terça-feira, 10 de outubro de 2023

As “guerras” de cada um

As “guerras” de cada um

 

Professor Nazareno*

 

            O outrora todo poderoso Estado de Israel se viu, de uma hora para outra, perdido em mais uma das intermináveis guerras contra o seu costumeiro inimigo: os palestinos e seus grupos políticos radicais chamados no Ocidente de terroristas. Na surdina e sem quase ninguém perceber, o Hamas atacou o Estado judeu neste início de outubro de 2023 e matou centenas de seus cidadãos. Israel foi reconhecido como a nação independente do povo judeu somente em 1948, mas paga até hoje um preço muito alto por ter se instalado na “terra prometida”, onde palestinos muçulmanos estavam residindo a mais de dois mil anos, muito antes, portanto, das diásporas dos judeus. Durante a segunda guerra mundial, Hitler teria assassinado mais de seis milhões de hebreus e por isso, o mundo do pós-guerra resolveu criar uma pátria judaica. Só que parece que se esqueceram dos povos palestinos.

            Confinado na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, esse povo palestino praticamente não tem reconhecimento internacional. Muitos deles vivem subalternos aos israelenses e não veem a hora de expulsar todos os judeus de “suas” terras. Embora seja uma nação próspera e com amplo reconhecimento no mundo, Israel tem que conviver com pessoas que por muitos milênios sempre residiram no “domínio histórico” judeu. Por isso, são várias as guerras entre os dois povos. Enquanto Israel tem o apoio de quase todo o mundo ocidental incluindo a União Europeia e os Estados Unidos, os palestinos têm apoio de vários países vizinhos e muçulmanos como Líbano, Síria, Irã, Iraque e Jordânia. Há espaço para dois Estados na região: um palestino e outro judeu tendo Jerusalém como cidade neutra. Mas ninguém abre mão da cidade, que é sagrada também para os cristãos.

E o Brasil também tem as suas guerras. Milícias armadas do Rio de Janeiro, por exemplo, mataram três médicos que participavam de um congresso mundial da categoria. Por causa disso, o Estado interveio e exatamente nesta segunda-feira, dia 9 de outubro, investiu contra os bandidos armados. Dois helicópteros foram alvejados com tiros de fuzil. Além do mais, quase 60 mil cidadãos brasileiros são mortos todo ano pela violência que sempre “correu solta” no país. Outra guerra praticamente perdida em nosso país é a corrupção na política. Porém, quase todos os brasileiros convivem normalmente com a roubalheira. Elegeram um presidente que já fora preso por se meter em negócios escusos e muitos ainda cultuam um outro que além de corrupto também é fascista e tentou dar um golpe de Estado para se perpetuar no poder. Nossas guerras são cruéis, mas ninguém vê.

Israel luta contra os grupos Hamas, Jihad Islâmica e Hezbollah, além de ter outras nações arqui-inimigas como o Irã e a Arábia Saudita, por exemplo, que tentam destruí-lo a todo custo. Já o Brasil tem o ex-presidente Jair Bolsonaro, o bolsonarismo, a fome, a impunidade, a pobreza, a miséria, a desigualdade social, a violência urbana e o PT como as suas guerras particulares. E precisa vencer todas elas, se quiser ter paz. Toda nação ou país tem a sua “guerrinha” particular. Rondônia, apesar de não ser um país, também tem a sua. E a guerra deste longe, atrasado e incivilizado rincão do Brasil é contra o meio ambiente. Todo ano, durante o verão, a fumaça criminosa das queimadas empesta o ar que todos nós respiramos e ninguém nunca fez nada para combater. Outra desgraça talvez até pior do que uma guerra e também provocada pela mão humana é essa seca em plena Amazônia. Para vencer uma guerra é preciso ter disciplina e ordem. Coisas que não temos.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Um comentário:

Katia Danyela disse...

Perfeito, como tudo que escreve!!!