quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

EUA: o começo da derrocada

EUA: o começo da derrocada

 

Professor Nazareno*

 

            Modéstia à parte, eu tenho o privilégio de conhecer muitos países do mundo. Da Europa ao Oriente Médio, dos países andinos à África, eu já visitei muitas nações. Mas nunca fui aos Estados Unidos. Nem pretendo ir. Parafraseado Martin Luther King, digo que “I have a dream: to never visit the United States of América”. Ou seja, não quero jamais em toda a vida que me resta visitar aquele país. E o motivo é simples: os EUA são um império do mal. Bem diferente da Europa e até mesmo da América Latina, o país “mais rico e poderoso” do mundo sempre foi uma farsa. Construiu seu poder e riqueza explorando países mais pobres e escravizando outros povos. Apesar de Pearl Harbour, nas guerras mundiais, travadas bem longe do seu território, saiu vitorioso por que explorou depois as nações envolvidas no conflito. E agora com Trump as coisas pioraram.

            A rigor, nos Estados Unidos não tem nada que desperte o interesse turístico. Quase tudo lá é cópia (e mal feita) do que tem na Europa e em outros países. Nunca entendi por que tantos brasileiros sonham em ir para lá. O dólar é bem menos valorizado do que o euro, a libra esterlina, o franco suíço e até mais fraco do que algumas moedas de países do Oriente Médio, por exemplo. No país de George Washington não tem sequer um sistema público de saúde como o nosso SUS. Durante a pandemia da Covid-19 o número de pessoas infectadas e mortas pelo vírus assassino foi o maior do mundo. Diversidade, oportunidade e liberdade são coisas boas, mas isso tem em pelo menos 180 outros países do mundo também. Lá existe a pena de morte e um flagrante desrespeito aos direitos humanos. Os Estados Unidos estão em derrocada, falindo e ninguém quer admitir o óbvio.

            Donald Trump mandou invadir o Capitólio e assim sacaneou com a democracia americana quando perdeu as eleições para Joe Biden, mas a justiça e o sistema americanos não conseguiram puni-lo como o STF faz por aqui com Bolsonaro e seus seguidores golpistas. O atual governo dos EUA trata os imigrantes como assassinos, criminosos, pessoas sem nenhuma categoria. Esquece que ele próprio, o Trump, é descendente de imigrantes que no passado entraram ilegalmente no país. Como esquecer os horrores da guerra do Vietnã? Como se esquecer das ditaduras militares arquitetadas, financiadas e implantadas pelos Estados Unidos em toda a América Latina nas décadas de 60 e 70 do século passado? Foram os norte-americanos, enfim, que semearam o terror e o fascismo neste continente. Foram as armas deles que devastaram a Palestina e muitos outros países.

            Por tudo isso é que eles sofreram o 11 de setembro de 2001. Aquilo foi uma tacada de mestre. O mal, dentro de sua casa, sendo humilhado pelo próprio mal. Agora, o capitalismo decadente quer peitar o comunismo chinês e já começou perdendo. A empresa chinesa de tecnologia DeepSeek deu, num só dia, um prejuízo de mais de um trilhão de dólares aos arrogantes e prepotentes norte-americanos. O PIB da China comunista deve ultrapassar o dos Estados Unidos daqui a cinco anos. Os yankees estão falindo à vista grossa, é fato. E ainda querem construir um muro na fronteira com o México. “Se a cocaína que os mexicanos mandam para lá for interrompida por dois meses, serão os próprios americanos que derrubarão esse muro” é uma piada que corre nas redes sociais. E só lideram o mundo em três coisas: número de cidadãos presos, número de adultos que creem em anjos e em gastos com defesa. Como adorar um país tão decadente como esse?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 25 de janeiro de 2025

E eu fui à posse do Trump...

E eu fui à posse do Trump...

 

Professor Nazareno*

 

            Estou aposentado e sem ter o que fazer. E eis que de repente me chega um convite do cerimonial da Casa Branca dos Estados Unidos para eu assistir à cerimônia de posse de Donald Trump, o novo presidente eleito daquele país. Sei que não tenho nenhuma importância e por isso não entendi o porquê dessa deferência. Logo eu que um dia jurei jamais visitar aquele país da América do Norte. Tentei arranjar uma desculpa para não ir, mas de nada adiantou. O bom é que não gastei um só centavo meu para fazer esta viagem que, para mim, era totalmente desnecessária. O dinheiro público bancou todas as minhas despesas na terra do Tio Sam. Pensei que o frio intenso poderia atrapalhar tudo, mas o hotel em que fui hospedado tinha acomodações quentinhas e muito luxo. Tudo pago em dólares pelos contribuintes idiotas. Vi neve pela primeira vez e me diverti muito nos EUA.

           Porém, o que mais me incomodou foi o assédio da mídia dos Estados Unidos. Jornalistas até agressivos me perguntavam insistentemente por que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não viajou para a posse do seu “grande amigo” Donald Trump. “Óbvio que o presidente norte-americano vai sentir muito a falta dele”, diziam os repórteres. Tentei dizer que o atual presidente do Brasil é outro, mas não fui ouvido. Tomei coragem e disse a todos ali presentes que concordo que o Brasil precisa muito mais dos Estados Unidos do que o contrário. E fiquei muito alegre em saber que a grande nação do norte” tem mesmo que impor sanções aos oportunistas verde-amarelos. “Se o governo do Brasil não usar o dólar como moeda no comércio internacional tem que ser penalizado”, disse. E ainda comentei: “o Brasil tem que sair do Mercosul, dos BRICS e se associar aos EUA”.

         Umas dez vezes eu tentei dizer a todos os americanos que sou de Rondônia, uma província bem atrasada do Brasil. Mas achei que eles não queriam saber de nada disso. Disse-lhes também que aqui tem político que não faz nada durante a sua administração e ainda sai com mais de 90 por cento de aprovação do povo. E que não é pesquisa comprada, não! Fiquei encantado com tanta limpeza nas ruas daquelas cidades. E quem iria acreditar que na minha capital a sujeira e a imundície são as maiores características do lugar onde moro? Até que o presidente Donald Trump queria falar comigo, mas infelizmente não tive tempo suficiente para atendê-lo, pois sou muito ocupado e tinha que comprar umas lembrancinhas. Mas ia lhe pedir que intercedesse junto à Academia de Hollywood para proibir que o Brasil ganhe um Oscar. O filme “Ainda fiquei aqui” é ruim e não o merece.

       Como eu estava muito ocupado tentando ver a cerimônia de posse na televisão do quarto do hotel, não tive mais tempo para pedir à Suprema Corte dos Estados Unidos que interviesse junto ao STF do Brasil para anistiar todos os revolucionários do 8 de janeiro de 2023. Eles são inocentes e só estavam em Brasília naquele dia exercendo o seu direito de manifestação e portando bíblias. Só isso! Além do mais, é claro que havia petistas infiltrados ali para incriminar os patriotas. Pediria também que o “santo” governo dos Estados Unidos expulsasse todos os imigrantes daquele país e endurecesse as leis contra os homossexuais. E mais: tem que algemar e acorrentar qualquer cidadão brasileiro ilegal. E ensinaria às Forças Armadas de lá que, quando houver uma crise, o líder deve ir à praia, postar fotos e só mostrar disposição e bravura quando tudo já estiver calmo e resolvido. Mas uma coisa não entendi: se eu não tivesse saído de lá às pressas, teria sido deportado.

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

O Orgulho do Madeira depois!

 

O Orgulho do Madeira depois!

 

Professor Nazareno*

 

            Orgulho do Madeira é um bairro localizado na zona Leste de Porto Velho. É considerado hoje por muita gente como um dos bairros mais violentos da cidade. Habitado em sua maioria por pessoas pobres, trabalhadoras, humildes e honestas, o lugar ultimamente passou a ser um reduto de traficantes de drogas e de bandidos de altíssima periculosidade vinculados ao crime organizado. O conjunto habitacional foi inaugurado em 2015 pelo governo do Estado e abriga aproximadamente umas 15 mil pessoas em apartamentos destinados, de início, a famílias de baixa renda. Praticamente sem assistência das autoridades estaduais e municipais, o bairro virou manchete nacional quando criminosos de várias facções ali instalados enfrentaram tropas da Polícia Militar como também a Força Nacional convocada para deter incêndios a ônibus e outros delitos.

            O conjunto habitacional de Rondônia é a síntese do que acontece em todo o país: o Poder Público joga famílias pobres e miseráveis em instalações precárias, geralmente nas periferias distantes nas cidades, e depois as abandona à própria sorte. O vácuo social logo é preenchido pelo crime organizado, que encontra ali o caminho ideal para crescer e depois ameaçar o próprio Estado com ações criminosas. No Orgulho do Madeira não tem escolas de boa qualidade, não há creches em quantidade ideal, falta hospital público, não tem maternidade, não existe mobilidade urbana e, assim como a cidade que o abriga, também não tem água tratada nem saneamento básico. O Estado basicamente só chega lá atirando e matando, por intermédio da Polícia Militar. Mas tem uns doze mil eleitores, que a cada dois anos contribuem com o voto para alimentar seu próprio estado de miséria.

            Por isso, o governador Marcos Rocha, o prefeito Léo Moraes, a Câmara de Vereadores da cidade, a Assembleia Legislativa do Estado, bem como outras instituições vinculadas ao Poder Judiciário e aos Ministérios Públicos deveriam enfrentar o crime organizado com inteligência, com astúcia e não só à bala: retomar o espaço perdido com muito trabalho, consciência, ajuda aos mais carentes e principalmente boa assistência social nessas localidades periféricas já dominadas pela contravenção. E não somente no Orgulho do Madeira, mas também em vários outros bairros carentes e abandonados de Porto Velho como o Nacional, o Morar Melhor, o São Sebastião, o Mariana, o Esperança da Comunidade, o Socialista, etc. O Estado e o Poder Público não podem deixar o crime organizado prosperar no meio de tanta gente boa e honesta. Essa omissão é uma violência.

            E se nada for feito, de pouco adiantará qualquer ação repressiva neste momento. Em pouco tempo, o crime voltará a reinar na lacuna deixada pelo próprio Estado e pela negligência das autoridades. E foi sempre assim! Por isso que o Rio de Janeiro, e também muitas outras cidades brasileiras, vivem nessa situação de violência extrema. No Brasil infelizmente deixaram há tempos o narco-estado, as drogas e a bandidagem crescerem e se enraizarem impunemente no meio social. As autoridades constituídas têm que salvar Rondônia, Porto Velho e também o bairro Orgulho do Madeira, de quem se deve ter orgulho. Afinal, eles receberam tantos votos durante as eleições para quê? O Estado legalmente constituído e suas autoridades deviam só dar tiros de benfeitorias e de boas realizações para aquele povo sofrido. Abandoná-lo à própria sorte é entregar o seu destino ao tráfico e à bandidagem. Realidade: o Orgulho do Madeira não é só um caso de polícia.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sábado, 18 de janeiro de 2025

Há violência em toda parte!

Há violência em toda parte!

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem uma das sociedades mais violentas do mundo. Aqui se mata muito mais gente do que na Faixa de Gaza ou até mesmo na Ucrânia, países envolvidos em guerras. A violência sempre fez parte do cotidiano dos brasileiros desde a época da escravidão. Aliás, existe tirania maior do que seres humanos escravizarem outros seres humanos? A perseguição contra os povos originários, por exemplo, foi um verdadeiro genocídio e ainda hoje os nossos indígenas continuam sendo vítimas desse holocausto étnico e cultural. Mas tem muita gente que não vê ou finge que não vê essa violência feroz que faz parte do nosso dia a dia. Porto Velho, “a eterna capital de Roraima”, foi sacudida neste início de 2025 por uma violência sem medida: criminosos aterrorizaram a população incendiando ônibus, atirando a esmo em transeuntes e trocando tiros com forças policiais.

            É claro que estes bandidos são muito perigosos e extremamente violentos. Mas a violência existe em muitos outros setores de nossa hipócrita sociedade. Existe violência maior do que a corrupção que se observa no nosso meio político? Deputados, vereadores senadores da República, secretários, ministros de Estado e às vezes até os próprios mandatários do Poder Executivo roubam dinheiro dos nossos impostos na maior cara de pau. É uma repressão fora de série arrecadar o dinheiro do nosso suor e nada nos dar em troca. Pior: as autoridades nos roubam e muitas vezes nada acontece com elas. Não dar serviços públicos de boa qualidade é uma arrogância sem tamanho também. Existe agressão maior a um povo do que não construir um bom hospital para ele? Em Porto Velho criaram uma enganação: “Built to Suit” e iludiram o povo com mais essa violência.

            No Brasil como um todo, os sucessivos governos em todos os níveis da administração, sempre se esmeraram em promover e incitar a opressão extrema contra os seus governados. Eles só precisam do cidadão na hora do voto. O Estado quase não se faz presente nas comunidades periféricas, conhecidas como favelas. Geralmente só chega lá atirando por meio da estrutura policial. Depois reclama que alguns bairros protegem a bandidagem. Num outro aspecto, existe crueldade maior do que o que o governo faz com a Educação desse país? E o salário do professor? E o salário do próprio policial? Há coisas mais hostis e injustas?  E ninguém vê a violência do usuário de droga. É ele, em última instância, que financia toda a bandidagem e contribui dessa forma com a violência que vivemos no dia a dia. O Brasil é hoje a oitava economia da Terra e aqui ainda existe fome.

            O Brasil tem um dos piores salários mínimos do mundo. E apesar da imensa riqueza que possuímos, em toda a América Latina somos nós que pagamos o segundo pior salário a nossos cidadãos: pouco mais de 250 dólares por mês. Isso sim, é que é opressão de qualidade e um verdadeiro atentando contra o honesto trabalhador nacional. A violência está nas cargas saqueadas dos caminhões que tombam nas rodovias, está na contratação de funcionários comissionados sem concurso público. Está também nos salários de “marajás” que muitos generais e até juízes recebem. Não existe nada mais cruel e constrangedor do que pagar “esmolas” a uns e verdadeiras fortunas a outros. Viver numa cidade como Porto Velho, que não tem água tratada, saneamento básico nem qualidade de vida, é algo indizível também. A violência está em toda parte, portanto! E dificilmente nos livramos dela. Aqui, nem vacinas nem picanhas. Só a violência mesmo!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Porto Velho, enfim o progresso

Porto Velho, enfim o progresso

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho, a eterna capital de Roraima, enfim vive dias de progresso e de muito desenvolvimento. Muita gente já está comparando a suja, fedorenta e imunda cidade com nada mais nada menos o Rio de Janeiro. Entre os dias 10 e 15 de janeiro de 2025, por exemplo, Porto Velho está sendo manchete nas principais emissoras nacionais de televisão. Jornais, sites de notícias e outros meios de comunicação do Brasil inteiro não param de colocar a cidade mais podre do país em suas manchetes. Só que dessa vez não foi a sujeira nem a imundície características do lugar que lhe deram tanta evidência nacional. Ônibus incendiados no meio das ruas, tiroteios à luz do dia, bandidos mortos, balas perdidas, Força Nacional convocada, população sitiada, Polícia Militar nas ruas, medo generalizado. A cidade ganha destaque com as facções criminosas tocando o terror.

            Se não fosse a falta de IDH, de qualidade de vida, de mobilidade urbana e de inúmeros outros atributos de uma verdadeira capital, Porto Velho bem que poderia ser comparada às grandes metrópoles nacionais. A violência escancarada daqui nos coloca infelizmente nos primeiros lugares dentre as cidades mais violentas do país. Só nos faltava essa agora! O poder público inoperante e o consumo cada vez maior de drogas ilícitas fazem de Porto Velho um lugar cada vez menos procurado para se morar ou mesmo fixar residência. A cidade nunca ofereceu absolutamente nada aos seus infelizes moradores. O crime organizado espalha o terror e a população amedrontada fica à mercê da própria sorte. Mas apesar de ser uma imensa favela a céu aberto, se engana redondamente quem acha que na “Capital das Sentinelas Avançadas” não há bairros chiques e de muito valor.

            A relação desses bairros e conjuntos habitacionais de excelência em Porto Velho é muito grande. Morar Melhor, Orgulho do Madeira, Cristal da Calama, bairro Escola de Polícia, além do Nacional, Triângulo e São Sebastião, assim como muitos outros, têm condomínios com apartamentos caríssimos e também muito procurados. Uma simples habitação de apenas 2 quartos no tradicionalíssimo Orgulho do Madeira não custa hoje menos do que um milhão de reais. Na “Capital dos Destemidos Pioneiros” não há uma só pessoa que não queira investir comprando uma casa ou apartamento em um desses bairros. Segurança total, boa mobilidade, além de amplas redes de esgoto e de saneamento básico são os maiores atrativos. Em qualquer uma dessas localidades, é possível se andar à noite com o celular de última geração sem ser importunado por ninguém. É como Viena.

            Por tudo isso, Porto Velho não “deixa a desejar” a ninguém em termos de progresso, de IDH, de segurança e também de desenvolvimento. Deve ser por isso que recebe tantos turistas todos os anos e é tão falada no restante do país. A questão de o crime aqui ser organizado é até normal, já que no Brasil inteiro também o é. Principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Estado é que infelizmente não é organizado, dizem. Já a violência que se está vivendo no momento é também uma questão passageira e pontual, uma vez que os consumidores de droga nada têm a ver com toda essa problemática. E muita gente sabe que o crime só prospera onde o Estado falha e não se faz presente. Não se sabe se é o caso de Porto Velho, pois bem próximo a esses bairros o governo do Estado vai construir o famoso hospital “Built to Suit” a fim de dar maior comodidade aos seus eleitores. Falta de água tratada, de saneamento e muita violência. O que nos falta agora?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sábado, 11 de janeiro de 2025

Porto Velho limpa? Duvido!

Porto Velho limpa? Duvido!

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho, a suja, fedida e imunda capital de Roraima vive atualmente dias diferentes. O prefeito Léo Moraes parece que declarou guerra à sujeira e à imundície tão características da cidade. O atual prefeito foi praticamente eleito quando denunciou, na noite anterior à votação do segundo turno, o estado deplorável que a capital mais suja do país sempre apresentou: esgotos escorrendo a céu aberto. Em um vídeo, Léo “dançou” no meio das águas podres e imundas que tomavam conta das residências no encontro das ruas Rio de Janeiro e Guaporé no bairro Nova Porto Velho, zona Leste da capital. “Fazer somente o asfalto sem saneamento básico, dá nisso” disse o futuro prefeito. O eleitor gostou e já no dia seguinte deu uma enxurrada de votos ao seu novo “queridinho”. Foram mais de 135 mil votos dados para eleger um candidato com poucas esperanças de vitória.

            O otimista e sonhador prefeito acha que vai fazer em Porto Velho o que os outros mais de cinquenta administradores não conseguiram ou não quiseram fazer nos 110 anos da cidade. Em uma recente reunião com assessores, ele apresentou as metas prioritárias organizadas por prazos e destacou o lançamento do “Limpômetro”, uma espécie de ferramenta que contabiliza os resultados das ações de limpeza feitas na cidade. Só de lixo e de detritos já foram recolhidas mais de três mil toneladas incluindo a limpeza das bocas de lobo. Léo também vai mandar instalar várias lixeiras pelas sujas e fedorentas ruas. Parabéns para o prefeito de Porto Velho pela iniciativa, mas este esforço tem tudo para ser em vão, inútil. É como enxugar gelo. Porto Velho não é uma cidade suja. São os seus quase 500 mil moradores que a emporcalham todo dia jogando lixo e sujeira em suas ruas.

            Segundo o Instituto Trata Brasil, esta capital é a pior cidade do Brasil em IDH por que dentre outras coisas aqui não há saneamento básico nem oferta de água tratada para a população. Apenas limpar a sujeira da cidade não vai adiantar nada, pois já no dia seguinte o lodaçal começará a crescer e a tomar conta de ruas e avenidas. Nossa capital precisa de água tratada em abundância e de saneamento básico e redes de esgoto. Precisa também que seus habitantes tomem consciência e não sujem tanto o lugar onde moram. Quer um exemplo? A Banda do Vai Quem Quer vai sair em fevereiro próximo e seus brincantes vão jogar no meio das ruas milhares de toneladas de lixo e seboseira como fazem todos anos. Da Marcha do Orgulho Gay à Parada para Jesus, assim como tantos outros ajuntamentos feitos aqui, o lixão que fica é uma vergonhosa caraterística do lugar.

            Léo Moraes sabe que não é somente limpando bocas de lobo e tirando sujeiras momentâneas das valas que Porto Velho vai se tornar uma cidade limpa, aconchegante, cheirosa e bonita igual a Maringá, Curitiba ou mesmo Foz do Iguaçu no Paraná. Sua atitude é louvável, mas esta capital precisa ser repensada como uma verdadeira cidade digna para todos os seus habitantes. Entrou o ano de 2025 e o que se observa são ruas alagadas todo santo dia. A Avenida Jorge Teixeira, por exemplo, chamada de BR-319, tem que ser toda limpa, suas valas fechadas e os seus canteiros adornados com flores perfumadas. Este mês vou pagar quase 800 reais de IPTU e gostaria de ver esse dinheiro sendo aplicado na melhoria da cidade como um todo. O lixo recolhido tem que ser selecionado. Os moradores precisam ser ensinados a viver num lugar limpo e decente. Se outras cidades bem mais novas conseguem ser como um bonito jardim, por que nós não?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 5 de janeiro de 2025

O Brasil não pode dar certo!

O Brasil não pode dar certo!

 

Professor Nazareno*

 

            Desde a longínqua década de 1970, com o chamado “milagre econômico”, que o Brasil figura entre as dez maiores economias do mundo. Sendo que na primeira década deste século, ainda no primeiro governo Lula, nosso país chegou a figurar na sexta posição ultrapassando tradicionais potências econômicas como o Reino Unido, a Itália e o Canadá. Portanto, a mais de meio século temos um PIB de fazer inveja a inúmeras outras nações espalhadas pelo planeta Terra. Nossa produção de alimentos também é bastante envaidecedora. Só na safra de 2024/2025 vamos produzir nada mais nada menos do que 322 milhões de toneladas só de grãos. Isso sem falar em carnes, em que somos o maior produtor mundial de proteína animal, de frutas, verduras, legumes e pescado. Há bastante tempo que o país figura entre os três maiores produtores mundiais de alimentos.

Só que estes números excessivamente vangloriados param por aí. Esse gigantesco PIB está nas mãos de quem? Por que com tanta riqueza, o Brasil apresenta uma das sociedades mais pobres, violentas e embrutecidas do planeta? Se temos um PIB de Primeiro Mundo, por que não temos serviços públicos desenvolvidos? Produz-se neste nosso solo quase cinco vezes mais alimentos do que todo o conjunto de sua população necessita para viver. Assim, em contrapartida, temos ainda muitos milhões de pessoas famintas espalhadas pelos 5.570 municípios do país. São levas e mais levas de brasileiros pobres e miseráveis iguais aos de países como Sudão do Sul, Burundi e República Centro-Africana na África. O oitavo PIB de hoje sempre esteve nas mãos de uma elite branca e poderosa. É a síndrome da Casa Grande & Senzala tão bem explicada por Gilberto Freyre.

No Brasil, os pobres praticamente não participam da política e nem da vida financeira do país. A elite endinheirada simplesmente continuou com a escravidão. Por isso explora sem dó nem piedade quem está financeiramente abaixo dela. Aqui se tem uma das maiores concentrações de renda do planeta. Apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, grande parte do povo brasileiro figura como maltrapilhos, desdentados, miseráveis e sem acesso à saúde e à educação de qualidade. A exploração começa com o valor que se paga de salário mínimo. No Brasil equivale a 240 euros, já em Portugal, por exemplo, são 820 euros. A política no Brasil sempre foi capitaneada pela elite, que coloca no poder só os ricos e poderosos. Pobre no Brasil é praticamente só eleitor e dificilmente chegará ao poder. E se chegar algum dia, pensará como rico ou como um pobre de direita.

No Brasil se inventou há pouco tempo, na política, uma lorota absurda: “o Brasil está dividido entre direita e esquerda”. De um lado Lula, o PT e as esquerdas. Do outro lado está Bolsonaro, a extrema-direita e de um modo geral todos os conservadores. Mentira! Conversa para boi dormir! Pura enganação! Inventaram isso só para esconder qual é a verdadeira divisão que sempre maculou este país: os poucos ricos contra multidões de pobres e miseráveis. É a velha Casa Grande & Senzala. O rico PIB do Brasil sempre esteve nas mãos dos poderosos, que geralmente usaram e ainda usam os pobres como seus escravos para alavancar suas riquezas. Neste país injusto e “que não é sério”, pobre quase sempre não vira militar, não vira magistrado e nem participa da política. Só se for como eleitor. E em troca nada recebe. Tem os piores serviços públicos e se contenta com esmolas como bolsa-família e outros. E quem contribui para isso? Quase todos nós...

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Léo, a esperança do lodaçal

Léo, a esperança do lodaçal

 

Professor Nazareno*

 

            Leonardo Barreto de Moraes, um paranaense de Foz do Iguaçu é o novo prefeito de Porto Velho, a eterna capital de Roraima. A partir desse dia 2 de janeiro de 2025, Léo Moraes começa dizer a que veio. E já na posse, ele simbolicamente devolveu a lendária e histórica Estrada de Ferro Madeira-Mamoré aos seus legítimos donos: todos os porto-velhenses. A “Ferrovia do Diabo” foi equivocadamente privatizada, assim como fizeram com a antiga Ceron, as Centrais Elétricas de Rondônia, que fora “doada a preço de balinha”. O novo prefeito tenta, dessa forma, levantar a autoestima do povo nascido aqui. Agora ele precisa “desinaugurar” a nova rodoviária da cidade, inacabada e incompleta, e que por motivos politiqueiros fora inaugurada quase à força pelo prefeito que, graças a Deus, já deixou o cargo. Léo Morais tem hoje uma tarefa hercúlea e dificílima pela frente.

            Não será nada fácil administrar a “pior cidade do Brasil para se viver”. Porto Velho não tem água encanada, não tem rede de esgotos, não tem saneamento básico, não tem arborização, não tem planejamento urbano nenhum, não tem áreas de lazer ou praças, é violenta, não tem porto rampeado, o aeroporto quase não funciona direito e a mobilidade urbana é péssima. Por esses motivos, milhares de porto-velhenses nativos estão deixando a cidade para procurar uma vida melhor em outros estados e cidades do país. Viver em Porto Velho, a currutela fedida, é só para os fortes mesmo. Léo Moraes precisa atacar todos esses problemas se quiser ter algum futuro político. O ex-prefeito, Dr. Hildon Chaves, não fez nada disso e dizem mentirosamente que ele saiu com mais de 90 por cento de aceitação popular. “Me engana que eu gosto”. Ele nem sequer fez sua sucessora.

            Além do mais, o novo gestor precisa do total apoio da Câmara de Vereadores. Hildon Chaves tinha o apoio “somente” de cem por cento deles e mesmo assim ainda “perdeu” as eleições. Senhor prefeito, não faça conluio nem compre nenhum desses vereadores. Se imponha com trabalho, honestidade, gestão correta e bom senso. Se os edis quiserem apoiar... Fazer centenas e centenas de quilômetros de asfalto sem colocar rede de esgotos nem saneamento básico embaixo não dará certo. O povo não é mais burro para aceitar tudo calado. Lute, para que esta capital tenha um bom hospital de pronto-socorro, pois até o governador do Estado já falhou com o “Built to Suit” dele. Melhore a posição de Porto Velho em IDH no país. Porém, não tente amordaçar a mídia local com “festinhas de fim de ano” nem com outros afagos. Imprensa livre é mais séria e verdadeira.

            Cumpra o seu mandato até o fim, senhor prefeito! Lute pelos porto-velhenses e pela melhoria da cidade como um todo. Não merecemos ser achincalhados pelo restante do país por anos seguidos. Ser a pior cidade do Brasil é um título amaldiçoado, ridículo, e é uma triste vergonha para todos nós daqui. Queremos mais água encanada, queremos saneamento básico, queremos mobilidade urbana, precisamos de um porto rampeado no rio Madeira, queremos menos violência, mais arborização, mais áreas de lazer, enfim, precisamos de uma melhor qualidade de vida. Afinal de contas pagamos altos impostos para isso. Não peça mais proteção a Deus para a cidade. Talvez o Satanás nos proteja melhor, afinal de contas há mais de 110 anos que isso aqui conta com essa proteção equivocada. Senhor prefeito e senhores vereadores! Calem o Professor Nazareno: façam com que essa currutela fedida mude. Livrem-nos de morar nesse lodaçal. Torço por vocês!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.