
A maior de todas as
invenções
Professor Nazareno*
Foi a religião, sem dúvida. Não há, em toda a rica
história da Humanidade, algo que tenha revolucionado e acalmado tanto o ser
humano do que a crença em seres superiores que mandam e desmandam no destino
das pessoas. A roda, o fogo, a eletricidade, a democracia, a energia atômica, a
pílula anticoncepcional, os mísseis balísticos, o avião, o carro. Nada disso
pode se comparar à ideia, nunca provada, da existência de um ser que mora num
lugar chamado céu ou paraíso e manda em todos nós. Para Albert Einstein, o Deus
que existe é o Deus de Espinoza, ou seja, a natureza e toda a sua complexidade.
Para Voltaire, no entanto, “a religião começou no dia em que o primeiro
picareta se encontrou com o primeiro idiota”. Já para Sêneca a religião é
uma verdade para os imbecis, uma mentira para os sábios e uma utilidade para os
governantes.
Para a maioria dos seres humanos a estupidez e a
ignorância não têm limites. Por isso, foi muito fácil a algum esperto
convencê-los da existência de “algo superior a todos nós” que está
observando as nossas ações, nossos gestos, as nossas palavras e nossos
pensamentos lá de cima. E que “se não nos comportarmos como Ele quer e
determina e não fizermos a sua vontade”, nos castigará. Quase todas as
guerras da História foram feitas em nome da religião. Desde as antigas Cruzadas
passando pela Reforma e a Contrarreforma e até pela criação do Estado de Israel
no século passado, que o homem usa o nome de Deus para matar, trucidar,
explorar, escravizar, dominar, roubar e humilhar outros seres humanos. Talvez
por isso, a grande ironia de hoje é que muitos países ateus e sem religião são
muito mais pacíficos do que aqueles que têm na fé a sua conduta moral.
Afeganistão, Paquistão, Irã, Iêmen, Brasil são países em
que mais de 90% de sua população têm uma religião. Já países como a Noruega,
Suécia, Finlândia, Dinamarca e Holanda são nações em que predomina o ateísmo
entre a maioria de seu povo. Quando na sua infinita sabedoria o homem criou
Deus, providenciou também todas as situações inerentes a essa sua criação. Um
livro sagrado, o inferno, o céu, os santos, os milagres, a vida eterna, a
criação do mundo e também os descendentes desse Deus. Para algumas pessoas, por
exemplo, Jesus Cristo é o único filho de Deus. Já na religião muçulmana, Maomé foi
um dos enviados de Deus e para os judeus, Abraão era íntimo de Javé. O pior dos
mundos: os inventores da religião estão, hoje em dia, mesclando-a com a
política partidária. Mistura explosiva, religião e política estão ditando
regras para seus seguidores.
Muita gente fala que a religião às vezes dita a moda,
censura a arte, nega a ciência, condena comportamentos, arrecada dinheiro dos
incautos, promove o atraso e explora a fé alheia. Verdade ou mentira,
percebe-se que "há milhares de anos, as lendas,
mentiras, besteiras, mitos e costumes primitivos de uma pequena tribo de
nômades semisselvagens foram reunidos e escritos em pergaminhos. Ao longo dos
séculos, todos estes textos foram modificados, mutilados, truncados, floreados
e divididos em pequenos pedaços que foram então embaralhados várias vezes. Em
seguida, todo este material foi mal traduzido para várias línguas e vários
povos o adotaram como a expressão da verdade, a palavra de Deus definitiva e
irretocável". Porém se a religião torna um homem
mais amável, fraterno, justo e bondoso, ele não deve abandoná-la. Inventada ou não, foi ela que sempre norteou os destinos do homem. Religião, política e
futebol se discutem. Não se misturam!
*Foi Professor
em Porto Velho.