazareno*

           

            O resultado das eleições para prefeito de Porto Velho no segundo turno das eleições em 2024 trouxe várias lições. A primeira delas foi compreender que a maioria da população da cidade não mais aceita calada uma candidatura “empurrada de goela abaixo” pelos poderosos. Mariana Chaves não perdeu esse pleito apenas para o Léo Moraes. Ela perdeu para as circunstâncias que foram acontecendo durante toda a sua campanha. Os dois candidatos que foram para o segundo turno têm praticamente a mesma origem na política. São filhos de poderosas dinastias locais, ricas e abastadas, da direita e da extrema-direita reacionárias. Ambos nasceram em outras cidades fora do Estado de Rondônia, mas vivem e moram aqui desde pequenos. Léo foi preterido pelos poderosos de plantão enquanto Mariana teve o apoio irrestrito de todos: prefeito, governador e mídia.

            O problema é que esses endinheirados se esqueceram de combinar com o povo, o cidadão eleitor da cidade, o sujeito humilde da periferia, que é quem decide de fato toda e qualquer eleição. E pelo menos desta vez, a maioria desses eleitores de Porto Velho merece os parabéns. Não só porque votou no Léo Moraes e rejeitou a Mariana Carvalho, mas principalmente porque não aceitou uma decisão tomada antes pela elite lá nos bastidores. O que o atual prefeito, Dr. Hildon Chaves, fez de tão bom e tão excepcional para que Porto Velho em peso votasse na sua candidata, a Mariana? Não acabou sequer com os alagamentos da cidade, que ainda continuam. Prova disso foi o forte temporal que se abateu sobre a cidade na noite anterior ao segundo turno. Léo Moraes saiu às ruas e denunciou ao vivo o absurdo de uma administração de oito anos que nada fez pela cidade.

            Os eleitores de Porto Velho, pelo menos agora, estão de parabéns com a sua escolha. Superaram em visão política os eleitores de São Paulo, por exemplo. Lá o atual prefeito, Ricardo Nunes, que deixou a cidade às escuras depois de uma chuva, recebeu um turbilhão de votos e foi devidamente reeleito. Superaram também os eleitores de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Na capital gaúcha, o atual prefeito Sebastião Melo, deixou a cidade ser toda inundada e mesmo assim, foi também reeleito tranquilamente. Aqui, os eleitores, de um modo geral, viram que a administração Hildon Chaves foi uma farsa. No verão é só problema com poeira e fumaça. No inverno, a mesma coisa, só que com lama e alagações. Nada mudou, portanto, na capital dos rondonienses. E o eleitor viu isso. Já o governador do Estado sequer construiu o “Built to Suit”. Por isso, foi derrotado também.

            Claro que nem tudo são flores. Esse mesmo eleitor de Porto Velho elegeu todos os 23 vereadores ligados à direita e à extrema-direita reacionárias. Léo pode ter problemas para administrar com uma Câmara de Vereadores tão conservadora assim. Mas enfim, as “promissórias” existem para quê? E o senhor Leonardo Barreto que se cuide: foi eleito com os votos também da esquerda local, que não está morta. Ele tem que reconhecer isso. Além do mais, se ele nada fizer pelos porto-velhenses nos próximos quatro anos, pode dar adeus à política. Léo fez aliança com o povo, como ele mesmo diz. Um hospital de pronto-socorro municipal, mais saneamento básico, mais mobilidade urbana, mais esgoto, mais arborização, menos fumaça das queimadas nos próximos verões, mais água tratada, mais remédios nos postos, dentre outros benefícios para quem sempre sofreu por ter que morar aqui. Se não fizer nada disso, já era! Vai se afogar no mesmo esgoto que o elegeu.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

domingo, 27 de outubro de 2024

Meus pêsames, Léo Moraes! (2)

Meus pêsames, Léo Moraes! (2)

 

Professor Nazareno*

 

Por que o senhor está tão alegre e rindo? Devia era chorar! Eu sou um pagador de impostos e morador há quase 44 anos desta “antessala do inferno” e me achei no direito de lhe dizer umas verdades. E nada de parabéns! Meus pêsames! Fosse eu, estaria muito preocupado com este “presente de grego”, pois vai administrar a pior capital do Brasil em IDH. Carniça, lixo, catinga, sujeira, fedentina, bosta, esgoto a céu aberto e imundícies é só o que se observa nesta cidade. Fico muito triste pelo senhor, pois pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Porto Velho é uma currutela imunda, que sempre foi fedorenta, sem árvores, escura, violenta, sem praças, feia, sem esgotos, sem água tratada e cheia de gente pobre, de direita e mal educada e por isso não é um lugar ideal para se fazer política. Mas me escute e talvez o senhor possa ter um pouco mais de sorte pelos próximos quatro anos.

Seja tolerante com os pobres se quiser ter algum sucesso. Não faça a bobagem de, só por ambição política, esconder que pertence à casta privilegiada de Porto Velho. E não se candidate a outro cargo nas eleições de 2026. Não brigue com os ricos, eles são a “Casa Grande” daqui e não menospreze a esquerda local: ela lhe deu quase 40 % de seus votos. Não arrume a cidade, sem necessidade. Nunca diga que os 8 anos de administração do Dr. Hildon a deixou em frangalhos e toda desarrumada. Parte da elite rica que lhe apoiou não vai gostar. Porto Velho sempre foi uma grande merda, uma latrina, e ninguém acreditará nesta lorota, já que todos estão acostumados. E nunca faça decoração natalina com pneus velhos. O povão detesta! Parte da população daqui é de gente simplória, pobre, sem leitura de mundo, direitista e reacionária que crê em Deus, Cristo, Natal e Papai Noel.

Capriche muito em todas as decorações natalinas, portanto! Não mande arrancar nenhuma das poucas árvores da cidade como fizeram com as da Avenida Tiradentes. Se tiver que construir ruas e avenidas, faça-as todas retas e lineares. Rua torta como a Santos Dumont lembra administração municipal também torta. Se puder, more sempre em Porto Velho e diga todo dia que ama a cidade, mesmo que seja mentira. O pessoal daqui gosta de ser enganado. O porto-velhense diz que adora ver limpeza. Mas por que a cidade é tão suja, fedida e imunda? Plante árvores, faça jardins nas poucas praças daqui e nunca se esqueça de aguá-los durante o verão. Não minta em vão: acabe com as alagações, o caos e a fumaça das queimadas. E não prometa fazer hospital “Built to Suit”. Cuidado com a arborização, a boa mobilidade urbana e outras façanhas. “Beiradeiros” não gostam disso.

Nada de oposição. Compre todos os 23 vereadores recém-eleitos e não se esqueça de gratificar a parte da mídia marrom que lhe apoiou. Cuidado com a sua vice. Apesar de ela ser uma “Mulher de Deus”, não confie muito. Não permita que ela passe quatro anos recebendo um baita salário para fazer o mesmo que o prefeito: nada. Não votei no senhor, Léo Moraes, e nem na Mariana Carvalho! Sempre voto no “menos ruim”, mas neste caso era impossível: vocês dois são péssimos e nenhum merecia o meu voto. Tente fazer desta cidade, senhor futuro prefeito, um lugar bom para se morar. Não permita mais que eu continue me envergonhando ao trazer parentes meus da civilizada Curitiba e da limpa Foz do Iguaçu para visitar esta maldita curva de rio. Sei que o senhor pode não conhecer bem esta cidade, mas tire Porto Velho da última colocação em saneamento e IDH no Brasil. Construa um bom hospital municipal de pronto-socorro e demita todos os comissionados!




*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Mariana vai perder nos pênaltis?

Mariana vai perder nos pênaltis?

 

Professor Nazareno*

 

            Se as eleições de Porto Velho em 2024 fossem comparadas a uma partida de futebol, poderíamos dizer que o time favorito pode ser derrotado na partida decisiva depois de liderar com folga todo o campeonato. Mariana Carvalho do União Brasil teve no primeiro turno quase o dobro de votos do segundo colocado, o ex-deputado federal Léo Moraes, do Podemos. A diferença entre os dois foi de exatamente 47.204 votos num universo bem restrito de apenas uns 250 mil votos válidos. A situação favorável e otimista da candidata do União Brasil era tão boa que muita gente já a apontava como a provável vencedora das eleições ainda no primeiro turno. Léo sequer era favorito para ir para o turno seguinte. Muitos eleitores diziam que se houvesse segundo turno, deveria ser entre a ex-juíza Euma Tourinho do MDB contra a própria Mariana. Porém, a lógica se inverteu.

            Léo Moraes, o patinho feio dessas eleições, não só vai disputar o pleito decisivo como aparece em várias pesquisas como o provável vencedor. Com pouco mais de 25% no primeiro turno, ele já alcança cifras superiores aos 45 por cento e passa a ser cotado como o possível vencedor no próximo domingo. Mariana Carvalho fez 44,5% no primeiro turno e parece que estacionou nesse patamar. Léo praticamente cresceu em todos os segmentos da população e ao contrário de Mariana, não quis jogar na retranca só para garantir o resultado. Com habilidade, se mostrou como o candidato do povo e mesmo se definindo como sendo de centro-direita, pode ter capturado muitos dos mais de 92 mil votos de eleitores porto-velhenses que fecharam com Lula e o PT em 2022. Porto Velho e Rondônia não têm muitos candidatos petistas, mas existem vários eleitores da esquerda.

            Além do mais, Mariana Carvalho fez conchavos com todo tipo de gente. Se eleita, pode ter sérios problemas para acomodar todo esse pessoal a começar pelos 23 vereadores eleitos. Certa da vitória, que agora está seriamente ameaçada, a candidata do União Brasil se deu ao luxo de não querer participar do último debate na “Globolixo”. O tiro saiu pela culatra. Muita gente não gostou dessa atitude. Mariana tirou fotos com o inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro. O que pensaram, por exemplo, os mais de 92 mil eleitores do PT e do Lula que certamente ainda existem em Porto Velho? Até a própria direita já está querendo se livrar do “Bozo” e Mariana, talvez numa atitude impensada e incoerente tenta trazer para a nossa realidade alguém que não vai influenciar em absolutamente nada na rotina da cidade. Passadas essas eleições, o ex-presidente pode até ser preso pelo que fez.

            Diferente do Léo Moraes, Mariana não teve carisma suficiente para encantar parte do eleitorado indeciso. Ela não conseguiu sequer se desgrudar da figura do prefeito Hildon Chaves nem do Governador Marcos Rocha, seus patrocinadores. Muita gente está farta do Dr. Hildon, que depois de oito anos administrando a cidade, nada fez em benefício de Porto Velho. Não fez um só centímetro de rede de esgotos e nem melhorou a oferta de água tratada à população. Porto Velho nunca foi considerada a pior dentre as 27 capitais do Brasil para se viver. Isso só aconteceu nesta atual administração. E ainda temos o pior ar para se respirar e o pior hospital público do país. Já o governador sequer conseguiu construir o “Built to Suit” para o sofrido e pobre eleitor daqui. O povo não é tão burro assim, não: se sente enganado e percebe as falsas promessas. Correndo por fora, Léo só cresceu e pode ser prefeito sem ter um só vereador aliado. Será que vai dar zebra?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Porto Velho tem esquerda, sim!

Porto Velho tem esquerda, sim!

 

Professor Nazareno*

 

            Costuma-se dizer que em Porto Velho, a suja, imunda e fedorenta capital de Roraima, o eleitorado é todo da direita e da extrema-direita, assim como acontece em todo o pobre, distante e incivilizado Estado de Rondônia. Pensa-se erradamente que aqui quem sempre mandou e ainda manda em tudo é o capital, o agronegócio, os empresários e também a elite rica e poderosa. Claro que não! Em Porto Velho existem muitos eleitores de esquerda, sim! Para se ter uma ideia, o PT e o presidente Lula obtiveram em 2022, na última eleição para Presidência da República, nada menos do que 92.636 votos num universo que hoje beira apenas os 250 mil votos válidos. Se somar esses votos com a atual abstenção, teremos quase 200 mil votos na esquerda. Isso porque, presume-se, que quem não foi às urnas não estava satisfeito com a atual situação política dessa cidade. Verdade?

            Por isso, se eu fosse o Léo Moraes ou a Mariana Carvalho não menosprezava de jeito nenhum esses votos da esquerda em Porto Velho. Claro que tanto um quanto o outro candidato a prefeito da “Capital da Seboseira” são da direita e da extrema-direita reacionárias. Mariana Carvalho fez até “fotinhas” ao lado do inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto Léo foi diretor do Detran do governador bolsonarista Marcos Rocha. Ambos, são, portanto, ricos, abastados e da elite. Nunca viram pobreza, miséria e falta de recursos em suas vidas.  Desconfio até que nenhum deles nunca pegou o Interbairros ou o Circular 2 para se deslocarem pela cidade. Acho que eles jamais compraram roupas em avenidas como a Jatuarana na zona Sul ou a José Amador dos Reis na zona Leste. Léo e Mariana devem ter bons planos de saúde para não terem que ir ao “açougue” João Paulo.

            Abrir mão desses votos é suicídio político na certa. Acho até que alguns dos atuais vereadores não foram reeleitos porque aderiram rapidamente ao prefeito Hildon Chaves e entenderam que não tinham sido eleitos com os votos também da esquerda. Claro que a esquerda de Porto Velho não é forte o suficiente para eleger candidatos. Mas nunca é demais se lembrar da eleição da senadora Fátima Cleide e também do ex-prefeito Roberto Sobrinho, que foi injustiçado e punido arbitrariamente para não se eleger governador do Estado. O atual prefeito, o Dr. Hildon, que é da ultradireita conservadora, conseguiu com que todos os vereadores da atual legislatura ficassem do seu lado. E se Mariana Carvalho for eleita, terá também a seu favor todos os 23 vereadores que foram recentemente eleitos. Na Prefeitura de Porto Velho se administra sem ter oposição, como nas piores ditaduras.

            Eu não sou de esquerda, como muita gente pensa. Apenas entendo que qualquer governante tem que ter o bom senso de governar para todos os cidadãos, independente da questão ideológica. Até porque em Porto Velho grande parte do eleitorado não sabe o que significa direita ou esquerda na política. Como no restante do país, o analfabetismo político e a falta de leitura de mundo é o que mais se observa. O cidadão eleitor quer boa mobilidade urbana, quer certamente ruas mais limpas e cuidadas, rede de esgotos, oferta de água tratada, boa arborização para diminuir o calor, IPTU mais barato, quer também recantos de lazer como praças, menos fumaça para respirar e bons hospitais para lhe atender. E precisamos muito de saneamento básico, que a cidade não tem. Por isso, o vencedor, qualquer que seja o ungido pelas urnas, deve ficar atento a essas demandas. Léo ou Mariana estarão prontos para dar isso ao cidadão daqui? É o que esquerda defende!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Atenção, senhores vereadores!

Atenção, senhores vereadores!

 

Professor Nazareno*

           

            Porto Velho, a podre, fedorenta e imunda capital de Roraima, elegeu agora em 2024 pelo menos 23 vereadores para o próximo mandato eletivo, ou seja, dois a mais do que a administração passada. Destes, pelo menos sete deles, sem nem se saber direito o porquê, foram reeleitos e dezesseis foram eleitos pela primeira vez. O trabalho de um vereador é muito importante para qualquer município. É, enfim, a Câmara Municipal por meio do Poder Legislativo que ajuda o prefeito eleito a enfrentar e corrigir os problemas reais da cidade. E Porto Velho está repleta de dificuldades e de complicações. Com aproximadamente 520 mil habitantes na sua área urbana, a cidade foi considerada pelo Instituto Trata Brasil como sendo a pior dentre as 27 capitais do Brasil em saneamento básico e água tratada. Vergonha: e tem também o pior ar para se respirar em todo o país.

            O pior hospital público do Brasil também está aqui em Porto Velho. Trata-se do “açougue” João Paulo Segundo. Mesmo estando na responsabilidade da esfera estadual, esse logradouro tem que ter a contrapartida do município uma vez que é o único hospital de pronto-socorro existente nesta suja capital. Todos os 23 vereadores recém-eleitos deviam se preocupar em tentar construir um bom hospital para o município onde eles vão atuar. Vereador atuante tem que trabalhar para melhorar a vida de todos os munícipes, independente de quem votou neles ou não. Eu, por exemplo, não votei em nenhum desses vereadores aí eleitos. Votei no professor Aleks Palitot, mas ele não se reelegeu. Aqui em casa votamos também na Neidinha Suruí que também não foi eleita. Mas todos os eleitos são vereadores do município onde vivo com a minha família e onde pago altos impostos.

            Por isso, vou cobrar algumas providências de todos eles, assim como eu cobrava do professor Palitot e era prontamente atendido. Vereador não tem que atender somente as demandas individuais dos seus apoiadores. Têm que se preocupar com o coletivo, com a cidade inteira e com todos os seus distritos. Nada de arranjar emprego comissionado e outras benesses para uns poucos privilegiados que os ajudaram na campanha. Nada de fazer conchavos espúrios com o prefeito eleito. Vereador tem que pensar grande. Deve colocar como objetivo maior toda a cidade, que é tão castigada a nível nacional. O que fazer para que a “Capital da Seboseira” não seja tão mal falada nacionalmente por falta de qualidade de vida para seus moradores? Como pode um vereador se acomodar diante do fato de sua cidade não ter saneamento básico nem água tratada para os seus habitantes?

            Senhores vereadores eleitos de Porto Velho! Trabalhem e lutem em sua gestão para desmentir o Professor Nazareno. Não deixem que ele publique mais essas matérias horrorosas que saem sobre essa explorada e distante urbe. Façam com que os números dela melhorem. A “Capital das Sentinelas Avançadas” nunca esteve em último lugar em IDH nacional. E por que chegou a esse nível? Trabalhem para melhorar o porto rampeado lá no rio Madeira, que foi doado pela Santo Antônio Energia. Aquilo ali é uma vergonha sem tamanho. É um descalabro só. É um acinte. Vejam o problema da escassez de voos no acanhado aeroporto Jorge Teixeira. Lutem para que se tenha uma melhor arborização e também mobilidade urbana na cidade. Lutem para que não haja mais queimadas nem tanta fumaça criminosa. Água tratada, saneamento básico e lixo são problemas de quem foi eleito. E vocês não se envergonham de Porto Velho ser a merda que é, não? Paciência!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O furacão e as queimadas

O furacão e as queimadas

 

Professor Nazareno*

 

            Praticamente na mesma época do ano, entre os meses de julho e outubro, e todos os anos, esses dois fenômenos são verificados respectivamente tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A diferença entre eles está na maneira de se lidar com estas duas catástrofes. No primeiro mundo, os furacões são forças da natureza enquanto no Brasil as queimadas são o resultado de ações meramente humanas. Queimadas e furacões podem não ter relações entre si, mas com certeza quanto mais se destrói a natureza mais fortes são os furacões e também outros eventos climáticos. No Brasil, de um modo geral, parte do agronegócio, com apoio governamental, incendeia a floresta amazônica para poder produzir mais pasto para os seus rebanhos e também para exportar mais commodities. A fumaça tóxica toma conta do país, fecha aeroportos, provoca doenças e estabelece o caos.

            A postura das autoridades e das instituições diante desses fenômenos é o grande diferencial tanto aqui quanto lá nos Estados Unidos. Com alguns dias de antecedência, na América do Norte, os furacões são previstos e as autoridades começam logo os trabalhos de prevenção. Populações inteiras de dois, três milhões ou mais de pessoas são evacuadas imediatamente para outras áreas mais seguras do país. As cidades ficam completamente vazias e a Guarda Nacional, o Exército, as Forças Armadas, Defesa Civil, Igrejas, as companhias de aviação, os taxistas, Corpo de Bombeiros, polícias, guardas municipais, FBI e muitas outras forças da sociedade vão a campo para tentar amenizar a fúria da natureza e salvar o maior número possível de pessoas. Unidos e empenhados num objetivo comum, prefeitos, governadores e até o presidente do país não baixam a guarda.

            Já no Brasil, infelizmente, é tudo diferente. Muito diferente mesmo. Com relação às queimadas, por exemplo, todo mundo já sabia de antemão que a Amazônia iria arder sob o fogo. Nenhuma autoridade, absolutamente ninguém da sociedade tomou precauções para enfrentar o caos que veio. Este ano de 2024, a partir do mês de julho a fumaça tóxica invadiu Porto Velho, a suja e fedorenta capital de Rondônia, e ninguém sequer fez comentários sobre a desmantelo que se abateu sobre todos nós, pobres moradores e pagadores de impostos. Era época de eleições e os candidatos fizeram vistas grossas ao horror que estava se instalando. Praticamente nenhum deles se incomodou com o fato gravíssimo do fogo no bioma amazônico. Parece que eles estavam morando na Bélgica ou no interior da França: se fizeram de desentendidos e deram uma de “João sem braço”.

            Já pensou se um furacão da magnitude de um “Milton” chegasse a Porto Velho? Quem iria nos socorrer? Bombeiros? Câmara de Vereadores? A Assembleia Legislativa? O prefeito? O governador? Nossos três senadores? Os deputados federais? As Forças Armadas? Essas autoridades não evacuariam as pessoas diante de perigo nenhum. Elas evacuariam nas pessoas. Já pensou o preço dos alimentos nos supermercados daqui? Tudo pelo triplo. Passagens aéreas para fugir dos ventos catastróficos seriam somente para os ricos, os políticos e as pessoas privilegiadas. Um galão de água mineral custaria uns 100 ou 200 reais. Tudo destruído e o povão na merda. Bairros inteiros saqueados pelos ladrões e aproveitadores. De longe e já bem seguras, as “autoridades” davam ordens pela internet para quem tivesse a sorte de ter escapado. Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Nem Léo Moraes nem Mariana

Nem Léo Moraes nem Mariana

 

Professor Nazareno*

 

            Terminada a votação das eleições 2024 no primeiro turno em Porto Velho e nenhuma novidade se apresentou. A extrema-direita reacionária faturou tudo nas urnas. “Fez barba, cabelo e bigode” como se diz na gíria. Das 23 cadeiras para a câmara municipal da cidade, por exemplo, elegeu “somente” todos os 23 vereadores. Os dois concorrentes a prefeito(a) no segundo turno são respectivamente Mariana Carvalho e Léo Moraes. Ambos pertencem à elite endinheirada, abastada e rica e sempre foram pessoas privilegiadas dentro da nossa paupérrima sociedade. Mariana é paulistana de nascimento, já Léo é paranaense, nasceu em Foz do Iguaçu. Porém, os dois devem ser “rondonienses de coração”. E o eleitor porto-velhense, de certa maneira, não decepcionou: manteve tradicionalmente a sina de eleger só pessoas nascidas fora da cidade para lhe administrar.

            Léo Moraes foi diretor-geral do Detran/RO no atual governo Marcos Rocha. Já a Mariana Carvalho é apoiada publicamente pelo mesmo governador. Como haverá debates de verdade entre os dois nesse segundo turno? Como eles vão se enfrentar politicamente já que ambos pertencem à mesma vertente política e ideológica? Léo Moraes falando mal de Mariana e vice-versa será apenas um jogo de faz-de-conta. Desses que servem para enganar os otários. Léo Moraes é da direita e Mariana também. Os dois até se parecem com Marcos Rocha e Marcos Rogério, os dois bolsonaristas que disputaram o governo de Rondônia em 2022. E agora, quem vai vencer os debates para prefeito(a) de Porto Velho? Aquele que mais adular o governador Marcos Rocha e o seu guru Bolsonaro ou o que mais apresentar propostas para administrar a pior capital do Brasil em qualidade de vida?

            Abonados, opulentos, endinheirados e filhos de famílias poderosas, Léo Moraes e Mariana Carvalho parece que ainda não perceberam o “rabo de foguete” que vão herdar. Porto Velho é uma latrina suja e imunda e cuja maioria de seus habitantes sacia a sede literalmente com merda, pois a cidade, com mais de meio milhão de habitantes, não tem sequer água tratada para os seus moradores. Aqui se bebe água de poços imundos cavados ao lado de fossas rasas. Rede de esgotos, a cidade também não tem. Bosta escorre a céu aberto diariamente pelas fedorentas ruas da cidade. E isso do centro à periferia. Temos o pior hospital público do Brasil, o “açougue” João Paulo Segundo. E de quebra, temos também o pior ar para se respirar no país. Este ano mesmo, desde o mês de julho, que estamos respirando fumaça com monóxido de carbono e outras substâncias cancerígenas.

            Já que são do mesmo “ninho político”, tanto Léo quanto Mariana tinham que fazer um acordo entre eles para não se desgastarem em debates e brigas estéreis e de mentirinha. Para que enganar o povo ainda mais? Os problemas de Porto Velho têm que ser atacados de forma séria e precisam ser resolvidos independente de engodo e escolhas ideológicas. O governador Marcos Rocha, já que se dá bem com os dois “concorrentes de araque”, devia lhes ensinar como se faz um bom hospital “Built to Suit” para a maior tranquilidade do eleitor pobre de Porto Velho. A cidade sempre esteve abandonada desde 1914. E atualmente está insatisfeita com a política, mesmo sendo um lugar dominado pela direita e pela extrema-direita reacionárias. A currutela tem hoje uns 520 mil habitantes. Mariana obteve 111.329 votos. Léo 64.125. Mas a abstenção, votos brancos e nulos foi o maior vencedor com 112.235 votos. Nasceu aqui? Escolha Porto Velho, descarte Léo e Mariana!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.