O
tempo dos brasileiros sem tempo
Professor
Nazareno*
Dentre os muitos defeitos que nós brasileiros temos um chama a atenção e intriga povos de outras partes do mundo: não conseguimos respeitar o horário que marcamos para os nossos compromissos. Diferentes dos cidadãos que moram nos países civilizados do planeta, muitos conterrâneos nossos têm o esquisito costume de chegar atrasados ou simplesmente, e sem desculpas convincentes, nem aparecerem. Como raríssima ilha de exceção, no ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, assim como em outros concursos públicos, o horário de início das provas é sagrado. Chegou atrasado, está eliminado. Já estão ficando antológicas as cenas espalhadas pelo Brasil de candidatos correndo desesperadamente para não perderem o que não planejaram com antecedência. Nestes casos geralmente o motorista do ônibus é que leva toda a culpa.
Dentre os muitos defeitos que nós brasileiros temos um chama a atenção e intriga povos de outras partes do mundo: não conseguimos respeitar o horário que marcamos para os nossos compromissos. Diferentes dos cidadãos que moram nos países civilizados do planeta, muitos conterrâneos nossos têm o esquisito costume de chegar atrasados ou simplesmente, e sem desculpas convincentes, nem aparecerem. Como raríssima ilha de exceção, no ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, assim como em outros concursos públicos, o horário de início das provas é sagrado. Chegou atrasado, está eliminado. Já estão ficando antológicas as cenas espalhadas pelo Brasil de candidatos correndo desesperadamente para não perderem o que não planejaram com antecedência. Nestes casos geralmente o motorista do ônibus é que leva toda a culpa.
Na Inglaterra temos o famoso “horário
britânico”, mas não são somente os súditos da rainha que têm o privilégio
de conviver com esta civilidade. Japoneses, norte-americanos e europeus de um
modo geral são pontualíssimos em seus compromissos. O transporte coletivo em
Munique na Alemanha, por exemplo, tem cronômetro com contagem regressiva em
todas as paradas. Não atrasa um. Zerou a contagem, está lá o trem ou o ônibus.
Além da limpeza, do conforto, da segurança, da pontualidade e da comodidade, os
japoneses enfrentam sempre com bom humor a mobilidade urbana em Tóquio, capital
do país e maior metrópole do mundo. Por lá não há a desculpa infantil de que o ônibus
atrasou para chegar ao trabalho ou à escola depois da hora habitual. Nestes
países, geralmente se chega 10 ou 20 minutos antes de qualquer compromisso.
E o pior é que nem nas nossas
escolas, que podiam e deviam dar o exemplo, a pontualidade é regra. Todos os
dias, durante o ano inteiro, alguns alunos dos três turnos sempre chegam
atrasados para as primeiras aulas. Ninguém é punido e a tragédia se repete dia
após dia todos os anos. Nosso transporte coletivo é uma desgraça só. Respeitar
a hora por aqui é coisa de outro mundo. Em Porto Velho, o Interbairros deve ser
o campeão de atrasos. Nossos horários geralmente são marcados com a hora exata
e ainda assim, marcam-se os compromissos às 10 horas para se começar às 11 ou
depois. Festas de aniversários, casamentos ou confraternizações geralmente são
marcadas “para depois das três ou quatro horas da tarde”. Na Europa,
muitos compromissos são marcados com a hora “quebrada”: o trem das
13h47min passa exatamente às 13 e 47.
No Brasil, a desorganização e a
irresponsabilidade são regras em quase todos os setores. Por isso, sofremos
muito quando visitamos a Europa, o Japão ou os Estados Unidos. Geralmente não
respeitamos filas, falamos alto e sempre apelamos para o medieval “jeitinho
brasileiro”, que é repudiado mundo afora. Brasileiro devia ser proibido de
visitar lugares civilizados e desenvolvidos sem antes fazer um curso intensivo
de boas maneiras e civilidade. Até o horário de verão contribui para esta
anormalidade. O Jornal Nacional da Rede Globo, por exemplo, é exibido às 20 e
trinta no horário de Brasília, mas em Porto Velho é exibido com atraso de
apenas uma hora em vez de duas. Com parabólica, se quiser eu assisto duas vezes
por dia à mesma programação. Aqui há atrasos em rodoviários, portos e aeroportos
e mudam-se datas de feriados a bel prazer. Deve ser por isso que o mundo
civilizado não nos leva a sério.
*É Professor em
Porto Velho.
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