domingo, 30 de junho de 2013

Tristeza infeliz: o Brasil venceu a Espanha



Tristeza infeliz: o Brasil venceu a Espanha


Professor Nazareno* 
                     

          Confesso que ainda estou triste e muito decepcionado: ontem fui às lágrimas com a lamentável vitória do Brasil sobre a Espanha pela decisão da Copa das Confederações de futebol edição 2013. “Não pode ser, estou sonhando um sonho infernal. Isto é um pesadelo sem fim. Por que isto acontece com o país exatamente numa hora dessas?”, bradei de tristeza profunda após o fatídico jogo. O Brasil não merecia ganhar nada no futebol e principalmente da poderosa Espanha, a fúria, primeira colocada no ranking da FIFA, vencedora da última Copa europeia de futebol e última campeã do mundo na África do Sul. Uma verdadeira desgraça se abateu sobre todos os brasileiros. Não merecíamos esta dose cavalar de amargura e descontentamento. Por um bom tempo não vou conseguir encarar as pessoas nem esconder o meu infortúnio.
            Diante da situação política atual vivida pelo Brasil com multidões tomando as ruas para protestar contra o Poder Público, a corrupção e os desmandos, esta vitória é uma “pá de cal” nas pretensões de se ter um país melhor, já que este esporte é utilizado pela elite para anestesiar o povo otário que “dá o mundo e o fundo” pelo futebol. A cada jogo ganho pelos “canarinhos” aumentava a sensação de desmobilização geral dos protestos. Para o meu desespero, a cada partida, Galvão Bueno e outras malditas gralhas da alienação geral escancaravam suas bocarras para gritar os gols de Neymar e companhia. Nada mais triste e desolador ver pessoas vestidas com a horrorosa camisa amarela da seleção brasileira, deixando de ir a manifestações e transbordando de alegria e satisfação com gols de marmanjos alienados que ganham milhões só para jogar bola.
O meu calvário começou com o jogo contra o Japão. Torci feito um louco pelos asiáticos achando que teria minha primeira alegria na competição, depois esperei que os mexicanos me dessem o supremo encanto de vencer os tolos brasileiros. O retrospecto com o México até que ajudava. A seguir, apostei na Itália de Balotelli e até vibrei com os dois golaços dos italianos. No jogo seguinte, cheguei a lamentar o pênalti perdido por Forlán, e vibrei com o gol do Uruguai. “A hora chegou”, pensei quando veio o empate. Nada derrotava os miseráveis brasileiros. Parecia uma urucubaca dos infernos. Como se sentir um torcedor feliz e patriótico depois que ex-atletas como Pelé, Ronaldo e Bebeto “defecaram pela boca” ao darem declarações absurdas com relação às manifestações cívicas que estavam contaminando os brasileiros de norte a sul?
Jogando em casa e com a ajuda da torcida, ganhar da cansada e esgotada Espanha foi fácil, embora tenha havido rumores de que com a crise econômica no país ibérico e a crise política no Brasil, e com o intermédio da FIFA, os espanhóis teriam vendido a vitória para agradar aos dois lados. Com milhões do nosso suado dinheiro gastos para construir estádios “padrão FIFA” em vez de hospitais, escolas, saneamento básico, não era possível torcer por um resultado satisfatório. O ex-presidente Lula e o PT resolveram fazer estes eventos no nosso país sem consultar ninguém. E por isso deu no que deu: estupraram o Erário e se esqueceram do povo sofrido jogado nas sarjetas. Como agora sair às ruas com o povo entorpecido? E como já foi feito na Copa de 1970 na conquista do tricampeonato, a repressão pode aumentar contra os manifestantes.
A porcaria da seleção brasileira ganhou essa maldita Copa e agora tudo vai voltar ao que era antes: filas enormes nos péssimos hospitais, falta de médicos, falta de remédio, falta de escolas públicas de qualidade, corrupção, desmandos, roubos, falcatruas, viadutos e pontes inacabadas, transportes públicos caindo aos pedaços, lixo, sujeira, políticos canalhas, ônibus caros, sujos e lotados, salário miserável, exploração,  inflação, impunidade, vandalismo das autoridades, mas todo mundo feliz, afinal o Brasil venceu a Copa das Confederações. Porém, quem, além dos envolvidos, ganhou alguma coisa? Os torcedores agora farão cartas de 70 ou 100 metros para Neymar. E não se pode reclamar de mais nada no país. Fomos campeões e era isso o que mais interessava. Só faltaram o Lula, o PT e os políticos corruptos para entregar a taça aos vencedores.



*É Professor em Porto Velho.

domingo, 23 de junho de 2013

Monstro acéfalo com o dono bêbado



Monstro acéfalo com o dono bêbado


Professor Nazareno*

             A recente onda de manifestações e protestos que varre o país de norte a sul e que já entrou para a História como a “semana que mudou o Brasil”, serviu para mostrar ao mundo algo que há muito tempo já tínhamos esquecido por aqui: a força do povo nas ruas. Deflagrada inicialmente por causa do aumento das tarifas de ônibus urbanos em São Paulo e da violenta repressão policial ao movimento, a revolta popular se espalhou como um rastilho de pólvora pelo país inteiro. Do Amapá ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Acre, a insatisfação levou milhares de manifestantes furiosos às ruas para reivindicar dos seus governantes melhorias na saúde, educação de qualidade, mais saneamento básico, transparência com a coisa pública, fim da PEC-37, fim da corrupção, fim dos privilégios dos políticos, rejeição ao Projeto da “cura gay” e também para denunciar os elevados gastos com a organização dos grandes eventos mundiais realizados pelo Brasil como a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.
            O movimento foi acusado equivocadamente de não ter um ideal ou um foco específico. Tolice: a insatisfação com os péssimos serviços públicos oferecidos pelo Estado e o vandalismo que se pratica impiedosamente há anos contra o povo sofrido, explorado e humilhado deste país desencadearam os atuais protestos. O grande problema é que estes manifestantes não tinham e nem têm uma liderança que os guie de forma segura, firme e coerente. A espontaneidade das manifestações ditou os protestos. Os jovens usando as redes sociais deram o tom idílico e até romântico às reivindicações. Mas não nos enganemos: a maioria dos eleitores, aqueles que em toda eleição votam em “Zequinha Araújo, Marco Feliciano, Confúcio Moura, Epifânia Barbosa, Ana da 8 e Fernando Collor da vida” não estava participando dos protestos e no próximo ano pode dar o troco a nós, “vândalos e baderneiros” que participamos das reivindicações. Não se pode subestimar a esperteza de quem sempre foi contra qualquer mudança social.
            Além do mais, aqueles que saíram às ruas, em grande parte dos casos, foram para apenas fazer fotos para postar no mesmo Facebook que os empurrou para lá. Despolitizados em sua maioria e sem a menor leitura de mundo sobre a importância histórica desses acontecimentos, muitos viram aquilo como mais uma festa. Porém, valeu a pena, pois meteu medo nos políticos e a mensagem que ficou foi: “estamos vivos e acordamos da longa escuridão e inércia a que nos submeteram”. Todos nós esperamos que não tenha sido só “fogo de palha” e que esta mobilização continue firme para o próximo ano com eleições presidenciais e Copa do Mundo. A fragilidade de um Governo corrupto, frouxo, desgastado, acuado e aliado a políticos canalhas e ladrões, que não aguenta nem dois dias de pressão vinda das ruas, sinaliza que os protestos devem continuar até se conseguir outras grandes e importantes conquistas que nos beneficiem. Este país, que é dos brasileiros honestos, precisa ser passado a limpo.
Avessos ao partidarismo tradicional e com ódio extremo dos políticos em geral, os manifestantes disseram com estes atos que não aguentam mais as inúmeras obras paradas, a inoperância e a incompetência das autoridades e principalmente a corrupção generalizada e a impunidade. Se os mensaleiros, que já foram julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal, não forem presos, a Copa do Mundo devia ser cancelada no país. Em Rondônia, a situação parece ser pior, pois estamos sujeitos a governantes fracos e pusilânimes, ou seja, pessoas que se travestiram de autoridades e conseguiram enganar a todos nós. Os viadutos parados, a ponte inacabada do Madeira, o hospital João Paulo Segundo, o abandono da capital Porto Velho, os escândalos nas Prefeituras, Câmaras de Vereadores e na Assembleia Legislativa do Estado, a roubalheira generalizada e a falência do Estado com as suas inúmeras greves precisam de soluções urgentes. O monstro saiu às ruas e quem deveria cuidar dele está “bêbado” e não tem a menor responsabilidade e nem moral suficiente para contê-lo. Indignação, não há melhor palavra para justificar esses levantes populares no Brasil de junho de 2013.



*É Professor em Porto Velho.

domingo, 16 de junho de 2013

Educação: as lições de Juazeiro do Norte



Educação: as lições de Juazeiro do Norte

Professor Nazareno*

            A cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará, conhecida no Brasil inteiro por causa do Padre Cícero e de suas romarias, passa agora ao anedotário nacional como sendo um dos únicos lugares do mundo a “inovar” na área da Educação. Recentemente a Câmara de Vereadores da cidade aprovou um projeto do prefeito Raimundo Macedo, do PMDB, que reduz em até 40 por cento os salários dos professores. O corte nas gratificações vai afetar quase dois mil docentes que atuam na rede pública municipal da cidade. Para a Prefeitura, foi a única maneira de ajustar a folha de pagamento. A Secretaria de Educação local afirmou que havia contratações demais e excesso de horas extras. Segundo o órgão, isso impedia o investimento em outros setores. “Pintura, retelhamento, banheiros entupidos, muita coisa a ser feita. Com a folha desse jeito era impossível fazer as duas coisas: pagar muita gente sem necessidade e consertar as escolas”, disse a secretária de Educação, Célia Viana, para defender as medidas.
Em Rondônia, os professores da rede estadual e os municipais de Porto Velho também estão em greve. Se as lições de Juazeiro do Norte e do PMDB, partido do então governador do Estado, Confúcio Moura, forem seguidos à risca e a moda “pegar”, os educadores rondonienses podem ir se preparando para o pior. Os dois médicos que administram o Estado e a sua capital podem querer reformar as escolas e por isso já têm de onde tirar os recursos até por que um professor ganha muito bem em Rondônia. O problema é que esses profissionais querem esnobar. Qual a necessidade, por exemplo, que um professor tem para querer ir de carro dar aulas? Muitos deles querem comer três vezes ao dia e só tomam água se for gelada. Um absurdo. Conheço muitos colegas professores que têm até automóvel. Se todo mês eles colocassem metade do que ganham numa poupança, estariam bem melhores de vida e todo final de ano ficariam “nadando” na grana. E o pior: todos, sem exceção, desfrutam de descanso semanal.
Desse jeito não há orçamento público que aguente. E como não há a menor necessidade de se investir em Educação de qualidade, o nosso país poderia muito bem dispensar estes profissionais totalmente descartáveis e talvez por isso aquela Prefeitura lá do Ceará já começou a sua política de contenção de gastos desnecessários. Educação de excelência é um mimo que poucos países têm e o Brasil prescinde totalmente deste requisito se quiser ser uma potência de verdade. O importante é investir na política e  nos políticos. Um vereador de Juazeiro do Norte ganha por mês o equivalente a sete ou oito professores. Em Porto Velho, essa quantia é bem maior e consequentemente mais justa. O trabalho árduo que um “parlamentar mirim” faz em prol do seu município é infinitas vezes mais importante do que a faina diária de um simples educador. A Câmara de Vereadores de Porto Velho, por exemplo, é a vanguarda das sábias e importantes decisões que norteiam e direcionam a vida de todos nós, simples moradores.
            Seria tolice comparar a função de um vereador ou de um político qualquer com a de um reles professor. Enquanto aqueles suam e batalham pela felicidade geral, este é um reacionário que muitas vezes “enche de minhocas” a cabeça dos alunos. Se eu fosse o governador de Rondônia ou o prefeito de Porto Velho fazia como o ilustre administrador da terra do “Padim Ciço”: não dava um único vintém furado a nenhum educador metido a revolucionário, já que todos têm um excelente salário e as escolas precisam de reformas. Já poderiam até acionar a COE para “dialogar” com esses formadores de opinião. Quer ganhar bem? Mostre serviço para ser merecedor do que reivindica. Um vereador de Porto Velho, segundo o site G1, recebe a irrisória quantia de sete mil e quinhentos reais de salário, mais igual valor de verba parlamentar e em 2014, esse salário será de 12 mil reais. Muitos devem estar passando necessidades enquanto os folgados professores, estaduais e municipais, querem “falir os cofres públicos” com suas abusadas campanhas salariais. Precisamos investir em futebol, pois estamos com a Copa das Confederações e às vésperas de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Tomara Deus, e Padre Cícero, que o exemplo vindo do Ceará tome logo conta do Brasil.



*É Professor em Porto Velho.

domingo, 9 de junho de 2013

Porto Velho não precisa de viadutos




Porto Velho não precisa de viadutos

Professor Nazareno*

        Já há quase seis meses à frente do Executivo municipal, o prefeito Mauro Nazif, uma espécie de Eisenhower da Amazônia, parece não estar muito preocupado em terminar as obras dos vários viadutos que “enfeitam” a entrada e a saída de Porto Velho nos dois sentidos. Muito tranquilo, o nosso maior gestor parece também não querer dar andamento às inúmeras outras obras necessárias para tirar esta cidade do buraco em que sempre esteve. Sem nenhuma qualidade de vida digna para seus habitantes, a nossa capital ostenta um dos piores IDH’s dentre as capitais do Brasil além de ter apenas dois por cento de saneamento básico e menos de três por cento de água tratada segundo dados do Instituto Trata Brasil. E isto apesar de estar estrategicamente localizada às margens de um dos maiores rios de água potável do planeta, o já estuprado e dominado rio Madeira. Nazif e sua equipe reclamavam do excesso de chuvas, mas mesmo com a chegada do verão, a cidade continua muito pior do que Roberto Sobrinho a deixou.
            A principal das inúmeras obras inacabadas da capital dos rondonienses são os viadutos, claro. E o atual prefeito está com medo de mexer naqueles elefantes brancos. Muitos dizem que aquilo ali é a catacumba do PT de Rondônia e como no Brasil profanar túmulos é crime, é melhor deixar tudo quieto mesmo. Além do mais, os porto-velhenses não precisam de viadutos como existem nas grandes cidades. Para quê diabos uma cidade caipira como a nossa vai precisar de elevados e viadutos? O idiota que teve a infeliz ideia de construir “aquelas tumbas amaldiçoadas” devia ser preso por burrice e falta de planejamento com o dinheiro público. Se há problemas com o trânsito caótico,  a solução mais viável e inteligente seria investir na melhoria dos transportes coletivos. Aqueles monumentos horríveis na entrada da cidade mal vão resolver o caos do local onde estão situados. Mas é assim mesmo: matuto é uma desgraça, vê algo na cidade grande e logo quer imitar achando que vai resolver os seus problemas.
Com relação à ponte do rio Madeira, “a que liga o nada a coisa alguma”, a conclusão da obra simplesmente foi adiada mais uma vez. A data agora é julho do próximo ano. Provavelmente vão dar um “jeitinho” e trazer a Presidente do país, em plena campanha eleitoral, para inaugurar o lúgubre monumento. São quase 300 milhões de reais jogados fora. E tem muita gente que aplaude o desperdício. Os defensores daquela “homenagem à estupidez” agora estão com cara de cachorro defecando na chuva: o fato é que um dos responsáveis por aquilo ainda não tem certeza da data de conclusão da desnecessária obra. Trezentos milhões de reais investidos em educação, saúde ou saneamento básico numa cidade imunda e sem infraestrutura como Porto Velho faziam muita diferença. Mas quem veria esta grana se fosse investida embaixo da terra? É bem melhor ver uma obra medonha que faz jus à “esperteza e a capacidade dos nossos políticos” e ainda assim morar na lama e na imundície de uma cidade porca.
            Recentemente, até os vereadores de Porto Velho, acostumados a não fazerem nada de futuro em benefício da cidade e de seu povo, iniciaram um movimento para protestar contra as obras paradas. Tentaram criar até uma “comissão pró-viadutos”, mas se aquietaram quando perceberam que pontes e viadutos não combinam com a rotina de matutos e capiaus. Além de não terminar jamais esses viadutos e nem interceder pela ponte do Madeira, obras que já demonstraram não ter nenhuma serventia para os habitantes desta capital, o Doutor Mauro devia mandar destruir todos os outros monumentos da cidade. Assim, ficaria mais conhecido e daria um sentido mais útil ao seu mandato. As Três Caixas d’Água, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, o Trevo do Roque, o Estádio Aluízio Ferreira, a “Arena Aluizão” com seus quase quatro mil lugares e outras velharias, que só enfeiam ainda mais Porto Velho, seriam riscados do mapa. Entusiasmo para isso não falta, pois o nosso prefeito anda muito empolgado: vamos fazer o possível para que Porto Velho seja a melhor cidade da região Norte e quiçá do país”, disse recentemente o seu irmão, Gilson Nazif, que o ajuda a nos administrar. Pelo visto, Mauro Nazif é o único prefeito a dar um “choque de gestão” (digestão) na cidade.


*É Professor em Porto Velho.