Podemos
ser bombardeados?
Professor
Nazareno*
Depois
que explodiu a guerra entre Israel e o grupo radical Hamas, a pergunta que mais
intriga os porto-velhenses é se os acontecimentos lá no distante Oriente Médio
podem influenciar Rondônia e a sua suja e imunda capital. Será que os grupos
Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica podem, de uma hora para outra, direcionar a
sua ira para esta província atrasada e incivilizada do Brasil? Claro que não!
Esta possiblidade está totalmente fora de contexto, mas motivos não faltam para
que os radicais muçulmanos deem uma lição em nosso povo e também em nossas
autoridades. “Como pode uma capital de Estado ser tão suja e mal cuidada
como é Porto Velho?”, devem pensar os muçulmanos mais intransigentes. “Uma
cidade que não tem sequer um hospital de pronto-socorro para seu povo mais
pobre tinha que ser riscada do mapa”, pensam outros.
Um
daqueles líderes barbudos disse que esta cidade jamais vai ter um hospital de
verdade. Até a construção do novo hospital, que fez muita gente ganhar as
eleições, já foi paralisada. “Era de se esperar”, disseram. “As
autoridades desta cidade e também do Estado são muito incompetentes e gostam de
enganar a população pobre durante as eleições e por isso todas elas deveriam
ser castigadas”, argumentam os jihadistas. Além do mais, não existe nem na
cidade nem na província inteira qualquer resquício de oposição. Todos os
vereadores e quase todos os deputados estaduais fecham sempre com o seu Poder
Executivo inviabilizando dessa maneira a possiblidade de qualquer crítica ao
governante de plantão. Mas aumentar impostos como ICMS, IPVA, IPTU, dentre
muitos outros, é a coisa mais fácil que se vê por estes confins sem eira nem
beira. Haja deboche!
Uma
cidade que não tem rede de esgotos, não tem água tratada, nunca teve saneamento
básico e também não tem mobilidade urbana e cujas ruas são tortas não deveria
ser atacada de jeito nenhum. O caos já impera por aqui há muito tempo. Atacá-la
com mísseis e bombas seria castigá-la duplamente. Porto Velho já está destruída
e bombardeada há décadas. Além do mais, toda vez que a prefeitura coloca
asfalto em uma rua, a CAERO, Companhia de Água e Esgotos de Rondônia, destrói
tudo com a intenção de levar conforto para o contribuinte. Esse sim, que é um
bombardeio de verdade. Vejam, por exemplo, a rua torta chamada de
Santos Dumont lá na zona norte da cidade. Não plantaram uma única árvore nela
apesar do calor infernal que faz na cidade. Pior: eles fazem ruas por aqui só
com o asfalto e sem a menor esperança de ter saneamento básico.
Um
daqueles chefes radicais disse que um povo tão tosco como o rondoniense, que
presenteia os forâneos com energia boa e barata em detrimento de sua grande riqueza
ambiental, merece ser punido com rigor tanto por Deus como por Alá. O problema
é que bombardear o que já está destruído e acabado é pura perda de tempo. Esse
povo também matou o maior rio que tinha para “ter o prazer” de poder
pagar uma das contas de energia mais caras do país. Se Porto Velho fosse
bombardeada espalharia muita fumaça pela cidade, só que não faria tanta diferença
assim, pois os moradores já estão acostumados com a fumaceira e também com a
poeira de muitas de suas esburacadas ruas. Não há a menor necessidade de se
atacar essa província longe e incivilizada só porque ela é da extrema-direita apesar
de ter só eleitores pobres. Essa guerra no Oriente não chegará aqui, pois a nossa
batalha já está perdida. E mesmo sem o HEURO vamos continuar resistindo.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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