As aventuras de um velho tarado

As aventuras de um velho tarado

Professor Nazareno* 

          

           Após vários dias sem sinal de internet, sou bombardeado pelas propagandas mal feitas e enjoadas da televisão local que me mostram os “grandes feitos” da Assembleia Legislativa de Rondônia nos últimos quatro anos. Outro comercial, “Porto Velho amigo”, dizendo que a Prefeitura finalmente acabou com as alagações na “capital das imundícies” me deixa puto. Porém, nada supera a estupidez e as mentiras televisivas do que as lorotas mostrando as aventuras de um velhinho com cara de tarado, vestido de roupão vermelho e barbas postiças feitas de algodão sujo, rodeado de inocentes crianças e se dizendo o benfeitor da humanidade. É o cretino do Papai Noel, um velho fedorento, patife, sacana, ladrão, provavelmente pedófilo e de tendências heterossexuais que vem dos quintos dos infernos numa carroça sem rodas puxada por um magote de veados.

       Todo ser humano correto e sério devia odiar este velho miserável e pançudo, já que ele representa tudo de ruim que existe na decadente humanidade e na sociedade capitalista ocidental. Toda vez que eu vejo o maldito, tenho delírios homicidas. Nunca entendi por que tantas pessoas do bem elogiam e fingem que esse pilantra rabugento e demoníaco existe. O “mau velhinho” apesar de ser uma criação do capitalismo, foi também adotado pela classe política. Em Rondônia, dizem que o infeliz é cria dos deputados estaduais e que recebe um gordo CDS da Assembleia Legislativa. E eu pensava que o mesmo fosse mais um funcionário fantasma da Câmara de Vereadores de Porto Velho. Da Assembleia, da Câmara, ou de qualquer Secretaria deste Estado, o fato é que o “monstro de vermelho” parece que tem dado péssimas lições aos políticos daqui.

       O rondoniense comum, apesar ser metido a intelectual e requintado, adora mandar cartinhas para o miserável, além de amar de coração o velho muquirana. No comércio da capital, o infeliz todos os anos chega de helicóptero num clima de festa total. Enganadas e ingênuas, as crianças daqui também o amam. Fala-se à boca larga na cidade que foi o “Papai Desgraçado” que nos trouxe duas grandes hidrelétricas e colocou para os eleitores rondonienses escolherem só políticos de qualidade para governar o Estado e a capital. Fala-se também que foi ele, o “velho masturbador” que roubou de Rondônia pelo menos 57 milhões de reais e também fez a decoração natalina de Porto Velho. O larápio do Noel é assim mesmo: rouba o povo e ainda consegue, como num passe de mágica, deixar todos alegres como se tivessem ganhado na loteria.

          Toda vez que se pronuncia o nome desta derrota, sente-se um vazio na alma e uma fisgada no bolso. Suas propagandas, bancadas com o nosso dinheiro, me enojam e me fazem vomitar. Nunca entendi por que esta praga nunca se candidatou a nada, já que ganharia qualquer eleição de que participasse. Não se sabe ainda o porquê, mas esse “representante do capeta” odeia a Polícia Federal e o Ministério Público. Dizem que é por causa de sua afeição pelas criancinhas, que tem despertado suspeitas nestes órgãos públicos. No entanto, o maior problema tem sido o seu estado civil. Muitos juram que o peste vive amancebado com dois jovens musculosos e quando não é Natal, ele, só de calcinha, vende sexo nas ruas do centro de Porto Velho, onde pode ser facilmente encontrado. De agora em diante, devemos ter mais cuidado com idosos vestidos com seda vermelha: além de pedir o nosso voto eles podem ser o Papai Noel. Ho! Ho! Ho!

*É Professor em Porto Velho, “terra do Papai Noel”.