Os
porcos sempre vencem
Professor
Nazareno*
Como no livro “A Revolução dos
Bichos” de George Orwell, lançado em 1945 na Inglaterra e que mostra uma
sátira ao comunismo implantado na União Soviética, a situação política no
Brasil, associada à corrupção endêmica no aparelho estatal e na sociedade com
um todo, parece querer imitar aquela ficção quando os porcos Napoleão e Bola de
Neve tomam o poder e lideram uma revolução para comandar a vida numa granja. Só
que tudo depois volta a ser como antes, mas as propagandas fazem as pessoas
acharem que estão no paraíso. Aqui, com a queda da Ditadura em 1985 até os dias
de hoje, a situação econômica do país não melhorou muito, embora se alardeie
aos quatro cantos do mundo que vivemos eras de modernidade na sociedade e que os
governantes sempre trabalharam em benefício do povo, que bovinamente os conduz
ao poder.
Claro que durante os anos de chumbo
entre 1964 e 1985, a situação política no país era uma desgraça. Do ponto de
vista da economia, as coisas também não eram lá essas maravilhas. E mesmo
levando-se em conta que as situações socioeconômica e política hoje são muito
melhores do que naquela época, é preciso fazer algumas análises dos respectivos
governos que sucederam os militares. Sarney e seus malditos planos econômicos
só serviram para transferir ainda mais renda para a elite. Nunca neste país as
classes mais abastadas do país ganharam tanto dinheiro como naquela época.
Depois entra Collor, democraticamente eleito, mas que oficializou a corrupção
como uma política de Estado. Foi afastado por roubo. A seguir, os oito anos de
FHC que com o seu Neoliberalismo oco e as privatizações transferiu ainda mais
renda para a elite do país.
A partir de 2003, quando “os
pobres”, enfim, chegam ao poder maior com o PT e sua turma, a corrupção
tomou conta do aparelho estatal em todas as suas entranhas. Do Mensalão ao
Petrolão, passando pelos governos estaduais e pelas prefeituras, nunca se
roubou tanto dinheiro público neste país como agora. Na Assembleia Legislativa
de Rondônia e na Câmara Municipal de Porto Velho, por exemplo, o festival de
rapinagem patrocinado pelos legisladores, colocados lá pelo sagrado voto do
povo, se tornou uma rotina macabra. Ano após ano, os escândalos pipocavam
nestas duas casas legislativas do Estado envolvendo parlamentares de todos os
partidos políticos ali representados. O pior: no país inteiro os poderes constituídos
em todas as instâncias eram sacudidos pela falta de ética e de vergonha. Poucos
estão presos e os assaltos continuam como nunca.
O povo perde, o país perde, todos
perdem, mas a situação insiste em não mudar. No entanto, a corrupção nos trouxe
alguns ensinamentos: “No Brasil não se assenta um único paralelepípedo se
não correr dinheiro por fora”, “Propina é investimento” e a mais
nova “O povo é um mero detalhe”, estas duas últimas vindas de Roubônia,
um dos Estados onde mais se assalta o Erário. Mas verdade seja dita: na
Assembleia Legislativa de Rondônia, por exemplo, na atual legislatura ainda não
foi verificado nenhum escândalo de porte. Nossa ALE não é mesmo um primor? Já
pensou se não aparecer nenhuma roubalheira nas nossas duas mais importantes
casas legislativas? Se isso acontecer, muita gente vai embora daqui, pois será
uma decepção que Roubônia não acompanhe a tendência do país. Como na
ficção de George Orwell, parece que o povo só é feliz quando está sendo roubado,
explorado. Devíamos, então, trocar os porcos?
*É Professor em
Porto Velho.
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