domingo, 29 de dezembro de 2024

Bashir Al-Hussein, o pior prefeito

Bashir Al-Hussein, o pior prefeito

 

Professor Nazareno*

 

            A Síria, atrasado e violento país do Oriente Médio, sempre viveu dias muito conturbados. Com mais de 25 milhões de habitantes, a maioria muçulmanos, a tosca nação sempre esteve avessa à democracia na política. Com quase 95 por cento de pobres e miseráveis em sua população, a Síria sempre foi um lugar a ser evitado pelos turistas do mundo. Mas um recente caso chamou muito a atenção das agências internacionais. Trata-se da cidade de Deir ez-Zor, que fica às margens de um grande rio, o Eufrates. Lá, o atual prefeito, Bashir Al-Hussein, que já está há oito anos no poder, vai deixar o cargo proximamente. Bashir, assim como todos os outros mais de cinquenta administradores que a irrelevante cidade já teve, nunca fez nada que marcasse sua administração, mas diz cinicamente aos quatro cantos da Síria que deixará o poder com quase 100% de aceitação.

            Quase todo mundo em Deir ez-Zor sabe que isso é mentira, mas fingem acreditar para que assim possa se justificar o cargo comissionado que teve na última administração. Como pode um prefeito ter 88 por cento de aprovação popular e não consegue sequer fazer a sua sucessora? Só em Deir ez-Zor mesmo. A cidade, uma das piores de todo o país em infraestrutura, sempre viveu dias tenebrosos. Nem porto ela tem. O rio Eufrates, que deu origem ao insólito lugar, até que recebeu um pequeno porto rampeado de uma hidrelétrica da região, mas a administração local fez pouco caso e há mais de três anos tudo ali está abandonado e enferrujando. Pior: Bashir é talvez o pior administrador que Deir teve, mas já pensando em ser governador da província, ele tenta colocar na cabeça dos tolos e iletrados habitantes do lugar que é um verdadeiro Deus em gestão municipal.

            No inverno rigoroso da região, as ruas ficam todas alagadas, cheias de sujeiras e imundícies. Não há esgotos, não há água tratada e nem saneamento básico na cidade e no verão é só fumaça tóxica das queimadas, mas mesmo assim o prefeito e os seus seguidores insistem em divulgar que têm quase a total aceitação do povo. Obras grandiosas também não existem em Deir ez-Zor. Foi feita apenas uma rua, que é toda torta e sinuosa, lá pelas imediações do aeroporto. A rigor, essa rua não serve para nada. O iludido prefeito se orgulha de ter asfaltado quase toda a cidade. Mas só asfalto mesmo, sem nenhuma rede de esgotos. O eleitor percebeu e desaprovou. Até a nova rodoviária da cidade, que seria a marca dessa administração e foi toda feita com dinheiro público, sequer foi inaugurada. A única rua arborizada e bem próxima ao quartel da polícia local foi totalmente devastada.

            O prefeito que está saindo na verdade deu uma espécie de golpe em 2016 nos incautos e semianalfabetos eleitores: disse que ia cuidar, beijar e acariciar a cidade. E muitos acreditaram na mentira. E na saída está dando quase o mesmo golpe. Ilude a mídia local dando-lhe festas só para ter as suas lorotas divulgadas e diz que a cidade subiu de nível em 2024. Outra mentira deslavada! Na verdade, em toda a história Deir nunca foi a pior cidade da Síria para se viver. Ganhava de uma ou outra cidade. Isso só aconteceu de fato nesses últimos anos. Com a queda do governo federal e a chegada do HTS ao poder, espera-se que as coisas possam também mudar às margens do rio Eufrates. O futuro prefeito, da mesma mentalidade política do atual, promete “mundos e fundos” para o pobre, miserável e sofrido povo de Deir ez-Zor. Enquanto isso, magistrados, generais e a classe política continua com altos salários. Já o povão passa dificuldades. Vai mudar algo?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Réveillon no Quinto dos Infernos

Réveillon no Quinto dos Infernos

 

Professor Nazareno*

 

            O Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, proibiu pela primeira vez na História que se realizasse a festa da virada de ano novo de 2024 para 2025 na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré em Porto Velho, capital de Roraima. Era o Mega Réveillon da Pisa, cujos organizadores já estavam até vendendo ingressos para o “rala-bucho” que, via de regra, acontecia quase todos os anos naquele sombrio lugar. O zeloso Instituto do nosso patrimônio alegou que o pedido para a realização da festa da virada não fora entregue em tempo hábil. Além do mais, disse o Iphan, “O Instituto não tem conhecimento das estruturas previstas nem das medidas de segurança que serão tomadas”. E completou: “Esse evento causará grande preocupação e trará alto risco à integridade do patrimônio histórico, visto que será ocupado por uma enorme multidão”.

         A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré era até há pouco tempo um patrimônio de todos os rondonienses e consequentemente de todos os porto-velhenses. Era! Foi privatizada e agora tem um só dono. Quem quiser usar aquelas instalações que pague para isso. O Iphan também tem alertado reiteradamente a organizadores a necessidade de apresentação de projetos para a realização de intervenções no local, conforme determina uma portaria do próprio Instituto. Entendo que o Iphan talvez não tenha levado em consideração o tipo de pessoas que iriam participar daquele grandioso e inesquecível festival. São pessoas limpas, organizadas e muito disciplinadas. Em todos os eventos públicos de que participou, inclusive ali mesmo nas dependências da EFMM, o limpo povo de Porto Velho sempre deu um show de sanidade, de asseio, de higiene e de candura.

Não há exemplo melhor do que a famosa banda de Carnaval. Os foliões porto-velhenses, todos os anos, se esmeram em demonstrar muita limpeza e também muito zelo, por exemplo, depois que a Banda do Vai Quem Quer passa. Além do mais, não há brigas nem confusões onde se brinca o Carnaval de Porto Velho. Por que arrumar confusões ou depredar o patrimônio público numa simples, familiar e singela festa de ano novo? Se o Iphan deixasse acontecer uma celebração ali, tenho certeza de que depois de passadas as comemorações, o local estaria mais limpo até do que na noite anterior. Na manhã seguinte, não se encontraria uma só garrafa pet ou qualquer resto de plástico ou papel esquecidos ali naquele ambiente quase santo. Muito menos preservativos usados. Entendo que o prestigiado e já “quase rondoniense” Iphan deveria repensar essa proibição ímpar.

Patrimônio da Humanidade, a velha “Ferrovia do Diabo” já foi, muito antes, protegida pelo Iphan e também pelas autoridades municipais, estaduais e federais. Quem não se lembra da enchente de 2014 quando todos, rondonienses e também as autoridades do Iphan, correram para salvar as últimas relíquias que estavam sendo ameaçadas pelas águas revoltas do velho Madeira? O Iphan também sempre se colocou contra aqueles que, sem nenhuma atitude histórica ou ambiental, roubaram e ainda roubam os trilhos da histórica ferrovia somente para proteger as suas casas. A partir de agora se os porto-velhenses quiserem fazer festa de fim de ano ou de qualquer outra coisa lá na EFMM vão ter que procurar outro lugar. Ora, façam na zona Leste ou mesmo na zona Sul da cidade, lugares em que os fogos podem abafar o som dos frequentes tiroteios que há nestas localidades. Ou então vão fazer festas lá nos Quintos dos Infernos. O Satanás ia adorar!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Um bom texto sem censura

Um bom texto sem censura

 

Professor Nazareno*

 

Eu sempre gostei de escrever textos. Sou professor de Redação já aposentado e também sou jornalista formado em uma universidade e com pós-graduação. Gosto ainda de ler bons livros e o faço sempre que tenho tempo. Tenho um blog (Blogdotionaza) que deve ter uns oito ou dez leitores. Alguns sites de Porto Velho e de Rondônia sempre tiveram muita paciência com os meus escritos e às vezes até publicam o que eu escrevo. Não sei se isto aumenta ou diminui o número de leitores deles. Mas desde já agradeço a boa vontade dessas publicações. Por isso, hoje decidi dizer que sempre fui a favor de qualquer governo. Até mesmo o de Jair Bolsonaro, que foi visto por mim com muitas restrições. O atual governo do PT e de Lula é uma graça divina que chegou aos brasileiros. O governo estadual do coronel Marcos Rocha é uma das maiores bênçãos que já tivemos.

Já o governo municipal de Porto Velho, com o “Doutor” Hildon Chaves, é uma das maiores bênçãos que essa cidade já teve. Saneamento básico, água encanada, mobilidade urbana, limpeza, comodidade, total ausência de lixo e de sujeira nas ruas, dentre outras benfeitorias, é a marca maior desse inesquecível líder. Por isso, Lula, Marcos Rocha e Hildon Chaves, os nossos maiores representantes, são para todos nós como se fossem enviados de Deus. Homens, íntegros, competentes, populares. Nunca se esqueceram dos pobres e dos necessitados. Os três são para todos nós como um Jesus Cristo, um Maomé ou até Mahatma Gandhi. Além disso, temos outros órgãos de grande excelência por aqui. A Câmara Municipal de Porto Velho, por exemplo, é uma espécie de “Parlamento Mundial” devido sua grande importância para todo cidadão porto-velhense.

É muito estranho que nem na Câmara de Vereadores de Porto Velho, muito menos na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, nem no Congresso Nacional não exista nenhum parlamentar com o nome de Jesus Cristo, Martin Luther King ou até mesmo de Nelson Mandela. Já na mídia de Rondônia, que é uma das maiores defensoras da democracia, não existe nenhum tipo de censura. Sempre fiel aos princípios igualitários, nenhum texto, de qualquer leitor, jamais fora proibido de ser publicado. Jornalistas sérios, astutos, comprometidos, que jamais se venderiam a políticos de plantão, deixam a imprensa rondoniense isenta de qualquer mancha ou nódoa. Como a imprensa mundial. New York Times, The Times, Il Messaggero de Roma, El País, Le Parisien, Bild Zeitung da Alemanha ficam no chinelo se forem comparados à imprensa “sem cor” de Rondônia.

A maioria dos leitores e dos eleitores de Rondônia, que estão se preparando para a Banda do Vai Quem Quer e para tantas outras folias do redentor Carnaval e que são pessoas inteligentes, bem preparadas, astutas, intelectuais e muito bem informados, leem e discutem tudo o que se publica por aqui. O que seria de Porto Velho e de Rondônia se não fosse essa “mega imprensa” muito comprometida que temos? Fome e problemas sociais no Brasil e em Rondônia? Nunca, jamais existiram! Somos, hoje, candidatíssimos a potência mundial. Temos uma das melhores qualidades de vida. A BR-319 só vai trazer mais progresso e mais desenvolvimento aos que já temos. Rondônia e Porto Velho são potências adormecidas que mais se parecem com o Primeiro Mundo. O mais correto seria censurar o Professor Nazareno, um pessimista que nada traz de futuro para este lugar tão bem-aventurado. Orgulho de Porto Velho e de Rondônia, mano! Deus é mais! Certo?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Botafogo, timinho de várzea!

Botafogo, timinho de várzea!

 

Professor Nazareno*

 

            O Botafogo do Rio de Janeiro já foi glorioso como diz o seu hino. Da mesma maneira que o fracassado, decadente e péssimo futebol brasileiro, cinco vezes campeão mundial. Ambos enfrentam hoje uma das maiores derrocadas desse esporte em todos os tempos. Jogando pela Copa Internacional de Clubes no Qatar, o fraco time carioca proporcionou uma das maiores vergonhas de que se tem notícia. Muito pior do que aqueles 7 X 1 que o Brasil sofreu contra a Alemanha na Copa de 2014. Os alvinegros sofreram uma solene goleada de 3 X 0 jogando contra o desconhecidíssimo Pachuca do México. Os mexicanos não só impuseram uma humilhante derrota aos brasileiros como também dominaram o jogo o tempo inteiro e mostraram aos orgulhosos alvinegros como se disputa o verdadeiro campeonato: com garra, disposição, tática e bom domínio de jogo.

            Os botafoguenses foram campeões da Taça Libertadores, mas jogando contra o Atlético Mineiro, um time também muito fraco e que antes já proporcionou outra vergonha: quando disputou o mesmo campeonato mundial e foi derrotado na estreia por um tal Raja Casablanca do Marrocos. O Botafogo foi campeão brasileiro em 2024, mas também sem muita euforia. Derrotou o Palmeiras dentro do Allianz Park de São Paulo e na partida final do Brasileirão, o bisonho time do São Paulo F. C. praticamente entregou o jogo aos alvinegros. Isso para não ver o rival alviverde paulista levantar a taça. O futebol brasileiro acabou, faz tempo. O Brasil se dará por satisfeito se sua fraca seleção nacional conseguir se classificar para a próxima Copa do Mundo na América do Norte. Isso jogando contra times de segunda e terceira categorias como Colômbia, Equador e Bolívia.

            A desenvolvida Europa é quem manda hoje no futebol mundial. O Brasil, assim como a África e a Ásia, são as periferias do esporte. O pior é que o Botafogo chegou todo empolgado para esse campeonato. Escalou um time reserva para enfrentar os poderosos mexicanos. Ainda bem que perdeu só de 3 X 0. Se por acaso tivesse ganhado, enfrentaria o Al-Ahly do Egito que, dizem, é muito melhor do que o time mexicano. A goleada teria sido maior. E se, ainda por acaso, tivesse que enfrentar o Real Madrid, a goleada seria de uns 10 X 0 para os espanhóis. Os botafoguenses estão comemorando a derrota para os mexicanos, pois se livraram de uma das maiores vergonhas da sua fracassada história. O nosso futebol hoje é só mutretas. É usado pelas máfias de apostas e muitos jogadores já entraram no esquema. Em campo, é tudo jogo combinado, só para inglês ver. Vergonha!

            Tolo é quem perde seu precioso tempo para assistir a esses jogos de araque. Até em Rondônia, pasmem, apareceram vários botafoguenses de última hora dizendo que estavam torcendo pelo “timeco da estrela solitária”. Aliás, se esse time carioca viesse jogar na “Arena Aluizão” de Porto Velho perderia até para um tal Genus. Botafogo, Flamengo, Palmeiras, Vasco, Fluminense, Cruzeiro, Grêmio e até mesmo a seleção brasileira são atualmente times de terceira categoria se forem comparados às grandes esquadras da Europa e até mesmo do “México”. O falido futebol do Brasil vive só do passado. Nada mais. Os otários torcedores, aqueles que dão a vida pelo seu time, vivem também da mentirosa letra dos hinos. O do Botafogo, por exemplo, diz: “foste herói em cada jogo, Botafogo. Por isso és nosso imenso prazer. Tu és o glorioso não podes perder, perder para ninguém”. Só que foi goleado pelo Pachuca. Prazer? Esse time só dá é agonia.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Já fiz muito por Porto Velho

Já fiz muito por Porto Velho

 

Professor Nazareno*

 

            Moro nesta “antessala do inferno” há quase meio século. E durante todo este tempo nunca me cansei de trabalhar pelo bem da cidade e de todos os seus moradores. Outro dia, depois de uma bruta ressaca de cachaça ruim, sonhei que tinha sido eleito deputado federal para representar a cidade mais suja e imunda do Brasil e também todos os seus distintos e esclarecidos habitantes. Em Brasília, corria feito um louco atrás de verbas para beneficiar a cidade que tem o pior hospital público do país, o “açougue” João Paulo Segundo, tem a pior qualidade de vida dentre as 27 capitais e em 2024 teve também o pior ar para se respirar. Era eu o maior responsável pela criação do lindo, aconchegante, funcional e prestativo porto rampeado que existe ali no Cai N’água no rio Madeira. Junto à Santo Antônio Energia consegui verba para presentear a cidade com esta modernidade.

O aeroporto de Porto Velho praticamente não tem voos regulares. O deputado federal aqui resolveu, ainda que em sonho, o problema. Permitindo a possibilidade de ligação aérea até com Guayaramerín na Bolívia. Já no quesito arborização, fiz o que pude. Com verbas públicas, mandei arrancar todas as árvores da Avenida Tiradentes e livrei todos os moradores daquela região dos constantes alagamentos que havia por que as raízes delas quebravam os esgotos que não existiam. Já a grama da cidade, esturricada por falta de água, não perde a oportunidade de ver as primeiras chuvas, que um dia virão. Ninguém sabe o que é Porto Velho sustentável, mas fui eu que organizei e trabalhei para isso. Existe fumaça tóxica na cidade? Isso é muito bom. Significa que o agronegócio está produzindo e que por causa disso, em pouco tempo, ninguém passará mais fome na capital Karipuna.

Como deputado federal eu nunca tive 84% de popularidade, mas mandei retirar as lâmpadas da “ponte escura do suicídio”. As pessoas que passarem por ela à noite têm que apreciar a beleza do rio Madeira sem ter uma infinidade de lâmpadas acesas só para atrapalhar aquela romântica visão. O pôr do sol no rio Madeira foi transformado junto com os ratos e urubus em patrimônio imaterial da humanidade só por causa de uma proposta minha. Por minha causa também, a BR-319 foi devidamente asfaltada e a ponte escura finalmente terá utilidade. E a serventia dessa estrada asfaltada é algo “indizível” para madeireiros, grileiros, posseiros, garimpeiros, invasores de terra, incendiários da floresta. Na década de 1980, a BR-364 pariu Rondônia, o desmatamento, o garimpo de mercúrio, a grilagem de terras, a morte de índios, o fogo na mata. O que trará a BR-319?

O “Built to Suit” fantasma de Porto Velho, a pífia rede de esgotos de uma capital que tem menos de 3% de saneamento básico, o abastecimento de água para apenas 35% da população, a péssima mobilidade urbana, a nova rodoviária que nunca será inaugurada, os viadutos tortos e íngremes, a sujeira da cidade, a torta Avenida Santos Dumont, a ponte ainda escura do Madeira, os igarapés sujos e imundos que cortam a cidade, e até a Banda do Vai Quem Quer produzindo sujeira e lixo todos os anos. Tudo isso é obra minha. Implorei aos 21 vereadores, conservadores e reacionários, que ficassem todos ao lado do prefeito que se vai. Além do mais, pedi à Assembleia Legislativa para presentear com dinheiro público todos os funcionários lotados ali. Os Comissionados e os efetivos! Somente os professores do Estado é que não poderão receber nada. Já ganham muito bem. Porto Velho, uma potência por minha causa. Então, viram por que a capital subiu o nível?

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Erário: a volta dos Marajás!

Erário: a volta dos Marajás!

 

Professor Nazareno*

 

        Em 1989, na primeira eleição direta para presidente depois da Ditadura Militar, Fernando Collor de Mello foi eleito para o Palácio do Planalto baseando a sua campanha numa das maiores mentiras desse país: a caça aos Marajás. O povão ignaro, como sempre, acreditou na lorota e mais de 35 milhões de eleitores elegeram o alagoano. Já naquela época, Collor denunciava o que muitos brasileiros faziam e ainda hoje fazem com o Erário nacional: dilapidam-no em proveito próprio. Eleito, não conseguiu erradicar a praga que via como um dos maiores atrasos do Brasil. Sequer ele conseguiu colocar ordem na casa. A farra com o dinheiro dos nossos suados impostos prosseguiu, aumentou e continua sugando o país até hoje. Os poderes Legislativo e Judiciário são os campeões na gastança. Em alguns casos, salários de 300 ou de 400 mil reais por mês já viraram uma triste rotina.

       No Brasil sempre funcionou assim: o Poder Executivo arrecada os impostos e os divide repassando para os outros poderes, que muitas vezes se aproveitam para fazer “cortesia com o chapéu alheio” sem sequer olhar para as reais necessidades da população como um todo. Praticamente não há uma só assembleia legislativa dos estados ou uma Câmara de Vereadores dos milhares de municípios do país que não contratem multidões de funcionários comissionados e também, na maioria dos casos, façam farra com o dinheiro repassado pelo Executivo. No Judiciário, a gastança absurda também não fica para trás. Muitas vezes uma simples “auxiliar de serviços gerais” sem muita escolaridade ganha por mês cinco ou até dez vezes mais do que um professor com licenciatura plena. Covardia tentar comparar regalias dos poderes Legislativo e Judiciário com o Executivo.

  Recentemente a Assembleia Legislativa de Rondônia, por exemplo, deu “uma pequena ajuda” para os seus funcionários. Presenteou-os com pelo menos cinco mil reais em moeda corrente. Mas houve briga, pois havia quem quisesse dobrar essa quantia. Detalhe escabroso: a maioria dos funcionários da ALE/RO são comissionados, ou seja, não fizeram nenhum concurso para “trabalhar” naquela repartição pública. Óbvio que Papai Noel deve também ter passado em algumas repartições do Poder Judiciário e até dos Ministérios Públicos. Enquanto isso, os funcionários do Poder Executivo ficaram “a ver navios”: lisos e sem nenhuma ajudinha extra em seus contracheques. E isso não acontece somente aqui, mas infelizmente no país inteiro. O jornalista Rubens Coutinho fez um artigo e reclamou do “bife com manteiga de uns e da cuia de farinha da maioria”.

      Se o poder público realmente estivesse interessado em resolver ou até mesmo amenizar as mazelas do país, “entrava de sola e com muita seriedade” nessa questão e não incentivava o desperdício de dinheiro público. Proibia-o! E punia quem fizesse o contrário. Fernando Collor tinha razão em parte daquilo que propunha: acabar com os Marajás. Ele viu o problema e o usou para se eleger. Depois esqueceu. Essa dinheirama toda gasta inutilmente daria para fazer quantos “Built to Suit” para a população pobre e miserável de Porto Velho? Quantos quilômetros de esgotos não seriam feitos por aqui? Já pensou toda a população porto-velhense tendo acesso à água tratada? Mas, como “farinha pouca, meu pirão primeiro”, o importante é eu sair ganhando algo. “O resto que se dane!” De um modo geral, o Brasil inteiro pensa assim também. Se não pensasse, nenhuma instituição pública teria funcionário comissionado. Existem Marajás no Brasil?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.