sábado, 5 de julho de 2025

O Brasil pertence aos ricos

O Brasil pertence aos ricos

 

Professor Nazareno*

 

            Há mais de meio século que o Brasil figura entre as dez maiores economias do mundo. O seu PIB é equivalente hoje ao de países como Itália, Rússia, Canadá, Espanha e até ao da Coreia do Sul. Já fomos a sexta maior economia do mundo superando países como a França e o Reino Unido, potências econômicas mundiais. Somos um dos maiores produtores de alimentos do planeta e temos também a maior produção de proteína animal dentre todos os países. Nossa produção anual de grãos supera facilmente as 300 milhões de toneladas. Somente neste ano de 2025 o país deverá produzir algo em torno de mais de 328 milhões de toneladas. Isso sem falar em carnes, frangos, pescados, frutas, legumes e hortaliças. Porém no IDH, que mede a qualidade de vida da população, eis que o nosso país amarga posições ridículas ficando muitas vezes bem abaixo do 90° lugar. Um atraso!

Em resumo: o Brasil apesar de ser um país muito rico, sempre teve uma população extremamente pobre, miserável e faminta. Até anos bem recentes, tínhamos mais de 30 milhões de pessoas pobres e desassistidas vivendo muito abaixo da linha da pobreza. Era fila do osso em Cuiabá e pessoas revirando caminhões de lixo em Fortaleza para poder se alimentar. E então, onde está toda esta riqueza que a nona economia do mundo produz todos os anos? Está praticamente quase toda ela concentrada nas mãos dos ricos e dos poderosos. Está nas mãos e no domínio quase absoluto da elite que sempre mandou e manda no país, que sempre foi dividido entre “quem tem e quem não tem”. Não há uma só cidade em que essa divisão não esteja ali à frente de todos. É escola para rico e escola para pobre. É transporte para rico e transporte para pobre. Bairro de rico e bairro de pobre.

Os sucessivos governos, desde os tempos do Império, sempre representaram a elite poderosa e rica. E sempre trabalharam para carrear toda a riqueza do país para as classes mais abastadas. E sempre foi assim. Quando a Princesa Isabel proclamou a abolição das pessoas escravizadas em 1888, contrariando os ricos e poderosos, a elite rica e reacionária se reuniu e num ato de vingança proclamou a República pouco tempo depois. Até os dias de hoje, a Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre nunca deixou de acompanhar a nossa injusta sociedade. Nem a direita e muito menos a esquerda governou para os mais necessitados. No Brasil, de um modo geral, rico não paga imposto sobre sua fortuna. O Congresso Nacional, hoje declarado INIMIGO do POVO, sempre esteve a serviço dos ricos. Assim como todos os outros poderes. Aqui o pobre é só escória.

E o pior de tudo é que é esse pobre, geralmente, quem elege esses representantes dos ricos. O atual CONGRESSO INIMIGO do POVO é composto em sua maioria por parlamentares muito ricos. Só 7% deles representam os pobres. Mídia, Igreja, Estado tudo conspira contra o pobre, que só vota em rico porque não tem leitura de mundo nem educação de qualidade para entender a questão social de seu país. Um pobre dificilmente vai compreender que é explorado todo dia. Esse pobre, lamentavelmente, vive à sombra dos ricos e se contenta com as esmolas que recebe. Não questiona nada, não entende nada. Por isso é mais fácil encontrar um pobre de direita do que um rico de esquerda. É claro que até há alguns poucos e raros políticos que se preocupam com essa nossa monstruosa desigualdade social, mas são minoria dentro dos parlamentos e sempre perdem no voto. Por isso, não se permite uma educação de qualidade para os pobres. Libertá-los para quê?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.