E
Porto Velho não alaga mais...
Professor
Nazareno*
Está
fazendo quase um ano que o senhor Leonardo Barreto se elegeu prefeito de Porto
Velho depois que “dançou” freneticamente em uma poça de água da chuva lá
no encontro das ruas Rio de Janeiro e Guaporé, próximas à zona leste da capital
mais suja e imunda do país. Essa dança aconteceu na noite anterior às eleições
que colocaram este paranaense de Foz do Iguaçu à frente da administração da
cidade. Barreto foi eleito prometendo tirar Porto Velho das últimas colocações
em IDH dentre as capitais do país. Um ano já se passou e até agora os
habitantes locais continuam “bebendo água de bosta”, como
observou uma das candidatas naquela campanha eleitoral. Há um ano, a capital
tinha apenas 2,8 por cento de saneamento básico e 34 por cento de água
encanada, apesar de ser banhada pelo enorme rio Madeira, um dos maiores rios do
mundo de água potável.
Dizer
que Porto Velho já não alaga mais, é uma maneira que parte da mídia encontrou
para adular o novo prefeito. Há, sim, ainda muitas áreas sensíveis que alagam
com uma chuva mais intensa. Principalmente nas periferias da problemática
cidade. O problema não foi resolvido. Hoje, a capital dos rondonienses ainda
continua com os mesmos 2,8 de saneamento básico e quem quiser beber água por
aqui tem que se valer dos poços cavados ao lado de fossas sépticas. Bosta
líquida em fartura. Muito diferente de Foz do Iguaçu, Maringá e algumas
outras cidades limpas, asseadas e com um IDH de fazer inveja a cidades do Primeiro
Mundo. Mas não sejamos tão injustos
assim: a sujeira da cidade até que diminuiu um pouco. Mas só onde a vista
alcança. Limpa-se em cima das ruas, mas a falta de esgotos encobre a sujeira e
as estatísticas sobre qualidade de vida.
Sem
saneamento básico, Porto Velho jamais será uma cidade limpa. Além do mais, aqui
nós temos ainda o “açougue” João Paulo Segundo, que faz as vezes
de hospital de pronto-socorro envergonhando a todos os munícipes, apesar de que
fazer um bom hospital não seja uma das atribuições do falante e “influencer”
prefeito Barreto. Mas por que não se fala em construir um pronto-socorro
municipal? Falemos também da falta de um porto decente no rio Madeira. Ir a
Calama e a outros distritos do baixo Madeira é um sacrifício enorme. Não há
porto rampeado e por isso tem-se que descer dezenas de degraus inseguros num barranco
escorregadio e íngreme. Uma verdadeira via-crúcis. O prefeito não viu isso
ainda? Por que o porto rampeado, doado pela Santo Antônio Energia, e que
funcionou muito bem durante uns dois anos, tem que ser administrado por Manaus?
Leonardo
Barreto tem só um ano administrando a “currutela fedida”,
dizem os seus defensores, mas os problemas são tantos e tão urgentes que
precisavam ser atacados de imediato. Trazer Joelma para cantar e divertir seus
admiradores e fãs não vai mudar em nada a realidade de ninguém. Nem trazer
limpeza nas vias públicas. Porto Velho precisa de trabalhos sérios na sua
infraestrutura e não só de “pão e circo”. Uma cidade
violenta, sem árvores e com pouca ou nenhuma mobilidade urbana precisa
deslanchar o mais rápido possível. Aqui até os voos no acanhado aeroporto local
são escassos e também caríssimos. Outra vergonha absurda: pessoas viajam para
Rio Branco e para Cuiabá se quiserem voos mais baratos. E os 200 milhões do Novo
PAC? Dentre as 100 maiores cidades do Brasil, em 2025 somos a última em IDH,
mas subimos uma posição em IPS, Índice de Progresso Social. Só ganhamos de
Macapá. Coitados dos amapaenses!
*Foi Professor em Porto
Velho.
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