segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Brasil administrado de fora



O Brasil administrado de fora

Professor Nazareno*

Desde o seu descobrimento em 1.500 que o nosso país sempre foi pessimamente administrado. Disso quase todo mundo sabe. O Brasil além de ser uma porcaria, uma espelunca como nação independente, sempre foi um dos piores lugares para se viver. E com razão: embora sejamos uma das maiores economias do mundo, ostentamos uma qualidade de vida pior do que muitos países miseráveis da África. O que muita gente não sabia é que todos estes problemas têm jeito: basta entregar a administração deste país aos estrangeiros. Norte-americanos, franceses, japoneses ou alemães poderiam nos governar de agora em diante que todos os entraves nacionais seriam resolvidos e passaríamos então a gozar de um alto IDH e fazer inveja a muitos lugares como Zaire, Uganda, Sudão do Sul, Eritreia, Serra Leoa e até a Bolívia, a nossa vizinha pobre. Nas nossas próximas eleições, brasileiros natos não poderiam se candidatar a nada.
            O Brasil sempre foi mal administrado porque grande parte dos homens públicos que estiveram no poder são ladrões, corruptos e facínoras que só pensam em ficar ricos à custa do sofrimento da população que trabalha, muitas vezes honestamente. Por isso que existe tanta violência, pobreza e miséria entre nós. Para acabar de vez com todos estes escândalos na política e em quase todos os outros setores da vida nacional, colocaríamos pessoas de “cultura superior” à nossa como os já citados anteriormente. Claro que os estrangeiros, como já administram bem as suas nações, não nos decepcionariam em nada. O Poder Executivo do Brasil teria um sujeito de nome Theodore, François, Gerhard ou Yamamoto. Bem melhor do que os ridículos nomes de Lula, Dilma, Itamar, Fernando Henrique ou mesmo Getúlio. Todo o Ministério seria composto também de cidadãos civilizados que não costumam roubar (muito).
            Com a eleição dos estrangeiros substituiríamos todos os políticos canalhas que temos. Os novos mandatários mudariam também a estrutura administrativa do país. O Acre, por exemplo, seria devolvido de imediato aos bolivianos e para ficar no lucro, pediríamos de volta o cavalo que demos em troca do nosso vizinho e charmoso Estado. Como não serve para nada além de dar vergonha e prejuízos à Federação, Rondônia seria rifada entre o Haiti e a própria Bolívia. Pediríamos apenas algumas cabras em troca. A Paraíba seria extinta para sempre. Outros estados que não conseguissem se sustentar sozinhos teriam idêntico fim. O Nordeste faria o papel que a terra de Fulgencio Batista fez para os Estados Unidos antes da década de 1960 e somente algumas províncias do Sudeste e do Sul do país teriam vida própria. A Amazônia seria finalmente administrada pelos estrangeiros. Autoridades sérias nos governando seria algo inédito. E para felicidade geral, usar-se-ia a Bíblia em vez de Constituição.
            Como o nosso Hino Nacional é muito feio e complicado, claro que seria mudado de imediato. Em vez de Ordem e Progresso, a bandeira teria “aos trancos e barrancos”. O Ministério Público seria desativado, pois tem sido muito rigoroso ultimamente, mas o Poder Judiciário continuaria funcionando para poder dar lições à Suprema Corte dos Estados Unidos ou aos Tribunais da União Europeia. O STF, por exemplo, ensinaria como julgar e prender mensaleiros e a Justiça comum, nos Estados, mostraria como punir corruptos. No entanto, alguns políticos brasileiros, por serem probos e competentes, seriam aproveitados na nova administração para ensinar malandragem aos estrangeiros. Os petistas assumiriam qualquer Ministério cujo orçamento fosse superior a 27 milhões de reais. Já a OAB de Rondônia só lidaria com precatórios. Votando em pessoas de outros países para governar todos nós pelos próximos anos, talvez tivéssemos melhores resultados do que temos agora com brasileiros administrando brasileiros. Será que a ONU ou outro organismo poderia nos ajudar nesta árdua tarefa?



*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Infanticídio Nacional




Infanticídio Nacional


Professor Nazareno*


        Depois que a mídia divulgou cenas de um menor assassinando friamente um estudante universitário em São Paulo, cresceu assustadoramente no país inteiro o clamor para que se aprovasse a diminuição da maioridade penal. Sob fortes emoções, as redes sociais foram inundadas de pedidos de apoio para que a idade de receber castigos e punições fosse urgentemente diminuída para 16 anos. Sempre que acontece um fato grave com repercussões fantasiosas, a sociedade, cristã, responde com mais brutalidade e se ilude dizendo que vai discutir o fato. Foi assim, com a morte do garoto João Hélio, arrastado covardemente pelas ruas do Rio de Janeiro em 2007 e com muitos outros exemplos Brasil afora. Depois, tudo se acalma, a mídia não relata mais nenhum caso e a rotina volta escandalosamente ao normal. Mas não devia, pois ao ano o Brasil registra 50 mil assassinatos e 60 mil mortes no trânsito. Qual guerra mata tanta gente assim?
            Além de burra e desinformada, grande parte da sociedade brasileira também tem memória curta. Diminuir a idade de pessoas só para puni-las não vai abaixar os índices de violência nem resolver o caos em que vivemos, pois a nossa Justiça geralmente não pune adequadamente os infratores além de estar engessada a uma legislação frouxa e leniente com bandidos. O assassino confesso da garota Raíssa Lopes em Porto Velho, por exemplo, tem 19 anos e ainda está solto. No Brasil, há a crença de que só quem rouba potes de margarina ou outras quinquilharias é punido de forma exemplar. Ladrões de 27 milhões de reais ou bandidos cruéis e perigosos são liberados e perdoados facilmente. Diminuir a maioridade só para punir é uma proposta estúpida, pois ataca a consequência e não a causa do problema. Por interesse, os políticos defendem o tema só por que, pensando que terão mais segurança, os eleitores também aceitam o absurdo.
            Antes de propor o holocausto juvenil, a sociedade deveria cobrar das autoridades uma educação de qualidade para as nossas crianças e jovens. Isso, sim, seria uma aposta boa para o futuro de qualquer nação. Há 36 anos que vendo esta mercadoria e nela sempre acreditei: educação continuada e inclusiva. Mas os brasileiros de modo geral preferem investir em outras prioridades. É “marcha do orgulho gay”, “passeata para Jesus”, carnaval fora de época e outras prioridades excêntricas e desnecessárias. Mas exigir seus direitos, ninguém quer. Nem lutar por uma sociedade mais humana. Em São Paulo, que lota as ruas com milhões de participantes, apenas 200 “gatos pingados” protestaram contra a violência. Em Porto Velho, a cidade que se orgulha de ter uma banda de 150 mil foliões, foram apenas umas 90 pessoas às ruas. A frase “bandido bom é bandido morto” só remete à barbárie, à burrice. O correto e aceitável é: “bandido bom é bandido preso, julgado, condenado e cumprindo sua pena sem as regalias da lei”.
            Baixando a maioridade penal para até dois anos ainda não resolverá o problema. A infância marginal e os menores delinquentes fomos nós, enquanto sociedade, que criamos. O menor abandonado é como um “ovo de serpente” e quem o choca é a própria sociedade. Levá-los para dentro de um estádio de futebol e fuzilá-los num belo dia de domingo seria também inútil e muito cruel e só daria alegria a alguns jornalistas e professores de Rondônia ou a outros maníacos, burros e arrogantes que, além de não terem propostas adequadas, não perceberam ainda que se trata de um problema social seriíssimo e que violência não se resolve com mais violência, mas com leis eficientes e escolas de excelente nível. A matança do Carandiru, por exemplo, e as chacinas quase diárias nas nossas metrópoles, além da condenação internacional, não nos trouxeram nada de bom até hoje e nem acabou com a violência. Logo, as mortes foram em vão, desnecessárias. E quem quiser adotar qualquer menor bandido, que o faça. Além disso, o Brasil deve entender: vingança e justiça são coisas completamente diferentes.


*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Roberto Sobrinho é inocente



Roberto Sobrinho é inocente

Professor Nazareno*

            Fiquei perplexo quando foi anunciada a prisão do ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. Como seria possível prender o “JK da Amazônia”? Não pode ser, claro que havia engano: Sobrinho foi o melhor prefeito que esta cidade já teve em seus quase cem anos de existência. Ainda bem que tudo não passou de um simples mal entendido que logo foi resolvido pela competência e celeridade da nossa Justiça. Basta olhar a cidade de Porto Velho para perceber o espanto das pessoas com esta ação talvez equivocada. Sua limpeza, seu planejamento urbano, suas limpas e asseadas ruas, a excelente coleta de lixo, a arborização impecável, o transporte urbano de fazer inveja a Londres ou Paris, a regularização fundiária e principalmente a nossa iluminação pública atestam e comprovam que este “eminente líder” foi um administrador que se destacou dentre todos os que ocuparam o Palácio Tancredo Neves. Todos somos prova disto.
O petista é inocente. Culpados somos nós, eleitores e munícipes pagadores de uma das mais altas taxas tributárias do mundo. Culpados somos nós que ficamos calados e não reclamamos nem nunca protestamos contra a corrupção, roubos, desmandos, injustiças, falta de saneamento básico, de saúde pública, de educação de qualidade, mas excesso de violência e outras mazelas sociais. Culpados somos nós por morar numa das piores cidades do mundo e que ostenta hoje um dos menores IDH’s dentre as capitais brasileiras. Somos também culpados por ter contribuído para colocá-lo no poder e também por não ter exigido da Câmara de Vereadores, na gestão passada, que fiscalizasse de fato todas as ações do ex-prefeito. Somos culpados por termos sido cúmplices de Roberto Sobrinho e de sua turma. Além das redes sociais, de que outra forma de protestos participamos ou lideramos contra o nosso ex-administrador?
Roberto Sobrinho é muito importante por tudo o que fez para o povo de Porto Velho. Tão importante que quase chegou a provocar um racha entre o Tribunal de Justiça de Rondônia e o Ministério Público. Que outro cidadão desta cidade e deste Estado conseguiria este feito inédito? Além do mais, Sobrinho quebrou um tabu: mostrou que a nossa Justiça é extremamente rápida e eficaz, já que em menos de 40 horas ele foi preso e teve o seu Habeas Corpus julgado. A nossa Justiça é o máximo, eu sempre acreditei nisto. Uma proeza como esta não é para qualquer um ser humano comum só mesmo para uma personalidade do tamanho e da importância dele. Nossos políticos são todos homens abençoados por Deus e como o país é sério, não há necessidade de punir um líder político só por causa de bobagens. Aqui, nem do sumiço dos 27 milhões de reais se fala mais, afinal esse dinheiro não ajudaria em nada mesmo.
Mas Roberto Sobrinho já é passado. Agora, a discussão é o pastor evangélico Marco Feliciano, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Um simplório, um bobo da corte, uma espécie de “boi de piranha” e que foi colocado no lugar certo e na hora certa apenas para fazer declarações infantis, absurdas e inconsequentes só para desviar a atenção da opinião pública brasileira com relação aos inúmeros problemas dos políticos ladrões, dos petistas envolvidos no mensalão, que ainda não foram presos e nem punidos, e do próprio Renan Calheiros, Presidente do Senado. Todo mundo sabe disso, mas quase ninguém admite e até aplaude publicamente o religioso de “sábias palavras”. Por isso, é possível que o ex-prefeito de Porto Velho seja também um inocente, um injustiçado. E se há dúvida quanto a isso, é só perguntar a um de seus advogados ou a qualquer militante do PT rondoniense, que terá uma resposta repleta de justificativas convincentes. No Brasil, tudo é possível.



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Marco Feliciano: acima do bem e do mal



Marco Feliciano: acima do bem e do mal 

Professor Nazareno*

            O pastor evangélico e Deputado Federal pelo Estado de São Paulo, Marco Feliciano, é um homem santo. Eleito recentemente para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, ele, sem querer e nem ter a menor vontade, deu início a uma intensa e inflamada polêmica nacional em defesa da família, da tradição e dos bons costumes. Injustiçado por grupos minoritários que inutilmente protestavam contra a sua liderança à frente dessa comissão, esse inconteste líder soube de forma pacífica e muito inteligente, contornar os possíveis obstáculos e enfrentar todas as situações adversas. Feliciano não pode e nem deve sair da Presidência da CDHM da Câmara, pois recebeu por aclamação o voto da maioria dos colegas deputados além de ter sido escolhido em eleições livres, limpas e democráticas para representar os paulistas obtendo o voto de mais de mais 212 mil cidadãos nas eleições de 2010.
       A saída de Feliciano pode indicar um retrocesso na frágil e jovem democracia que o nosso país vive. E isto não seria bom para ninguém. O deputado se submeteu a todos os trâmites legais e respeitou todas as regras do jogo, por isso é merecedor indiscutível do cargo que ora ocupa. Da mesma forma que o senador Renan Calheiros, não pode simplesmente sair porque uma minoria assim o deseja. Ao pastor são atribuídas declarações que teria dado em redes sociais e que são usadas pelos seus críticos como pretexto para apeá-lo do cargo. Dizer que os afrodescendentes são uma raça amaldiçoada por Noé é até possível para quem segue à risca a Bíblia. Óbvio que isto não é nem nunca foi a verdade, mas quantos brasileiros sabem disto? Desconhecer ou omitir propositadamente o colonialismo a que o continente africano foi submetido ou a importância do negro na nossa formação antropológica soa normal para muitos.
            As pessoas precisam entender que nem todos os humanos estão preparados para aceitar o diferente. Talvez por isso suas declarações sobre a união estável e os direitos dos homossexuais tenham incomodado a tanta gente. O papa Francisco também já se posicionou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Negros, homossexuais e participantes de qualquer outra minoria merecem respeito, assim como também aqueles que seguem determinadas religiões. Além do mais, as contribuições que a Igreja deu ao conhecimento e à ciência não podem ser simplesmente jogadas no lixo. Com a Igreja, aprendemos muitas coisas. Basta ir a um culto ou a uma missa para sair de lá como se a uma biblioteca tivesse ido. São muitas as contribuições dos religiosos e da religião para a compreensão do universo. Sem a Igreja e os seus bons ensinamentos, certamente hoje a humanidade ainda estaria na Idade Média.
            Por isso, entendo que o pastor Feliciano é o nome certo para suceder Dilma Rousseff. Ele ou qualquer outro religioso. Na Presidência, certamente o Estado brasileiro não seria mais laico. Silas Malafaia, Odilo Scherer, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e R.R. Soares poderiam ser Ministros de Estado. Teríamos um Estado cristão evangélico que poderia até se revezar com os cristãos católicos. Todos nós ganharíamos. Para deleite de muitos jornalistas de Rondônia, poderíamos até ter um Estado onde não haveria mais política de direitos humanos e minorias. Em vez de Constituição e códigos, todos já ultrapassados, seguiríamos somente a Bíblia e com ela ensinaríamos às futuras gerações como entender de forma clara o passado para viver bem o presente e traçar corretamente o futuro. Música Gospel em vez de samba e retiros espirituais em vez de Carnaval e futebol. Cientistas, poetas, intelectuais, professores, ateus e agnósticos seriam convertidos para melhor servir ao novo Governo. O Brasil seria outro. Então, Fica, Feliciano.


*É Professor em Porto Velho.