Zezé
di Camargo: É o amor!
Professor
Nazareno*
O
cantor sertanejo Mirosmar José de Camargo, mais conhecido como Zezé di
Camargo, já emplacou muitos sucessos no Brasil cantando com o seu irmão
Luciano. A dupla caipira já enfeitiçou multidões inteiras com suas muitas
músicas bregas e tem até um filme muito bom sobre a carreira de sucesso dos
irmãos goianos: “2 Filhos de Francisco”. A fita conta a
história de sucesso da dupla e chegou a conquistar muitos prêmios. O filme de
Zezé di Camargo foi um fenômeno de bilheteria e crítica, ganhando diversos
prêmios, principalmente no Grande Prêmio Cinema Brasil (2006),
onde venceu em 4 categorias e recebeu outras 8 indicações, além de troféus
no Festival de Havana (Melhor Filme) e Palm
Springs, consolidando-se ali
como um dos maiores sucessos do cinema nacional. Até hoje mais de 6 milhões de espectadores já viram
a fita.
Com muita competência e
o sucesso garantido, a dupla de Pirenópolis/GO não demorou para ficar rica. E
desnecessariamente passou a participar da política e também a dar declarações,
principalmente o Zezé di Camargo. Primeiro, falou que no Brasil nunca houve uma
ditadura militar, apenas uma espécie de “militarismo vigiado”
sem explicar quem vigiava quem. Ele se esqueceu de que no próprio filme “2
filhos de Francisco” há uma cena que fala claramente sobre a
existência de uma feroz ditadura militar no Brasil, que censurava músicas e
artistas como ele. Fracassado em tentar negar a História, mais recentemente
Zezé se aliou a Bolsonaro e ao bolsonarismo.
E deixou claro que hoje pensa como pensam os muitos ricos e milionários que
militam na extrema-direita reacionária. Esqueceu, portanto, os dias de pobreza
e problemas que deve ter vivido antes do sucesso.
Zezé
di Camargo tem todo o direito de ter uma posição política, assim como qualquer
outro brasileiro. Mas devia refletir que a sua arte é apreciada tanto por um
lado político quanto por outro. Pessoas que gostam de suas músicas são tanto da
direita como também da esquerda. Ele vende seu talento para todas as pessoas e
não apenas para um lado só. Esta semana, ele gravou e publicou um desastrado
vídeo reclamando que a emissora SBT, das herdeiras de Sílvio Santos, convidara
o presidente Lula e o Vice-presidente do STF, Alexandre de Moraes, para
participar do lançamento do SBT News. O SBT também convidou Tarcísio de
Freitas, governador de São Paulo, e o prefeito da capital paulista, Ricardo
Nunes, ambos pertencentes à extrema-direita conservadora. A presença de Lula e
de Moraes incomodou e muito o cantor, que destilou ódio à esquerda.
Mirosmar
pediu que o SBT não apresente mais o especial de fim de ano que ele gravou para
a emissora e destratou publicamente as filhas do ex-apresentador. Perdeu,
infelizmente, uma excelente oportunidade para tentar acabar com essa
polarização absurda que tanto mal faz à vida pública no país. Como um artista
de reconhecimento nacional, ele poderia ter ficado calado para evitar colocar
mais lenha na fogueira das desavenças políticas. Essa polaridade só tem trazido
prejuízos e desarmonia para o Brasil. Devia fazer como o “Vei” da
Havan: sair de cena. Jair Bolsonaro, o “Mito” de
muitos brasileiros, foi julgado, condenado e hoje está preso cumprindo pena
pelo que disse e tentou fazer. Ponto final! O ódio não leva à nada, só a mais
divisões nas famílias, na sociedade e nos brasileiros de um modo geral. Zezé di
Camargo devia regravar o seu primeiro sucesso e mudar toda a conotação da
música. “É o ódio”, em vez de “É o amor”.
*Foi Professor em Porto
Velho.

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