domingo, 27 de outubro de 2024

Meus pêsames, Léo Moraes! (2)

Meus pêsames, Léo Moraes! (2)

 

Professor Nazareno*

 

Por que o senhor está tão alegre e rindo? Devia era chorar! Eu sou um pagador de impostos e morador há quase 44 anos desta “antessala do inferno” e me achei no direito de lhe dizer umas verdades. E nada de parabéns! Meus pêsames! Fosse eu, estaria muito preocupado com este “presente de grego”, pois vai administrar a pior capital do Brasil em IDH. Carniça, lixo, catinga, sujeira, fedentina, bosta, esgoto a céu aberto e imundícies é só o que se observa nesta cidade. Fico muito triste pelo senhor, pois pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Porto Velho é uma currutela imunda, que sempre foi fedorenta, sem árvores, escura, violenta, sem praças, feia, sem esgotos, sem água tratada e cheia de gente pobre, de direita e mal educada e por isso não é um lugar ideal para se fazer política. Mas me escute e talvez o senhor possa ter um pouco mais de sorte pelos próximos quatro anos.

Seja tolerante com os pobres se quiser ter algum sucesso. Não faça a bobagem de, só por ambição política, esconder que pertence à casta privilegiada de Porto Velho. E não se candidate a outro cargo nas eleições de 2026. Não brigue com os ricos, eles são a “Casa Grande” daqui e não menospreze a esquerda local: ela lhe deu quase 40 % de seus votos. Não arrume a cidade, sem necessidade. Nunca diga que os 8 anos de administração do Dr. Hildon a deixou em frangalhos e toda desarrumada. Parte da elite rica que lhe apoiou não vai gostar. Porto Velho sempre foi uma grande merda, uma latrina, e ninguém acreditará nesta lorota, já que todos estão acostumados. E nunca faça decoração natalina com pneus velhos. O povão detesta! Parte da população daqui é de gente simplória, pobre, sem leitura de mundo, direitista e reacionária que crê em Deus, Cristo, Natal e Papai Noel.

Capriche muito em todas as decorações natalinas, portanto! Não mande arrancar nenhuma das poucas árvores da cidade como fizeram com as da Avenida Tiradentes. Se tiver que construir ruas e avenidas, faça-as todas retas e lineares. Rua torta como a Santos Dumont lembra administração municipal também torta. Se puder, more sempre em Porto Velho e diga todo dia que ama a cidade, mesmo que seja mentira. O pessoal daqui gosta de ser enganado. O porto-velhense diz que adora ver limpeza. Mas por que a cidade é tão suja, fedida e imunda? Plante árvores, faça jardins nas poucas praças daqui e nunca se esqueça de aguá-los durante o verão. Não minta em vão: acabe com as alagações, o caos e a fumaça das queimadas. E não prometa fazer hospital “Built to Suit”. Cuidado com a arborização, a boa mobilidade urbana e outras façanhas. “Beiradeiros” não gostam disso.

Nada de oposição. Compre todos os 23 vereadores recém-eleitos e não se esqueça de gratificar a parte da mídia marrom que lhe apoiou. Cuidado com a sua vice. Apesar de ela ser uma “Mulher de Deus”, não confie muito. Não permita que ela passe quatro anos recebendo um baita salário para fazer o mesmo que o prefeito: nada. Não votei no senhor, Léo Moraes, e nem na Mariana Carvalho! Sempre voto no “menos ruim”, mas neste caso era impossível: vocês dois são péssimos e nenhum merecia o meu voto. Tente fazer desta cidade, senhor futuro prefeito, um lugar bom para se morar. Não permita mais que eu continue me envergonhando ao trazer parentes meus da civilizada Curitiba e da limpa Foz do Iguaçu para visitar esta maldita curva de rio. Sei que o senhor pode não conhecer bem esta cidade, mas tire Porto Velho da última colocação em saneamento e IDH no Brasil. Construa um bom hospital municipal de pronto-socorro e demita todos os comissionados!




*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Mariana vai perder nos pênaltis?

Mariana vai perder nos pênaltis?

 

Professor Nazareno*

 

            Se as eleições de Porto Velho em 2024 fossem comparadas a uma partida de futebol, poderíamos dizer que o time favorito pode ser derrotado na partida decisiva depois de liderar com folga todo o campeonato. Mariana Carvalho do União Brasil teve no primeiro turno quase o dobro de votos do segundo colocado, o ex-deputado federal Léo Moraes, do Podemos. A diferença entre os dois foi de exatamente 47.204 votos num universo bem restrito de apenas uns 250 mil votos válidos. A situação favorável e otimista da candidata do União Brasil era tão boa que muita gente já a apontava como a provável vencedora das eleições ainda no primeiro turno. Léo sequer era favorito para ir para o turno seguinte. Muitos eleitores diziam que se houvesse segundo turno, deveria ser entre a ex-juíza Euma Tourinho do MDB contra a própria Mariana. Porém, a lógica se inverteu.

            Léo Moraes, o patinho feio dessas eleições, não só vai disputar o pleito decisivo como aparece em várias pesquisas como o provável vencedor. Com pouco mais de 25% no primeiro turno, ele já alcança cifras superiores aos 45 por cento e passa a ser cotado como o possível vencedor no próximo domingo. Mariana Carvalho fez 44,5% no primeiro turno e parece que estacionou nesse patamar. Léo praticamente cresceu em todos os segmentos da população e ao contrário de Mariana, não quis jogar na retranca só para garantir o resultado. Com habilidade, se mostrou como o candidato do povo e mesmo se definindo como sendo de centro-direita, pode ter capturado muitos dos mais de 92 mil votos de eleitores porto-velhenses que fecharam com Lula e o PT em 2022. Porto Velho e Rondônia não têm muitos candidatos petistas, mas existem vários eleitores da esquerda.

            Além do mais, Mariana Carvalho fez conchavos com todo tipo de gente. Se eleita, pode ter sérios problemas para acomodar todo esse pessoal a começar pelos 23 vereadores eleitos. Certa da vitória, que agora está seriamente ameaçada, a candidata do União Brasil se deu ao luxo de não querer participar do último debate na “Globolixo”. O tiro saiu pela culatra. Muita gente não gostou dessa atitude. Mariana tirou fotos com o inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro. O que pensaram, por exemplo, os mais de 92 mil eleitores do PT e do Lula que certamente ainda existem em Porto Velho? Até a própria direita já está querendo se livrar do “Bozo” e Mariana, talvez numa atitude impensada e incoerente tenta trazer para a nossa realidade alguém que não vai influenciar em absolutamente nada na rotina da cidade. Passadas essas eleições, o ex-presidente pode até ser preso pelo que fez.

            Diferente do Léo Moraes, Mariana não teve carisma suficiente para encantar parte do eleitorado indeciso. Ela não conseguiu sequer se desgrudar da figura do prefeito Hildon Chaves nem do Governador Marcos Rocha, seus patrocinadores. Muita gente está farta do Dr. Hildon, que depois de oito anos administrando a cidade, nada fez em benefício de Porto Velho. Não fez um só centímetro de rede de esgotos e nem melhorou a oferta de água tratada à população. Porto Velho nunca foi considerada a pior dentre as 27 capitais do Brasil para se viver. Isso só aconteceu nesta atual administração. E ainda temos o pior ar para se respirar e o pior hospital público do país. Já o governador sequer conseguiu construir o “Built to Suit” para o sofrido e pobre eleitor daqui. O povo não é tão burro assim, não: se sente enganado e percebe as falsas promessas. Correndo por fora, Léo só cresceu e pode ser prefeito sem ter um só vereador aliado. Será que vai dar zebra?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Porto Velho tem esquerda, sim!

Porto Velho tem esquerda, sim!

 

Professor Nazareno*

 

            Costuma-se dizer que em Porto Velho, a suja, imunda e fedorenta capital de Roraima, o eleitorado é todo da direita e da extrema-direita, assim como acontece em todo o pobre, distante e incivilizado Estado de Rondônia. Pensa-se erradamente que aqui quem sempre mandou e ainda manda em tudo é o capital, o agronegócio, os empresários e também a elite rica e poderosa. Claro que não! Em Porto Velho existem muitos eleitores de esquerda, sim! Para se ter uma ideia, o PT e o presidente Lula obtiveram em 2022, na última eleição para Presidência da República, nada menos do que 92.636 votos num universo que hoje beira apenas os 250 mil votos válidos. Se somar esses votos com a atual abstenção, teremos quase 200 mil votos na esquerda. Isso porque, presume-se, que quem não foi às urnas não estava satisfeito com a atual situação política dessa cidade. Verdade?

            Por isso, se eu fosse o Léo Moraes ou a Mariana Carvalho não menosprezava de jeito nenhum esses votos da esquerda em Porto Velho. Claro que tanto um quanto o outro candidato a prefeito da “Capital da Seboseira” são da direita e da extrema-direita reacionárias. Mariana Carvalho fez até “fotinhas” ao lado do inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto Léo foi diretor do Detran do governador bolsonarista Marcos Rocha. Ambos, são, portanto, ricos, abastados e da elite. Nunca viram pobreza, miséria e falta de recursos em suas vidas.  Desconfio até que nenhum deles nunca pegou o Interbairros ou o Circular 2 para se deslocarem pela cidade. Acho que eles jamais compraram roupas em avenidas como a Jatuarana na zona Sul ou a José Amador dos Reis na zona Leste. Léo e Mariana devem ter bons planos de saúde para não terem que ir ao “açougue” João Paulo.

            Abrir mão desses votos é suicídio político na certa. Acho até que alguns dos atuais vereadores não foram reeleitos porque aderiram rapidamente ao prefeito Hildon Chaves e entenderam que não tinham sido eleitos com os votos também da esquerda. Claro que a esquerda de Porto Velho não é forte o suficiente para eleger candidatos. Mas nunca é demais se lembrar da eleição da senadora Fátima Cleide e também do ex-prefeito Roberto Sobrinho, que foi injustiçado e punido arbitrariamente para não se eleger governador do Estado. O atual prefeito, o Dr. Hildon, que é da ultradireita conservadora, conseguiu com que todos os vereadores da atual legislatura ficassem do seu lado. E se Mariana Carvalho for eleita, terá também a seu favor todos os 23 vereadores que foram recentemente eleitos. Na Prefeitura de Porto Velho se administra sem ter oposição, como nas piores ditaduras.

            Eu não sou de esquerda, como muita gente pensa. Apenas entendo que qualquer governante tem que ter o bom senso de governar para todos os cidadãos, independente da questão ideológica. Até porque em Porto Velho grande parte do eleitorado não sabe o que significa direita ou esquerda na política. Como no restante do país, o analfabetismo político e a falta de leitura de mundo é o que mais se observa. O cidadão eleitor quer boa mobilidade urbana, quer certamente ruas mais limpas e cuidadas, rede de esgotos, oferta de água tratada, boa arborização para diminuir o calor, IPTU mais barato, quer também recantos de lazer como praças, menos fumaça para respirar e bons hospitais para lhe atender. E precisamos muito de saneamento básico, que a cidade não tem. Por isso, o vencedor, qualquer que seja o ungido pelas urnas, deve ficar atento a essas demandas. Léo ou Mariana estarão prontos para dar isso ao cidadão daqui? É o que esquerda defende!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Atenção, senhores vereadores!

Atenção, senhores vereadores!

 

Professor Nazareno*

           

            Porto Velho, a podre, fedorenta e imunda capital de Roraima, elegeu agora em 2024 pelo menos 23 vereadores para o próximo mandato eletivo, ou seja, dois a mais do que a administração passada. Destes, pelo menos sete deles, sem nem se saber direito o porquê, foram reeleitos e dezesseis foram eleitos pela primeira vez. O trabalho de um vereador é muito importante para qualquer município. É, enfim, a Câmara Municipal por meio do Poder Legislativo que ajuda o prefeito eleito a enfrentar e corrigir os problemas reais da cidade. E Porto Velho está repleta de dificuldades e de complicações. Com aproximadamente 520 mil habitantes na sua área urbana, a cidade foi considerada pelo Instituto Trata Brasil como sendo a pior dentre as 27 capitais do Brasil em saneamento básico e água tratada. Vergonha: e tem também o pior ar para se respirar em todo o país.

            O pior hospital público do Brasil também está aqui em Porto Velho. Trata-se do “açougue” João Paulo Segundo. Mesmo estando na responsabilidade da esfera estadual, esse logradouro tem que ter a contrapartida do município uma vez que é o único hospital de pronto-socorro existente nesta suja capital. Todos os 23 vereadores recém-eleitos deviam se preocupar em tentar construir um bom hospital para o município onde eles vão atuar. Vereador atuante tem que trabalhar para melhorar a vida de todos os munícipes, independente de quem votou neles ou não. Eu, por exemplo, não votei em nenhum desses vereadores aí eleitos. Votei no professor Aleks Palitot, mas ele não se reelegeu. Aqui em casa votamos também na Neidinha Suruí que também não foi eleita. Mas todos os eleitos são vereadores do município onde vivo com a minha família e onde pago altos impostos.

            Por isso, vou cobrar algumas providências de todos eles, assim como eu cobrava do professor Palitot e era prontamente atendido. Vereador não tem que atender somente as demandas individuais dos seus apoiadores. Têm que se preocupar com o coletivo, com a cidade inteira e com todos os seus distritos. Nada de arranjar emprego comissionado e outras benesses para uns poucos privilegiados que os ajudaram na campanha. Nada de fazer conchavos espúrios com o prefeito eleito. Vereador tem que pensar grande. Deve colocar como objetivo maior toda a cidade, que é tão castigada a nível nacional. O que fazer para que a “Capital da Seboseira” não seja tão mal falada nacionalmente por falta de qualidade de vida para seus moradores? Como pode um vereador se acomodar diante do fato de sua cidade não ter saneamento básico nem água tratada para os seus habitantes?

            Senhores vereadores eleitos de Porto Velho! Trabalhem e lutem em sua gestão para desmentir o Professor Nazareno. Não deixem que ele publique mais essas matérias horrorosas que saem sobre essa explorada e distante urbe. Façam com que os números dela melhorem. A “Capital das Sentinelas Avançadas” nunca esteve em último lugar em IDH nacional. E por que chegou a esse nível? Trabalhem para melhorar o porto rampeado lá no rio Madeira, que foi doado pela Santo Antônio Energia. Aquilo ali é uma vergonha sem tamanho. É um descalabro só. É um acinte. Vejam o problema da escassez de voos no acanhado aeroporto Jorge Teixeira. Lutem para que se tenha uma melhor arborização e também mobilidade urbana na cidade. Lutem para que não haja mais queimadas nem tanta fumaça criminosa. Água tratada, saneamento básico e lixo são problemas de quem foi eleito. E vocês não se envergonham de Porto Velho ser a merda que é, não? Paciência!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O furacão e as queimadas

O furacão e as queimadas

 

Professor Nazareno*

 

            Praticamente na mesma época do ano, entre os meses de julho e outubro, e todos os anos, esses dois fenômenos são verificados respectivamente tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A diferença entre eles está na maneira de se lidar com estas duas catástrofes. No primeiro mundo, os furacões são forças da natureza enquanto no Brasil as queimadas são o resultado de ações meramente humanas. Queimadas e furacões podem não ter relações entre si, mas com certeza quanto mais se destrói a natureza mais fortes são os furacões e também outros eventos climáticos. No Brasil, de um modo geral, parte do agronegócio, com apoio governamental, incendeia a floresta amazônica para poder produzir mais pasto para os seus rebanhos e também para exportar mais commodities. A fumaça tóxica toma conta do país, fecha aeroportos, provoca doenças e estabelece o caos.

            A postura das autoridades e das instituições diante desses fenômenos é o grande diferencial tanto aqui quanto lá nos Estados Unidos. Com alguns dias de antecedência, na América do Norte, os furacões são previstos e as autoridades começam logo os trabalhos de prevenção. Populações inteiras de dois, três milhões ou mais de pessoas são evacuadas imediatamente para outras áreas mais seguras do país. As cidades ficam completamente vazias e a Guarda Nacional, o Exército, as Forças Armadas, Defesa Civil, Igrejas, as companhias de aviação, os taxistas, Corpo de Bombeiros, polícias, guardas municipais, FBI e muitas outras forças da sociedade vão a campo para tentar amenizar a fúria da natureza e salvar o maior número possível de pessoas. Unidos e empenhados num objetivo comum, prefeitos, governadores e até o presidente do país não baixam a guarda.

            Já no Brasil, infelizmente, é tudo diferente. Muito diferente mesmo. Com relação às queimadas, por exemplo, todo mundo já sabia de antemão que a Amazônia iria arder sob o fogo. Nenhuma autoridade, absolutamente ninguém da sociedade tomou precauções para enfrentar o caos que veio. Este ano de 2024, a partir do mês de julho a fumaça tóxica invadiu Porto Velho, a suja e fedorenta capital de Rondônia, e ninguém sequer fez comentários sobre a desmantelo que se abateu sobre todos nós, pobres moradores e pagadores de impostos. Era época de eleições e os candidatos fizeram vistas grossas ao horror que estava se instalando. Praticamente nenhum deles se incomodou com o fato gravíssimo do fogo no bioma amazônico. Parece que eles estavam morando na Bélgica ou no interior da França: se fizeram de desentendidos e deram uma de “João sem braço”.

            Já pensou se um furacão da magnitude de um “Milton” chegasse a Porto Velho? Quem iria nos socorrer? Bombeiros? Câmara de Vereadores? A Assembleia Legislativa? O prefeito? O governador? Nossos três senadores? Os deputados federais? As Forças Armadas? Essas autoridades não evacuariam as pessoas diante de perigo nenhum. Elas evacuariam nas pessoas. Já pensou o preço dos alimentos nos supermercados daqui? Tudo pelo triplo. Passagens aéreas para fugir dos ventos catastróficos seriam somente para os ricos, os políticos e as pessoas privilegiadas. Um galão de água mineral custaria uns 100 ou 200 reais. Tudo destruído e o povão na merda. Bairros inteiros saqueados pelos ladrões e aproveitadores. De longe e já bem seguras, as “autoridades” davam ordens pela internet para quem tivesse a sorte de ter escapado. Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Nem Léo Moraes nem Mariana

Nem Léo Moraes nem Mariana

 

Professor Nazareno*

 

            Terminada a votação das eleições 2024 no primeiro turno em Porto Velho e nenhuma novidade se apresentou. A extrema-direita reacionária faturou tudo nas urnas. “Fez barba, cabelo e bigode” como se diz na gíria. Das 23 cadeiras para a câmara municipal da cidade, por exemplo, elegeu “somente” todos os 23 vereadores. Os dois concorrentes a prefeito(a) no segundo turno são respectivamente Mariana Carvalho e Léo Moraes. Ambos pertencem à elite endinheirada, abastada e rica e sempre foram pessoas privilegiadas dentro da nossa paupérrima sociedade. Mariana é paulistana de nascimento, já Léo é paranaense, nasceu em Foz do Iguaçu. Porém, os dois devem ser “rondonienses de coração”. E o eleitor porto-velhense, de certa maneira, não decepcionou: manteve tradicionalmente a sina de eleger só pessoas nascidas fora da cidade para lhe administrar.

            Léo Moraes foi diretor-geral do Detran/RO no atual governo Marcos Rocha. Já a Mariana Carvalho é apoiada publicamente pelo mesmo governador. Como haverá debates de verdade entre os dois nesse segundo turno? Como eles vão se enfrentar politicamente já que ambos pertencem à mesma vertente política e ideológica? Léo Moraes falando mal de Mariana e vice-versa será apenas um jogo de faz-de-conta. Desses que servem para enganar os otários. Léo Moraes é da direita e Mariana também. Os dois até se parecem com Marcos Rocha e Marcos Rogério, os dois bolsonaristas que disputaram o governo de Rondônia em 2022. E agora, quem vai vencer os debates para prefeito(a) de Porto Velho? Aquele que mais adular o governador Marcos Rocha e o seu guru Bolsonaro ou o que mais apresentar propostas para administrar a pior capital do Brasil em qualidade de vida?

            Abonados, opulentos, endinheirados e filhos de famílias poderosas, Léo Moraes e Mariana Carvalho parece que ainda não perceberam o “rabo de foguete” que vão herdar. Porto Velho é uma latrina suja e imunda e cuja maioria de seus habitantes sacia a sede literalmente com merda, pois a cidade, com mais de meio milhão de habitantes, não tem sequer água tratada para os seus moradores. Aqui se bebe água de poços imundos cavados ao lado de fossas rasas. Rede de esgotos, a cidade também não tem. Bosta escorre a céu aberto diariamente pelas fedorentas ruas da cidade. E isso do centro à periferia. Temos o pior hospital público do Brasil, o “açougue” João Paulo Segundo. E de quebra, temos também o pior ar para se respirar no país. Este ano mesmo, desde o mês de julho, que estamos respirando fumaça com monóxido de carbono e outras substâncias cancerígenas.

            Já que são do mesmo “ninho político”, tanto Léo quanto Mariana tinham que fazer um acordo entre eles para não se desgastarem em debates e brigas estéreis e de mentirinha. Para que enganar o povo ainda mais? Os problemas de Porto Velho têm que ser atacados de forma séria e precisam ser resolvidos independente de engodo e escolhas ideológicas. O governador Marcos Rocha, já que se dá bem com os dois “concorrentes de araque”, devia lhes ensinar como se faz um bom hospital “Built to Suit” para a maior tranquilidade do eleitor pobre de Porto Velho. A cidade sempre esteve abandonada desde 1914. E atualmente está insatisfeita com a política, mesmo sendo um lugar dominado pela direita e pela extrema-direita reacionárias. A currutela tem hoje uns 520 mil habitantes. Mariana obteve 111.329 votos. Léo 64.125. Mas a abstenção, votos brancos e nulos foi o maior vencedor com 112.235 votos. Nasceu aqui? Escolha Porto Velho, descarte Léo e Mariana!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O “paraíso” faz aniversário!

O “paraíso” faz aniversário!

 

Professor Nazareno*

           

            Dois de outubro foi o aniversário da paradisíaca Porto Velho. Ou será dia quatro? Com pouco mais de 500 mil moradores, a cidade desponta no cenário nacional e até internacional como uma das metrópoles mais aconchegantes do mundo. Porto Velho é uma dessas cidades inteligentes que oferecem praticamente de tudo para os seus felizes e sortudos habitantes. A procura de pessoas das outras regiões do país para fixar moradia definitiva por aqui é muito grande. Isso apesar de o Instituto Trata Brasil e também outras instituições terem publicado recentemente algumas “mentiras” sobre como é a vida neste entreposto da felicidade humana. Viver aqui é se deslumbrar quase diariamente com uma qualidade de vida invejável em todos os sentidos. Por isso, vê-se normalmente o sorriso no rosto de todos os rondonienses e também nos “rondonienses de coração”. É só alegria!

            São 110 anos muito bem vividos na cidade aniversariante. E vejam que por aqui nunca estiveram um Pereira Passos ou um Jaime Lerner. Nas muitas praças, nas largas avenidas e nos bairros mais distantes veem-se muitos coelhinhos saltitantes e também enormes borboletas azuis junto às crianças bem nutridas. Nem fumaça existe no ar que se respira nessa província. Deve ser por isso que o majestoso e belo hino do Estado de Rondônia diz de maneira verdadeira que “o nosso céu é sempre azul”. E apesar da seca gigantesca que castiga a Amazônia neste 2024, esse triste fenômeno sequer chegou à “Capital dos Destemidos Pioneiros”. Aqui a água é abundante. Toda e qualquer casa da cidade é bem servida com o precioso líquido. “Esse negócio de seca extrema é lá para as bandas do Nordeste pobre e miserável” dizem as autoridades. “Vivemos em um paraíso!”.

            Até na segurança pública, Porto Velho tem sido destaque nacional. A inteligência da polícia daqui já descobriu, por exemplo, quem incendiou a estátua de uma das lojas Havan da cidade. Brevemente todos vão saber quem provocou aquele triste episódio. Rede de esgotos e qualidade de vida são coisas até normais nesta capital. Ruas e avenidas largas com arborização impecável é mais o que se vê. A cidade terá brevemente uma nova rodoviária para conforto dos seus passageiros. O aeroporto local é um primor de tanta eficiência e comodidade. Seus inúmeros voos para todo o Brasil e também para o mundo inteiro mostram por que se trata de um bom aeródromo internacional. O moderno porto rampeado ali no rio Madeira é destaque regional. Modernas docas e barcos luxuosos e confortáveis dão o esplendor da magia que é viajar nesta Amazônia desconhecida e bela.

            Claro que Porto Velho tem também o “açougue” João Paulo Segundo. Um dos melhores hospitais públicos do país. A competente equipe de médicos, enfermeiros e funcionários que labuta ali diariamente devia ser indicada para algum Prêmio Nobel. A eficiência é a marca principal naquele logradouro público. O velho “açougue” porto-velhense se parece até com um “Built to Suit”. Dizem que quando o ex-presidente Jair Bolsonaro, o “inelegível”, esteve aqui, ficou encantado com a cidade inteira. Falaram que a ex-primeira dama disse que gostaria de um dia fixar residência na “capital das pessoas defumadas”. O presidente Lula e a ministra Simone Tebet também devem vir à cidade. É muito orgulho para uma simples capital de Estado. Nunca entendi porque a COP 30 será na decadente Belém do Pará. Devia ser aqui em Porto Velho, cidade de um povo educado, limpo, asseado e hospitaleiro. Por isso, do fundo de minha alma: Parabéns, Porco Velho!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 29 de setembro de 2024

Prefeito desse buraco quente?

Prefeito desse buraco quente?

 

Professor Nazareno*

 

            Eu não quero ser prefeito. De lugar nenhum, muito menos de um buraco quente e atrasado como é Porto Velho, a eterna capital de Roraima. A cidade é inabitável e conta hoje com pouco mais de 500 mil habitantes na área urbana. Em 2023 foi considerada a pior dentre as 27 capitais do país em qualidade de vida. Sua população diminui a cada ano que passa, pois já chegou a ter quase 600 mil habitantes em anos passados. O insólito lugar tem menos de três por cento de saneamento básico e só uns 30 por cento de água encanada. Localizada numa curva de um grande rio já assoreado e quase morto, não tem mobilidade urbana, não tem arborização, não tem áreas de lazer, não tem porto rampeado, o seu aeroporto quase não recebe aviões, o seu ar é irrespirável, tem o pior hospital público do Brasil e pode ser destruída a qualquer instante por duas represas que ficam à montante.

            Vereador, pior ainda! De maneira alguma eu teria a coragem de me candidatar. E se por acaso me indicassem a algo, desapareceria sem sequer tomar posse. Pertencer ao Legislativo municipal é compactuar com o prefeito ou a prefeita eleita. Hoje, dos 21 vereadores de Porto Velho, todos eles, ou seja, 100 por cento, estão ao lado do atual mandatário. Neste rincão atrasado não tem oposição e muito menos partidos de esquerda. É um reduto bolsonarista e praticamente só tem eleitores da direita e da extrema-direita. Isso apesar de ter grande parte de sua população vivendo na pobreza e na miséria. Muito diferente das outras 26 capitais do país, a suja e fumacenta Porto Velho praticamente não tem também times de futebol. Óbvio que estádios como aqueles que se veem nas grandes praças esportivas do país não existem por aqui. E faltar energia diariamente é uma rotina.

            Ser prefeito em Porto Velho deve ser de um desgosto profundo. Há muita coisa a se fazer na cidade, mas nada se faz. E ainda assim, o índice de popularidade dos políticos está sempre em alta. Ser prefeito em um lugar assim é até melhor do que ser Jesus Cristo. O Salvador só fez coisas boas para o seu povo e mesmo assim, terminou crucificado e morto. E pior: Ele quase não tinha aceitação popular. Prova disso é que quando Pôncio Pilatos lavou as mãos, a multidão decidiu poupar Barrabás, um notório criminoso, e não o “filho de Deus”. Mesmo assim, jamais eu me candidataria para ser o administrador desse inabitável buraco quente. A cidade ainda é pequena, mas tem um trânsito infernal e todo desorganizado. Transportes coletivos também não há, óbvio. Sem rede de esgotos, a água podre e fedida escorre a céu aberto. A coleta de lixo nem seletiva é. Por aqui tudo é favela!

            Então por que é que quase “todo mundo” quer ser prefeito ou vereador de um lugar tão desgraçado e amaldiçoado assim? Deve ser por que com índices de popularidade nas alturas, o caminho para ser governador, senador e até um deputado federal fica livre. Trabalhar pelo bem comum e pela melhoria do povo sofrido, esqueçam! Até agora os candidatos não falaram das reais soluções para a cidade como um bom hospital de pronto-socorro, mobilidade urbana, boa qualidade do ar, IPTU mais barato, coleta de lixo, saneamento básico, água tratada, porto rampeado, mais voos no aeroporto local e até arborização. Se Porto Velho fosse uma mulher, muitos de seus administradores já teriam sido enquadrados na Lei Maria da Penha, pois há 110 anos que a cidade é estuprada. Experiência internacional para a maioria dos porto-velhenses é apenas o lindo porto de Guayaramerín na Bolívia. Aliás, por que o Brasil não doa Porto Velho para os bolivianos?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Por que Porto Velho não presta?

Por que Porto Velho não presta?

 

Professor Nazareno*

 

            Primeiro, por que a sua população, de um modo geral, é muito acomodada. Não entende absolutamente nada de política e nem dela participa. Claro que os brasileiros de outras cidades do Brasil também não estão muito interessados por política. Porém, em alguns casos suas cidades são bem cuidadas, limpas, asseadas, com muitas áreas de lazer, com uma boa mobilidade urbana e às vezes até com qualidade de vida aceitável. Porto Velho é da direita e da extrema-direita reacionárias, enquanto nestas outras cidades existem parcelas de candidatos e também de eleitores da esquerda e até da extrema-esquerda. Os prefeitos, assim, têm oposição e os grupos contrários lhes cobram melhorias. Isso sem falar que na maioria dos casos os prefeitos são filhos legítimos da cidade que administram. Não só conhecem o seu próprio lugar como demonstram amor ao seu torrão.

            Porto Velho nunca foi administrada por um filho da terra. E olha que já teve em toda a sua história mais de 50 administradores. De maneira geral, os rondonienses e os porto-velhenses amam, adoram e enaltecem só as pessoas que são de fora, com exceção ao Professor Nazareno, claro. Os caras chegam aqui e na maior cara-de-pau já prometem amar, respeitar, cuidar, beijar e acariciar a cidade e todos logo caem na lábia mentirosa, infame e cretina. Geralmente não fazem nada para melhorar a cidade e saem com índices alarmantes de popularidade. Porto Velho é simplesmente a pior cidade do Brasil em qualidade de vida, tem o pior ar para se respirar, tem o pior hospital de pronto-socorro do país, não tem porto rampeado no rio Madeira, o aeroporto não funciona direito, não tem mobilidade urbana, é fumacenta, suja e fedida, mas o prefeito tem boa aceitação do povo.

            Os políticos daqui nada fazem, mas mesmo assim são aclamados pelo povão. Por isso, a desgraça continuará. Por isso, Porto Velho não tem mais jeito. O povo geralmente não cobra nada de seus representantes. É incrível como em Rondônia e em Porto Velho a maioria das pessoas vive na merda, porém todos ficam acomodados, alegres e felizes. Durante os meses de verão, por exemplo, só respiramos fumaça tóxica, monóxido de carbono, fuligem e basicamente não cobramos nada a ninguém. Uma ou outra autoridade diz que vai fazer alguma coisa, mas até agora Porto Velho está encoberta pela fumaça assassina e nenhuma providência foi tomada. Parece até que a felicidade já tomou conta de todo mundo nessa cidade sitiada. Se pelo menos dez eleitores ligassem para os seus deputados, talvez eles se mexessem. “Se ninguém cobra nada, então ninguém nada faz”.

            O eleitor de Porto Velho, de um modo geral, não liga para seu candidato cobrando melhorias para todos. Não tem sequer o contato dele. Pior: não tem também, na maioria dos casos, consciência ambiental. Aqui quase todos os habitantes querem a revitalização da assassina e antiambiental BR-319 achando que a mesma vai trazer melhorias para todos. Ledo engano! Com ela virá é muito mais fogo, mais fumaça, mais devastação e piora na qualidade de vida de todos nós. Se for feita uma pesquisa, muitos dos porto-velhenses querem também a reabertura no garimpo do rio Madeira sem se incomodar com o fato de que não só esse garimpo mortal, mas também essas hidrelétricas já assorearam e praticamente já mataram o velho Madeira. Como pode um lugar desse ter jeito? Como pode um lugar desse prosperar? É o agronegócio incendiando a floresta amazônica, os políticos sem fazerem nada, mas todos tendo apoio do povo. Só falta é chover merda aqui.

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 22 de setembro de 2024

E por que eu choro tanto?

E por que eu choro tanto?

 

Professor Nazareno*

 

            Estou de olhos inchados. Acho que é de tanto chorar. E não sei ainda qual o porquê de tanto desgosto, de tanta infelicidade. Preocupada, minha esposa pediu para que eu fosse a um médico. Chorei mais ainda, pois teria que ir a um certo “açougue” que fica na zona sul da cidade. Só que até conseguir ser consultado por lá, já esterei cego. Com a vacinação em massa, a pandemia do Coronavírus praticamente já acabou, mas ainda estou usando máscara para filtrar o ar que respiro. Estou com medo de estar com pneumonia, já que estou tossindo muito e com os peitos chiando e sob intensa pressão. Minha saúde não anda boa, preciso de uma rezadeira para me espantar esse “mau olhado”. Preciso urgentemente de socorro, de ajuda. Razões para chorar todos nós que moramos em Porto Velho, a currutela fedida e agora fumacenta, todos nós temos de sobra. E nada nos acalma.

            Lamento por causa da fumaça que dilacera a cidade e todo o Estado de Rondônia. Uivo por que ninguém faz nada para combater esse caos. Praticamente todas as autoridades, muitas delas chorando muito também, até agora não fizeram absolutamente nada para pelo menos amenizar a situação. Até as Forças Armadas do Brasil, que dizem estar na região somente para defender a Amazônia, nada fizeram. Os bravos soldados continuam pintando as calçadas e o meio-fio dos quartéis, cujas instalações estão, claro, também cobertas por fumaça e fuligem. É que o presidente Lula não pediu até agora aos militares nenhuma missão para combater incêndios e nem fumaça. Nem Lula nem a ministra Marina Silva do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Desde julho estamos respirando monóxido de carbono. Com orgulho, temos o pior ar para se respirar no Brasil.

            Por isso, eu choro. Choro pela incompetência dos políticos locais, choro pela extinção quase certa da Amazônia e choro também muito pelo majestoso rio Madeira. Os rondonienses mataram esse pobre rio sem que ele tivesse feito nada. Não deram a ele nem a chance de se defender. Coitado! Sofro por que Porto Velho não tem sequer um “Built to Suit” para atender melhor aos seus contribuintes asfixiados pela fumaça. Choro pelas crianças, velhos e os portadores de doenças respiratórias. Grito pelos muitos porto-velhenses que, inebriados e conformados na sua ignorância política, não questionam seus representantes nem pedem nada deles para melhorar a coletividade. Choro pela falta de esgotos e de saneamento básico na pior cidade do Brasil em IDH. E choro principalmente porque não se veem perspectivas de melhorar qualquer coisa pelos próximos quatro anos.

            Quero ir embora de Porto Velho como já fizeram muitos rondonienses e também muitos “rondonienses de coração”. Sei que meus dois ou três leitores vão adorar essa ideia. Acham eles que vão se livrar dos meus textos. Mas não posso, pois além de não ter dinheiro suficiente para viajar de avião, não existem voos no acanhado aeroporto dessa cidade amaldiçoada. A fumaça tem cancelado voos quase todos os dias. Soluço também por que Porto Velho está totalmente isolada. Queria sair pelo rio Madeira, mas com o rio já quase morto, os barcos deixaram de fazer suas viagens regulares. E se meu ídolo Jair Bolsonaro não puder vir à “Capital dos Destemidos Pioneiros”, na próxima quarta-feira, aí posso até me suicidar de tanto desgosto. O “inelegível” vem observar de perto como um povo sofrido, pobre e necessitado ainda consegue ser da direita reacionária. Clamo por que os eleitores sofrem da síndrome de Estocolmo e todos riem como hienas sádicas.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Um juiz na cidade estuprada

Um juiz na cidade estuprada

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem exatos 524 anos de existência. Já Porto Velho, a suja, fedorenta e imunda capital de Roraima, tem apenas 110 anos. Guardadas as devidas proporções, se o Brasil fosse uma senhora madura, na casa dos quarenta ou cinquenta anos, a “Capital da Seboseira” teria somente entre dez e quinze anos. A diferença é que Porto Velho é estuprada sistematicamente desde o seu nascimento. Uma jovem menor de 14 anos é seviciada, usada e violentada pelos seus moradores e administradores sem que ninguém faça absolutamente nada para enfrentar o crime de abuso sexual contra ela. Porto Velho não é uma cidade rica, abastada, opulenta. Pelo contrário, é paupérrima e sempre viveu em condições insalubres e com sérias privações econômicas. É hoje, a pior dentre as 27 capitais do Brasil, além de ter o pior ar para se respirar. Sem IDH, sempre viveu à míngua.

            Se a “Capital das Sentinelas Avançadas” fosse mesmo uma mulher, todos os seus administradores já teriam sido enquadrados na Lei Maria da Penha. E como no Brasil manter relações sexuais com uma jovem menor de 14 anos, mesmo com o consentimento dela, é crime de estupro previsto em lei, muita gente já devia ter sido punida. Mas até agora ninguém pagou absolutamente nada por “ter transado” com esta maldita currutela fedida, com esta curva de rio. Estamos precisando de um bom juiz, ou até mesmo de uma juíza, para acabar com estas agressões horrendas a essa bela “jovem” que não pode se defender. Com mais de um século de existência, Porto Velho não tem sequer três por cento de esgotos e nem saneamento básico. Não temos um porto rampeado no outrora caudaloso rio Madeira, não temos hospital de pronto-socorro e somos a latrina do Brasil.

            O desleixo é tão grande com a jovem cidade que nos meses de junho a setembro é preciso usar máscaras para poder se respirar o ar poluído pelas queimadas na Amazônia. É tanta fumaça tóxica que os precários hospitais se enchem de velhos e crianças. Apesar da pouca idade que tem, Porto Velho é, infelizmente, uma das putas mais ratuínas, baratas e ordinárias que existem. É que ela cai facilmente na lábia de qualquer aventureiro. Outro dia, por exemplo, vimos mais um forasteiro lhe dizer que ia abraçar, amar, beijar, acariciar e cuidar dela. A otária acreditou na mentira e se lascou toda. Nem um centímetro de rede de esgoto foi feita nela, várias árvores foram simplesmente arrancadas, não lhe deram mobilidade urbana e em 2023 foi considerada pelo Instituto Trata Brasil como uma cidade totalmente insalubre, doentia, sem condições de moradia. Enfim, um rincão bem atrasado.

            A jovem e bonita Porto Velho precisa de um magistrado, ou magistrada, que lhe esclareça melhor as coisas, que lhe “abra” a cabeça, que lhe faça acordar deste triste pesadelo de estupros coletivos e ininterruptos desde 1914. Pode até ser alguém oriundo de castas sociais mais ricas e privilegiadas. Mas alguém que de fato a ame fielmente e lhe dê carinho e atenção de verdade. Porto Velho precisa de mais limpeza, precisa de água tratada para cem por cento de sua gente, de esgotos e saneamento básico, de um bom hospital de pronto-socorro, de um porto rampeado, de mobilidade urbana e de uma boa arborização. É uma puta pobre, uma meretriz explorada, assediada, estuprada, violentada, mas é um ser humano como outro qualquer e merece atenção e respeito. Precisa de mais praças, de flores nas ruas, de limpeza e de mais cuidados. Vão escolher um novo cuidador para a “putinha”. Existirá alguém habilitado ou vamos continuar estuprando-a todo dia?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.