Vale
a pena ser político?
Professor Nazareno*
Para Aristóteles, a ciência mais
importante é a ciência política, pois é esta que decreta a existência ou não
das outras ciências. É ela, enfim, que determina como devem, e se devem, ser
estudadas as outras áreas do conhecimento. Desde os meus 20 anos
aproximadamente que ouço pessoas dizerem para que eu entre na política. Não
quero e nunca quis, pois entendo que essa arte é totalmente diferente do que se
vê por aí. Embora admita com muito remorso e vergonha, como uma prostituta rasa
e sórdida, que já fiz campanhas para o PT, um partido que admirava no início de
sua fundação. Se tiver que ir para o inferno por causa disto, irei
tranquilamente e aceito até ser castigado pelo Satanás. Mas é bom que se diga:
ser governador de Estado, prefeito de qualquer cidade, deputado, vereador ou
senador não tem valido muito a pena nos dias de hoje.
Sempre tive a firme opinião de que se eu
for eleito em um determinado lugar, desapareço para sempre deste lugar. Não
acredito que alguém em sã consciência votaria em mim para alguma coisa, para
qualquer cargo. Além do mais, ser político hoje em dia no Brasil não tem mesmo valido
muito a pena. O Ministério Público e a Polícia Federal geralmente “atrapalham”
tudo. Não se pode mais fazer nada em benefício dos mais necessitados. Qualquer
obra é fiscalizada, vasculhada, auditada, acompanhada de perto. É licença ambiental,
licença disso, licença daquilo. E até para licitar a obra de qualquer
empreendimento e “entregar os trabalhos” aos amigos e conhecidos, a
burocracia e a honestidade atrapalham tudo. Coitados de muitos governadores, prefeitos
e até ministros. Não se pode mais “trabalhar” sossegado neste país.
Desconfia-se de todos.
Mas o que leva uma pessoa rica e bem
sucedida na vida a entrar neste mundo sujo, amoral, hipócrita, promíscuo e
sórdido? É para ganhar mais dinheiro e aumentar a sua fortuna ou é simplesmente
para ser solidário e filantropo? Há muitas pessoas que ainda acreditam na
segunda opção. Hoje em dia nem precisa ter competência para exercer um cargo.
Qualquer um pode se candidatar. Basta ter dinheiro. Muito dinheiro mesmo, pois
os caminhos se abrem mais facilmente. Como pode uma das maiores economias do
mundo ter uma qualidade de vida sofrível como a nossa? A corrupção, a
roubalheira e a incompetência da maioria dos gestores públicos brasileiros explicam
este paradoxo. Enquanto isso, continuamos sem esperança nenhuma. Por causa dos
políticos, o Brasil não tem futuro. Daqui a 30 ou 40 anos, estaremos no mesmo
buraco.
Para mim e talvez para muitas pessoas
que se julgam honestas, não vale a pena ser político, mas para os espertalhões
de sempre, essa “profissão de risco” é e sempre foi um bom negócio.
Estou perplexo, pois a nova Assembleia Legislativa de Rondônia tomou posse há poucos
dias e ainda não surgiu nenhum escândalo por lá. Será que já há telefones
monitorados? Incrível, mas nenhuma operação está em curso: a nossa ALE não é
mesmo um primor? MP e Polícia Federal fiquem alerta. Ser político devia ser uma
profissão como outra qualquer. Por estranho que possa
parecer a um cidadão brasileiro, existe um país na Europa onde os políticos
ganham pouco, usam ônibus coletivo, fazem a sua própria comida, lavam e passam
suas roupas e são tratados simplesmente por “você”. É a Suécia. Tomara
que a iniciativa de um deputado estadual de Rondônia em devolver o seu
auxílio-moradia vire moda entre os políticos. Tomara, mas não acredito.
*É Professor em Porto Velho.
Um comentário:
No brasil vale e como vale, você entra pobre e sai rico e ainda leva toda sua familia junta; outro ponto de vista, raramente vai preso, o seu nome nunca sera o mesmo, ex. o lula é chamado de presidente e não lula, o outro ponto é ele representa o povo mais o povo é só a fachada ele já vai ficar para terceiro plano isso se sobrar, na ordem a politica brasileira vem assim: primeiro o partido, depois o candidato,depois seus interesses,depois seus parentes, depois o País e se sobrar o povo e ponto.
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