Os
Estados Unidos do Brasil
Professor
Nazareno*
“Os
países não têm amigos nem inimigos. Os países têm interesses”. Essa frase
antológica do ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill dá a dimensão
exata do que está acontecendo hoje nas relações diplomáticas e comerciais entre
o Brasil e os Estados Unidos. De um lado, está o polêmico presidente
norte-americano, Donald Trump, republicano e expoente maior da extrema-direita
mundial e do outro está o presidente do Brasil, o ex-metalúrgico, petista e
socialista Luiz Inácio Lula da Silva. O Trump está governando o seu país pela
segunda e última vez. Já Lula governa o Brasil pela terceira vez e segundo
pesquisas divulgadas recentemente está cotadíssimo para ser reeleito no próximo
ano. Muito mais do que a dicotomia entre direita e esquerda, os dois
mandatários reúnem-se “para aparar arestas” impostas pelos
EUA com relação às tarifas comerciais.
Os
Estados Unidos são hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil perdendo
somente para a China. O nosso país, por sua vez, tem hoje um déficit comercial
com os norte-americanos, que impuseram tarifas de até cinquenta por cento em
muitos produtos brasileiros, inviabilizado dessa forma a normalização comercial
entre as duas maiores democracias do mundo ocidental. Donald Trump pode ter
imposto essas tarifas levando em consideração “alguns problemas internos”
do Brasil, principalmente na área política. O julgamento e a já certa prisão do
ex-presidente Jair Bolsonaro é uma dessas questões internas. Ignorando a
soberania brasileira, o presidente dos Estados Unidos tentou reverter algumas
decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil em relação a algumas dessas
questões. Trump não percebeu, mas pode ter dado um tiro no próprio pé.
O
Brasil é atualmente, ao lado dos Estados Unidos e da China comunista, um dos
maiores produtores de alimentos do mundo. Por isso, algumas tarifas impostas de
forma unilateral, fizeram encarecer alguns produtos lá no mercado
norte-americano. Há boatos de que a carne bovina, por exemplo, subiu em alguns
estados americanos mais de 40% e o café também experimentou uma alta significativa.
Muitos produtos exportados pelo Brasil para os EUA não têm mais condições de
aguentar uma tarifa tão elevada. A saída foi buscar novos mercados como o Sudeste
Asiático. E é exatamente o que o presidente Lula buscou fazer em sua recente
visita àquela região. Vietnã, Indonésia, Malásia e a própria China sempre
estiveram interessados nos produtos brasileiros. “Exportar sem as tarifas
é um presente que nos caiu do céu”, disse um importante embaixador
do Brasil.
E
Trump sentiu o baque nas bobagens que fez. Por isso, elogiou o discurso de Lula
na ONU, tomou a iniciativa de ligar para o petista e mais recentemente
concordou em se reunir com o nosso presidente esquerdista. O antes arrogante e
prepotente Donald Trump pode ter entendido a máxima “rei morto, rei
posto”. Assim, deve aceitar sem problemas a prisão de Bolsonaro e
quem sabe até expulsar dos Estados Unidos os traidores da pátria Eduardo Bolsonaro
e Paulo Renato Figueiredo, dentre mais alguns outros “patriotas de
mentirinha”. O presidente norte-americano não gosta do Brasil e nem de
Lula ou de Bolsonaro. Ele deve gostar dos Estados Unidos e do povo
norte-americano. “Mas se sancionar o Brasil está dando problemas para
eles, todas as tarifas devem ser retiradas imediatamente”, é o
raciocínio mais elementar possível. Com relação a Lula, percebe-se que o maior
cabo eleitoral do petista é o próprio filho do Bolsonaro. E o Trump
também!
*Foi Professor em Porto
Velho.

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