Fora, servidores
públicos!
Professor
Nazareno*
O PSDB nunca
gostou de funcionários públicos, eis a verdade. Quando o ex-presidente FHC
governou o país entre os anos de 1995 e 2002, as demissões no serviço público
bateram recordes. Era PDV (Plano de Demissão Voluntária), era servidor colocado
em disponibilidade, era perseguição, era assédio moral no trabalho, era falta
de reajuste salarial. Foi nesta época que em Rondônia o ex-governador José
Bianco mandou dez mil pais de família para o olho da rua. Muitos sem direito a
nada. Tudo em nome do Neoliberalismo e do Estado mínimo. Agora o prefeito
eleito de Porto Velho Hildon Chaves, também do PSDB, tenta reeditar aqueles
tempos macabros para os barnabés municipais. Conseguiu aprovar na Câmara de
Vereadores, na calada da noite, a extinção de benefícios sob a alegação de que
vai economizar 100 milhões de reais.
A mídia noticia que todos os mais de
13 mil servidores do município de Porto Velho foram prejudicados com medidas
draconianas. A extinção do quinquênio foi aprovada por 17 votos a favor do
prefeito. Alguns vereadores inclusive dizem que não leram a “papelada em forma de lei” e por isso
votaram “sim”. Foi o caso de Júnior
Cavalcante e de Cristiane Lopes. A vereadora Ellis Regina do Sindeprof, o
sindicato que reúne os servidores municipais e que forma a base eleitoral da
parlamentar, estaria viajando. Somente o vereador Aleks Palitot votou “não” para impedir prejuízos aos
servidores. Administrar a coisa pública perseguindo humildes trabalhadores é
muito fácil além de ser uma covardia. O estranho de tudo isso é que na mesma
lei, pede-se para aumentar o valor dos CDS e criam-se vários outros cargos na
esfera municipal.
Segundo se comenta, o prefeito
Hildon Chaves já teria nomeado neste curto período de tempo, um mês apenas,
pelo menos 1772 comissionados com gordos CDS e claro, todos sem concurso público.
Isso é mais do que o dobro dos nomeados em quatro anos pelo ex-prefeito Mauro “Lento” Nazif. Retirar o quinquênio ou
qualquer outro benefício de servidores legalmente concursados é uma incoerência
inexplicável para quem bradava aos quatro ventos durante a campanha eleitoral que
iria moralizar a administração municipal. Economizar esse dinheiro para quê? Vai
investir na cidade? O pior de tudo isso é que muitos servidores votaram e
fizeram campanha para o tucano na esperança de dias melhores. Coitados! Não se
lembraram de Fernando Henrique Cardoso nem de José Bianco. Pior foram os 17 vereadores
que traíram os injustiçados.
E a prefeitura precisa, e muito,
deles. Como prestar atendimento na saúde, educação, limpeza dentre outros
setores sem a sua imprescindível colaboração? Mas o PSDB parece não gostar
destes trabalhadores. Defende a privatização de tudo. O sonho do Estado mínimo
pretende entregar o patrimônio público a setores particulares. Leia-se: a setores
de amigos e correligionários já previamente escolhidos numa relação de
compadrio, de toma lá, dá cá. Infelizmente a administração de Hildon Chaves até
agora tem-se mostrado um embuste, uma farsa. Procura medir forças com quem não
as tem. O problema de Porto Velho, de Rondônia e do Brasil não é nem nunca
foram os servidores públicos. Claro que há muitas falhas que precisam ser
consertadas. O nosso problema é a roubalheira, a corrupção e a incompetência
dos administradores públicos. Perseguir ou demitir servidores para colocar
apadrinhados no seu lugar é trocar seis por meia dúzia.
*É
Professor em Porto Velho.
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