sábado, 18 de janeiro de 2025

Há violência em toda parte!

Há violência em toda parte!

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem uma das sociedades mais violentas do mundo. Aqui se mata muito mais gente do que na Faixa de Gaza ou até mesmo na Ucrânia, países envolvidos em guerras. A violência sempre fez parte do cotidiano dos brasileiros desde a época da escravidão. Aliás, existe tirania maior do que seres humanos escravizarem outros seres humanos? A perseguição contra os povos originários, por exemplo, foi um verdadeiro genocídio e ainda hoje os nossos indígenas continuam sendo vítimas desse holocausto étnico e cultural. Mas tem muita gente que não vê ou finge que não vê essa violência feroz que faz parte do nosso dia a dia. Porto Velho, “a eterna capital de Roraima”, foi sacudida neste início de 2025 por uma violência sem medida: criminosos aterrorizaram a população incendiando ônibus, atirando a esmo em transeuntes e trocando tiros com forças policiais.

            É claro que estes bandidos são muito perigosos e extremamente violentos. Mas a violência existe em muitos outros setores de nossa hipócrita sociedade. Existe violência maior do que a corrupção que se observa no nosso meio político? Deputados, vereadores senadores da República, secretários, ministros de Estado e às vezes até os próprios mandatários do Poder Executivo roubam dinheiro dos nossos impostos na maior cara de pau. É uma repressão fora de série arrecadar o dinheiro do nosso suor e nada nos dar em troca. Pior: as autoridades nos roubam e muitas vezes nada acontece com elas. Não dar serviços públicos de boa qualidade é uma arrogância sem tamanho também. Existe agressão maior a um povo do que não construir um bom hospital para ele? Em Porto Velho criaram uma enganação: “Built to Suit” e iludiram o povo com mais essa violência.

            No Brasil como um todo, os sucessivos governos em todos os níveis da administração, sempre se esmeraram em promover e incitar a opressão extrema contra os seus governados. Eles só precisam do cidadão na hora do voto. O Estado quase não se faz presente nas comunidades periféricas, conhecidas como favelas. Geralmente só chega lá atirando por meio da estrutura policial. Depois reclama que alguns bairros protegem a bandidagem. Num outro aspecto, existe crueldade maior do que o que o governo faz com a Educação desse país? E o salário do professor? E o salário do próprio policial? Há coisas mais hostis e injustas?  E ninguém vê a violência do usuário de droga. É ele, em última instância, que financia toda a bandidagem e contribui dessa forma com a violência que vivemos no dia a dia. O Brasil é hoje a oitava economia da Terra e aqui ainda existe fome.

            O Brasil tem um dos piores salários mínimos do mundo. E apesar da imensa riqueza que possuímos, em toda a América Latina somos nós que pagamos o segundo pior salário a nossos cidadãos: pouco mais de 250 dólares por mês. Isso sim, é que é opressão de qualidade e um verdadeiro atentando contra o honesto trabalhador nacional. A violência está nas cargas saqueadas dos caminhões que tombam nas rodovias, está na contratação de funcionários comissionados sem concurso público. Está também nos salários de “marajás” que muitos generais e até juízes recebem. Não existe nada mais cruel e constrangedor do que pagar “esmolas” a uns e verdadeiras fortunas a outros. Viver numa cidade como Porto Velho, que não tem água tratada, saneamento básico nem qualidade de vida, é algo indizível também. A violência está em toda parte, portanto! E dificilmente nos livramos dela. Aqui, nem vacinas nem picanhas. Só a violência mesmo!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


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