O
Congresso é culpa do eleitor
Professor
Nazareno*
O
Congresso Nacional do Brasil é, óbvio, o Poder Legislativo e é composto por 513
deputados federais e pelos 81 senadores da República. Esse poder existe também
nas 27 unidades federativas, com as Assembleias Legislativas e em cada um dos
municípios, as Câmaras de Vereadores. Quase todos seus integrantes, nas três
esferas, são eleitos pelo voto popular a cada quatro anos. É um Poder muito
importante nos regimes democráticos, pois além de criar leis ajuda também na
fiscalização dos outros dois poderes. O Poder Legislativo é uma espécie de
intermediário entre o povo e os seus governantes. Só que, no Brasil, via de
regra, acredita-se que esse Poder está totalmente de costas para esse povo que
ele diz representar. De um modo geral, esses legisladores, que foram eleitos
pelo voto de cada eleitor, tomam as suas decisões sem levar em consideração os
anseios populares.
Fala-se
abertamente que em todas as esferas de poder, infelizmente, a esmagadora
maioria desses parlamentares está a serviço deles próprios, da elite econômica,
dos ricos e poderosos e também dos grupos empresariais dessa mesma elite
nacional. São eles, de certa forma, que mantêm a estrutura de poder baseada nos
privilégios dos mais ricos e endinheirados. Praticamente toda a produção de
riquezas do país caminha somente para os mais privilegiados, enquanto os mais
pobres e necessitados padecem quase sem nenhuma assistência do Estado.
Geralmente quando esses legisladores estão do mesmo lado do chefe do Poder
Executivo, a “roubalheira” é devidamente consentida e repartida
entres eles. Mas quando estão em lados opostos, quase todas as votações do
Legislativo são para afrontar e para boicotar o Poder Executivo e não para
aprovar as suas propostas.
Tudo
isso é basicamente o que está acontecendo atualmente no Brasil. O atual
Congresso Nacional, eleito democraticamente nas últimas eleições, é quase todo
ele da extrema-direita e por isso, está contra o governo petista de Lula. Ao
votar pela derrubada de alguns vetos do presidente, esse Congresso legisla em
causa própria e contra a maioria do povo que o elegeu. Se a conta de energia
elétrica vai aumentar, por exemplo, nos próximos 40 anos no país, beneficiando
assim parte da elite rica que é proprietária de pequenas centrais
hidrelétricas, a culpa é totalmente do Congresso Nacional. O veto à anistia de
pagamento do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais é outro
ataque direto aos mais pobres e despossuídos. Mas a dispensa do pagamento de
mais IOF para quem ganha acima de cinquenta mil reais por mês vai beneficiar os
ricos ainda mais.
De
certa forma, o Congresso Nacional do Brasil legisla contra o povo pobre,
miserável e ignorante que o elegeu. E pior: se estivesse mesmo preocupado
com o aumento de impostos e com os gastos do governo que ele tanto critica, o Legislativo
brasileiro não teria aumentado o atual número de deputados federais de 513 para
531 aumentando dessa forma os gastos anuais, segundo a própria Câmara dos
Deputados, em quase 65 milhões de reais. E essa farra com o dinheiro do eleitor
pobre geralmente é verificada também nas assembleias legislativas estaduais bem
como nas câmaras de vereadores. E de quem é a culpa por tudo isso? Ora, do
próprio eleitor que, primeiro elege essa gente para lhe representar, e depois
não fiscaliza absolutamente nada. Por isso, a síndrome da Casa Grande &
Senzala da sociedade brasileira nunca vai ser vencida. O infeliz do eleitor
deveria pesquisar mais sobre as “tranqueiras” que elege em cada
eleição.
*Foi Professor em Porto
Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário