Foram
434 mortos e desaparecidos!
Professor Nazareno*
Isso
sem falar em quase 2 mil torturados. Foi esse o triste saldo da terrível,
antidemocrática, cruel, infame, tosca, covarde e assassina Ditadura Militar que
governou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985. O golpe foi dado no dia 31 de
março e jogou o país numa escuridão política de mais de duas décadas. Há exatos
60 anos, a elite retrógrada e reacionária do país usou as Forças Armadas para
golpear as instituições democráticas e instalar um dos regimes mais asquerosos
e sanguinários de que se tem notícia. Em plena Guerra Fria, que opunha
capitalismo e comunismo, os Estados Unidos, com medo do surgimento de uma nova
Cuba no continente e ainda escaldados com a recente crise dos mísseis com a
ex-União Soviética em 1962, patrocinam regimes de exceção em todo o continente,
contando para isso com os governos locais e a ajuda das elites anticomunistas.
A partir de 1963, do México
à Terra do Fogo, no extremo-sul da Argentina, os ianques apoiam e instalam
regimes militares ditatoriais subservientes a Washington. No Brasil, o terror
começou em 1964. Os grandes empresários nacionais como Amador Aguiar do
Bradesco, Roberto Marinho da Rede Globo, Olavo Setúbal do Itaú, Sílvio Santos,
Paulo Maluf, dentre muitos outros industriais, grandes investidores e também
latifundiários, todos com medo do comunismo, “usaram” os
militares para consumar o vil golpe de Estado naquele fatídico ano. Para proteger
as riquezas da elite nacional, os milicos não pensaram duas vezes para romper
com a ordem democrática vigente e implantaram um regime de exceção com mortes,
perseguições a oposicionistas, torturas, exílios, assassinatos e censura. E tudo
isso para “salvar a democracia”. E assim foi feito!
Com a força dos tanques e
das baionetas, os militares investem contra todos os que não concordam com o seu
projeto de governo espúrio. Sem terem tido um só voto para governar o país, os
fardados proíbem algumas eleições diretas, fecham o Congresso Nacional, cassam
opositores e criam, depois, a figura do senador biônico. Presidente da
República, governadores dos Estados, prefeitos das capitais e das cidades
consideradas por eles como “área de segurança nacional” não tinham mais
eleições diretas e todos os “eleitos” desses lugares eram antes escolhidos,
claro, pelos militares e também pelos “seus amiguinhos”, os caciques
locais. Até uma oposição de araque os militares souberam escolher: foi o MDB, o
Movimento Democrático Brasileiro, que fazia uma “oposição de mentirinha”
à ARENA, a Aliança Renovadora Nacional, o partido dos militares e da elite.
O governo militar criou
também os famosos DOI-CODI, centros de torturas a oposicionistas. Lá, críticos
do regime e adversários políticos eram submetidos a sessões intermináveis de
interrogatórios e muitos deles foram friamente assassinados. O coronel do
Exército, Carlos Brilhante Ustra, herói do ex-presidente Jair Bolsonaro,
comandou por muito tempo um desses centros de terror. O jornalista Vladimir
Herzog, o operário Santo Dias e também vários outros cidadãos brasileiros que
não concordavam com a truculência do regime militar imposto no país foram
mortos depois de serem torturados. A censura às músicas, ao cinema, teatro e às
artes também foi usada como “programa de governo” por essa gente dos
quartéis. Filmes, novelas, músicas e as peças de teatro só tinham a exibição
garantida se passasse antes pelas mãos de um censor. Por isso, não há o que se
comemorar neste 31 de março. Só lamentar. Golpe não se comemora. Repudia-se!
Ditadura? Jamais!
*Foi Professor em
Porto Velho.