O
Brasil pertence aos ricos
Professor
Nazareno*
Há
mais de meio século que o Brasil figura entre as dez maiores economias do
mundo. O seu PIB é equivalente hoje ao de países como Itália, Rússia, Canadá,
Espanha e até ao da Coreia do Sul. Já fomos a sexta maior economia do mundo
superando países como a França e o Reino Unido, potências econômicas mundiais.
Somos um dos maiores produtores de alimentos do planeta e temos também a maior
produção de proteína animal dentre todos os países. Nossa produção anual de
grãos supera facilmente as 300 milhões de toneladas. Somente neste ano de 2025
o país deverá produzir algo em torno de mais de 328 milhões de toneladas. Isso
sem falar em carnes, frangos, pescados, frutas, legumes e hortaliças. Porém no
IDH, que mede a qualidade de vida da população, eis que o nosso país amarga
posições ridículas ficando muitas vezes bem abaixo do 90° lugar. Um atraso!
Em resumo: o
Brasil apesar de ser um país muito rico, sempre teve uma população extremamente
pobre, miserável e faminta. Até anos bem recentes, tínhamos mais de 30 milhões
de pessoas pobres e desassistidas vivendo muito abaixo da linha da pobreza. Era
fila do osso em Cuiabá e pessoas revirando caminhões de lixo em Fortaleza para
poder se alimentar. E então, onde está toda esta riqueza que a nona economia do
mundo produz todos os anos? Está praticamente quase toda ela concentrada nas
mãos dos ricos e dos poderosos. Está nas mãos e no domínio quase absoluto da
elite que sempre mandou e manda no país, que sempre foi dividido entre “quem
tem e quem não tem”. Não há uma só cidade em que essa divisão não
esteja ali à frente de todos. É escola para rico e escola para pobre. É
transporte para rico e transporte para pobre. Bairro de rico e bairro de pobre.
Os sucessivos
governos, desde os tempos do Império, sempre representaram a elite poderosa e
rica. E sempre trabalharam para carrear toda a riqueza do país para as classes
mais abastadas. E sempre foi assim. Quando a Princesa Isabel proclamou a
abolição das pessoas escravizadas em 1888, contrariando os ricos e poderosos, a
elite rica e reacionária se reuniu e num ato de vingança proclamou a República
pouco tempo depois. Até os dias de hoje, a Casa-Grande e Senzala
de Gilberto Freyre nunca deixou de acompanhar a nossa injusta sociedade. Nem a
direita e muito menos a esquerda governou para os mais necessitados. No Brasil,
de um modo geral, rico não paga imposto sobre sua fortuna. O Congresso
Nacional, hoje declarado INIMIGO do POVO, sempre esteve a serviço
dos ricos. Assim como todos os outros poderes. Aqui o pobre é só escória.
E o pior de tudo é
que é esse pobre, geralmente, quem elege esses representantes dos ricos. O
atual CONGRESSO INIMIGO do POVO é composto em sua maioria por
parlamentares muito ricos. Só 7% deles representam os pobres. Mídia, Igreja,
Estado tudo conspira contra o pobre, que só vota em rico porque não tem leitura
de mundo nem educação de qualidade para entender a questão social de seu país.
Um pobre dificilmente vai compreender que é explorado todo dia. Esse pobre,
lamentavelmente, vive à sombra dos ricos e se contenta com as esmolas que
recebe. Não questiona nada, não entende nada. Por isso é mais fácil encontrar
um pobre de direita do que um rico de esquerda. É
claro que até há alguns poucos e raros políticos que se preocupam com essa nossa
monstruosa desigualdade social, mas são minoria dentro dos parlamentos e sempre
perdem no voto. Por isso, não se permite uma educação de qualidade para os
pobres. Libertá-los para quê?
*Foi Professor em Porto
Velho.