Patrimônios
sem cultura nem história
Professor Nazareno*
Uma tal Associação Cultural Rio Madeira, ACRM, subscreveu recentemente na Justiça local uma petição judicial contra a Igreja Internacional da Graça de Deus, pois os religiosos estariam prejudicando com uma construção a fachada original do antigo Cine Teatro Resky localizado no centro, que dizem ser histórico, da capital. Em tempos de total abandono pelas sucessivas e desastradas administrações públicas dos legados cultural, social, estrutural e urbanístico de Porto Velho, a iniciativa ímpar dessa associação é até louvável, porém extemporânea e, parece, sem muitas chances de gerar resultados práticos uma vez que a dilapidação e a destruição pura e simples dos aspectos patrimoniais e culturais desta cidade já se tornaram uma espécie de política pública rotineira que vem sendo posta em prática ano após ano bem à vista de todos nós.
Contadas a dedo, havia na “manifestação”
dezoito pessoas sem contar aquelas, bem menos entusiasmadas, que de seu
conforto em Campo Grande, Recife, Rio de Janeiro além de outras cidades e
capitais do país mandaram seu irrestrito apoio ao movimento. Brava
manifestação, bravos pioneiros, mas onde estavam estas pessoas quando destruíram
o Casarão do Segundo Ciclo da Borracha localizado em Calama no baixo Madeira?
Talvez elas nem saibam do crime patrimonial que fora praticado ali onde hoje
existe uma feia “praça”. Talvez muitos nem saibam da existência da
própria Calama. Onde estavam estas mesmas pessoas quando o Madeira,
vagarosamente e num longo período de mais de três meses, invadiu, encharcou,
enlameou e destruiu quase que completamente todas as instalações da EFMM
durante a última enchente histórica?
Filhos ilustres de Porto Velho, mas
que muitas vezes se associam a políticos desonestos, forâneos, incompetentes e
ladrões para ajudar na destruição do que resta desta abandonada e suja capital.
Querem preservar a fachada de um solitário prédio escriturado e que talvez já
tenha dono definitivo, e não viram que a ponte do Madeira foi construída,
parece que de propósito, sem iluminação. Não viram a desastrada administração
do PT com as carcaças dos viadutos? Será que não percebem que moramos e pagamos
impostos há várias décadas numa das piores cidades do país em termos de
infraestrutura, água tratada, trânsito, área de lazer, praças, saneamento
básico, arborização e IDH? Nunca vi uma só manifestação por aqui para exigir
respeito pelo imposto que pagamos e o devido retorno em obras públicas. O alvo
de agora é pequeno.
Juro que estas manifestações me
metem medo. A última delas foi para embargar a construção de um moderno hotel
(o Sleep Inn) por causa da “vista” das Três Caixas d’Água. O resultado
todos sabem qual foi: o terreno em pleno centro da cidade hoje está abandonado
e só serve como privada para desocupados. Se tivessem implodido o lúgubre
monumento, que tem pouca serventia, teríamos gerado vários empregos para nossos
jovens. Enfim, por que ninguém fala nada sobre o Espaço Alternativo? Havia ali
mais de duas mil árvores, algumas frutíferas, e hoje o que resta? Será terminado
por este Governo? Até o teatro não tem alvará. Flor do Maracujá, Jerusalém da
Amazônia, Expovel, futebol, Carnaval, dentre outros aspectos culturais, quando
se terá tudo isto de volta? Algum dia, teremos pessoas nascidas ou não aqui,
que lutarão para melhorar nossa qualidade de vida? Parabéns, ACRM, mas há muitas
outras lutas para abraçarmos.
*É Professor em
Porto Velho.
10 comentários:
Fessor, bênça! Quanto quer apostar que algum político subirá na caixa de fósforos e se inflamará pedindo a conservação desse dito patrimônio histórico? E quanto quer apostar que angariará verbas e verbas por sua nobre causa? E , lógico, aqueles 30% ele vai jurar pela mãe dele que não embolsou?! Fessor, é mais do mesmo!!! Tá escrito lá, na cartilha deles!! Tá escrito e decorado !!!!
Professor Nazareno, como sempre sábio nas palavras e responsável nos temas que aborda. Parabéns por seu artigo que expressa não apenas a sua opinião, mas a de muitos assim como eu que concordam com sua explanação e que faz de suas linhas nossas próprias palavras!
Está passando da hora de pessoas oportunistas, que encabeçam certos movimentos sem "pé nem cabeça", que não contribuem com o estado, pelo contrário atrasa a vida de todos pois tudo que é sem fundamento está fadado ao fracasso e pior de tudo que tais pessoas perdem o precioso tempo defendendo aquilo que elas não sabem o real motivo, que na maioria das vezes tem cunho politiqueiro!
Tais pessoas deveriam acordar para a vida e já que são tão interessadas no bem comum, que procurem uma causa justa e que traga efeito coletivo. Do contrário serão ridicularizadas por fecharem os olhos para os "elefantes" que passam diante das mesmas, como o presente artigo referiu no caso do Casarão do Baixo Madeira, porém reparam nos "detalhes" que só servem para causar incomodo em seus próprios olhos, que é o caso da reforma promovida pela igreja, criando polêmica desnecessária que tais pessoas levantaram, rendendo "pano para as mangas"!
Conselho final para o tal "grupo" é que usem suas capacidades intelectuais para repensar em seus "ideais", talvez tenha apoio de mais pessoas e se poupem do vexame de estarem sozinhas numa causa falida!
Esse tal professor, continua brincando com o sentimento cultural dos filhos natos de nossa amada e querida Rondônia, a qual lhe deu emprego honrado, acredito eu.
Porque estes que autodenominam defensores do Patrimônio Histórico não ingressam em juiz, para o governo reedificar o Parque de exposição que ele destruiu, além de haver se tornado de utilidade pública, ainda servia para apresentação de espetáculos e exposição agro pecuária, e entretenimento para a população, que atraia turistas de todo o estado e das outros estados do Brasil.
Parabéns Professor Nazareno pelas sábias palavras, concordo com Senhor em graus e números.
Concordo com o colunista. Esses pseudodefensores de araque nada fizeram pela cidade e agora se auto intitulam defensores do quê? Onde estavam quando o Roberto Sobrinho roubava Porto Velho?
Enquanto houver quem resista, haverá quem desfrute. Matem essa aula do 'professor' Nazareno! É o tipo de aula que não tem qualquer serventia. Eu, confesso, durmo no primeiro parágrafo de seus textos. Esse 'professor' é daqueles que sempre enxergam o copo no meio, vazio.
O dedo que aponta aos que fazem 'alguma coisa', como diz, pela preservação da cultura e do patrimônio histórico da cidade, cai como uma luva pra retrucar esse texto que como os demais só tem uma finalidade, chocar, mas não vale o esmalte da minha unha.
O título, claro, seria com uma do grande Chico: Não me diga, mais quem é você?
Meus amigos, como disse, ignorem essa aula inútil sobre como reclamar, reclamar e reclamar de tudo, sobre como sobreviver numa cidade que odeia e que não pode deixar porque é minhoca que nasceu na merda e não na beira do Sena.
Vamos nos unir pela utopia, que seja, pois como bem disse Galeano, "ela está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
Ao Nazareno, demos o troco pela Sofia : caladoooooooo! Isso não é um professor, é um tiro pela culatra!
Professor parabéns, pela capacidade de enxergar o obvio, pois a cidade parece não ter Administrador, quanto abandono, a enchente histórica é lembrada sempre, pois esses representantes não sei de quem, nada fizeram para atenuar suas consequências, cada dia Porto velho está cada dia mais feia e fedorenta. Uma cidade plana, poderia ser bela, mas se torna a cada dia mais Arcaica e retrograda, infelizmente, Parabéns Professor o seu argumento relata a verdade.
Conheço professor Nazareno, uma figura.É nordestino e veio p Rondônia dar aula de português. Seus textos muitas vezes causam polêmicas, creio que por falta de interpretação. Ele adora ironizar!!!
Ele foi meu professor em Calama alias e um excelente professor! Tenho primos aprovados em varias áreas devido a dedicação que ele tem com seus alunos, tem sua forma de se expressar muitas vezes não compreendida, mas e um ser humano maravilhoso ! Serei sempre grata a ele pelo mestre que foi, pois em situações difíceis em Calama tinha animo pra fazer seus alunos ser tornarem seres humanos melhores .
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