segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ser Homossexual não é Crime!



“Não há Problema em ser Homossexual”


Professor Nazareno*
        

O título deste artigo servirá para muitas pessoas, cultas ou não, conhecidas minhas ou não, amigas ou não, religiosas ou não, dizerem que até que enfim se “vingaram” de mim. “Ele é bicha, ele é boiola, ele queima a rosca, ele é gay. Eu já desconfiava disto”, muitos devem até comemorar. Se em vez de homossexual eu usasse a palavra macho, não haveria a reação negativa. E por quê? Simplesmente porque a maioria da sociedade rondoniense e brasileira é preconceituosa e não aceita nem tolera o diferente. Somos criados e educados geralmente para sermos hipócritas, preconceituosos e medíocres. A sexualidade ou a orientação sexual (e não opção como se pensa) de terceiros sempre nos diz respeito, nos incomoda. Sempre é da nossa conta, por incrível que pareça. E só deveria dizer respeito a nós próprios. O reconhecimento pelo STF de que a união entre pessoas do mesmo sexo gera direitos “tirou a máscara” de muitas pessoas que se diziam civilizadas e que achavam não ter preconceitos. A Bancada Evangélica no Congresso Nacional comemorou, apenas por questões políticas e interesses, a censura presidencial ao “Kit anti-homofobia”. “Vencemos, vencemos!”.  Venceram quem? Até quando? 
       Ser homossexual não é crime. Nenhuma lei no Brasil condena o homossexualismo. Crime é discriminar os gays, lésbicas e travestis. Homossexualidade não é doença e todas as Ciências garantem que é normal ser homossexual. Querer "curar" o homossexual é ignorância. Homossexualidade não é pecado. Os gays e lésbicas também se amam e foram criados por Deus. Jesus nunca condenou os homossexuais. A homossexualidade sempre existiu. O amor homossexual é tão antigo quanto a própria humanidade - e nunca vai acabar. Todos os povos praticam ou praticaram o homossexualismo. A homossexualidade é natural e inúmeras espécies animais também a praticam. Os gays não ameaçam a extinção da espécie humana, porém a causa da homossexualidade ainda é um mistério. Nada distingue o físico e a mente do “gay” dos demais cidadãos. Todos somos seres humanos, criados ou evoluídos. A Constituição Federal proíbe qualquer forma de discriminação. O preconceito contra lésbicas, gays e travestis é um tipo de racismo. Essas são basicamente algumas das verdades que se defendem sobre o homossexualismo em todas as sociedades, civilizadas ou não, do mundo.
Alem do mais, se foi Deus quem fez o Homem e a Mulher, quem fez o homossexual? Teria sido o diabo? Nunca foi provado que o homossexualismo é uma questão biológica ou comportamental. Ou as duas coisas. O que se sabe, desde a Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, é que aproximadamente dez por cento de indivíduos dentro de toda espécie animal praticam o homossexualismo. E são muitas as celebridades que são ou foram adeptos de práticas homossexuais ou foram travestis: Platão, Safo, Santo Agostinho, Leonardo da Vinci, Santa Joana Darc, Shakespeare, Michelangelo, Mazaropi, Mário de Andrade, Santos Dumont, Imperatriz Leopoldina, Maria Quitéria, Gilberto Freyre, Martina Navratilova, Marina Lima, Elton John, Renato Russo, Ângela Rorô, Oscar Wilde, etc., etc. Dizemos que não somos preconceituosos, no entanto ficamos ofendidos quando muitos torcedores europeus, numa atitude racista e deplorável em tempos de mundo globalizado, jogam bananas em nossos jogadores, mas chamamos os nossos atletas gays de bichas, a exemplo de um jogo de Vôlei em Belo Horizonte realizado neste ano de 2011, como se isto não fosse também um preconceito, uma violência.
Somos preconceituosos e muito. Provamos isto no recente episódio do comediante Rafinha Bastos. De quase 200 comentários feitos para se defender das brincadeiras sem graça ditas por ele, mais de oitenta por cento das pessoas usaram o preconceito para atacar o que chamavam de preconceito. Disseram que todo gaúcho é gay. Disseram que os judeus são assim mesmo e mais um monte de asneiras. Um antigo provérbio oriental diz que os homens normais falam, os sábios escutam e só os tolos e idiotas discutem. Essa tese mostrou quantos de nós, incluam-se aí muitas das nossas autoridades estaduais, os metidos a intelectuais, pessoas comuns e jornalistas, somos idiotas ou preconceituosos e foi isto que ficou provado. A frase antológica de um ex-combatente da Guerra do Vietnã devia nos inspirar: “Por matar dois homens, recebi uma medalha. Por amar um, fui expulso das Forças Armadas”. O mesmo Deus da Criação é um Ser Supremo para todos. Inclusive para os negros, que a própria Igreja para justificar a escravidão, dizia que não tinham alma nem eram seres humanos. Se for tudo mesmo uma questão de tempo, nem será preciso fazer essas “Paradas do orgulho gay” para se obter reconhecimento já que homofobia é crime. Antes, nós discriminávamos a mulher e o negro. Hoje somos preconceituosos com os gordos e os homossexuais. Quem será a nossa vítima de amanhã?





*É Professor em Porto Velho.

sábado, 26 de novembro de 2011

O discurso tinha que ser outro...



“... Vossa Excelência é um Ladrão...”


Professor Nazareno*

          
            Rondônia não sai da mídia nacional. Em menos de um mês o programa global Fantástico já noticiou o escândalo da Unir, Universidade Federal de Rondônia, e todos os seus desdobramentos como malversação de dinheiro público e outros afins, deve mostrar em rede nacional os bastidores da Operação “Termópilas” da Polícia Federal que desbaratou uma quadrilha de Deputados Estaduais e funcionários públicos que atuava dentro da Assembléia Legislativa do Estado e se quiser ainda pode exibir nos próximos programas a Operação “Anjos do Asfalto” em que alguns funcionários do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes são responsabilizados pelo desvio de pelo menos 30 milhões de reais das obras de asfaltamento da BR 429. O superintendente do órgão, José Ribamar, já está afastado do cargo. Alguém será punido?
         Enquanto isso, morre em Pernambuco, aos 63 anos, o mecânico Marcos Mariano da Silva. Ele passou 19 anos preso injustamente. Neste período, perdeu um olho e logo depois ficou completamente cego, contraiu tuberculose e quando soube que receberia parte de uma indenização, morreu de parada cardíaca enquanto dormia. Diferente dos ladrões de Rondônia, Marcos Mariano não tinha nenhum pedigree e por isso sofreu nas garras da nossa “Injusta Justiça”. Por aqui, Januário Amaral que não foi preso um minuto sequer, vai tirar 90 dias de férias com todos os salários pagos pelo Erário para depois “organizar” a sua defesa. Valter Araújo, Presidente da Assembléia de Rondônia, passou uma semana detido nas dependências da Polícia Federal e a sua liberdade é apenas uma questão de tempo. O STJ até já lhe concedeu uma liminar. Ribamar do DNIT nem isso.
         Até quando nós brasileiros temos que conviver com estas injustiças? Até quando nós rondonienses devemos aceitar tranquilamente este estado de coisas? Porém, parte da culpa é nossa. Ninguém gosta de ser chamado de idiota, anta, babaca ou otário. Mas é isto que estamos sendo quando vemos o nosso dinheiro ser roubado e não esboçamos nenhuma reação. Há tempos, perdeu-se aqui a capacidade de se indignar. Somos covardes porque temos um convênio médico ou porque temos o nosso empreguinho e garantimos o nosso pão de cada dia. “Dinheiro desviado da saúde pública não me atinge, Pernambuco fica muito longe daqui e nada tenho a ver com os desvios no DNIT”, pensamos erradamente. A nossa omissão aliada à impunidade e à injustiça é o combustível perfeito para se roubar cada vez mais o nosso suado dinheiro dos impostos.
         Em países mais sérios como Estados Unidos e Japão, muitos destes larápios  pegariam prisão perpétua além de devolver tudo para os cofres públicos. Quem ainda está preso ou devolveu alguma coisa da Operação Dominó há seis anos? Nós que pagamos impostos e vivemos em Rondônia estamos nos acostumando a ser estuprados coletivamente e nada fazemos. E não adianta dizer que foi obra de três ou quatro ladrões apenas. Os oito deputados de Rondônia acusados por este escândalo receberam exatos 93.426 de votos de nós, cidadãos rondonienses. Eu, por exemplo, votei na Epifânia, minha esposa, no Zequinha Araújo. Estou me sentindo cúmplice de toda esta patifaria. Estou me sentindo uma anta, um Zé Mané, um perfeito idiota. Porém, muitos eleitores preferem a hipocrisia do anonimato e não perdem a oportunidade para atirar pedras.
         No Brasil, marchas contra a corrupção não juntam mais do que algumas dezenas de militantes. Os meninos, universitários heróis que tomaram a Unir, não desistiram até a saída do reitor. A população inteira devia deixar o medo de lado e imitá-los. Lutar pelos seus direitos e não se deixar roubar não é crime, é civismo. Devíamos repudiar o circo e usar a Banda do vai quem quer, a Marcha para Jesus, Passeata do orgulho gay ou carnaval fora de época para protestar. Vendemos muito barato o nosso silêncio, a nossa liberdade de expressão. Devíamos não confiar nos políticos ladrões, uma raça de víboras, e sermos mais críticos, seletivos e conscientes na hora de votar. Rondônia é nossa, o Brasil é nosso e não desses picaretas. O dinheiro que eles nos roubam é suficiente para fazer deste país um dos melhores do mundo. Se desviarem todos os recursos para as obras do PAC em Rondônia, nada vai nos sobrar. Nas Assembléias Legislativas o discurso mais comum é: “...Vossa Excelência é um ladrão...”. Desculpe, nobre colega, mas ladrão é Vossa Excelência...”. Ainda há políticos e brasileiros honestos, não é possível. Não podemos agir como o pobre mecânico pernambucano e sucumbir no final. O Poder Público sabe disto. Podemos mudar e para melhor esse discurso.






*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Reino dos Antas: pense num país legal.




O Reino Encantado dos Antas


Professor Nazareno*
           

Antópolis é um lugar ermo, muito distante mesmo. Longe de tudo e de todos, lá a vida é atrasada e totalmente fora de moda. É também conhecida nos meios diplomáticos como Ladrolândia ou Roubônia. Tem aproximadamente um milhão e meio de habitantes conhecidos por vários nomes diferentes: os pacas, os asnos, os antas, os toupeiras, os bestas e os hienas. Cordiais, aceitam qualquer um desses nomes para denominar o país inteiro. Povo muito trabalhador, hospitaleiro e feliz que se especializou em doar todos os seus recursos para quem vem de fora. A etnia dos antas é majoritária no país e estranhamente um dos pratos típicos do lugar é paca cozida ao leite da castanha. Esta democrática nação é como outro país qualquer quando o assunto é política, já que lá existem os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Um paraíso. 
       Trezentos mil habitantes do lugar, ou seja, 20 por cento de toda a população é muito pobre, miserável mesmo e sobrevive bem abaixo da linha da pobreza. Pobre, mas muito feliz em produzir riquezas para dar “de mão beijada” aos enganadores. O Poder Legislativo do país é uma piada e cuja nova sede está sendo construída onde antes funcionava um circo. Entre uma legislatura e outra, vários deputados se especializaram em roubar descaradamente as muitas verbas que seriam destinadas aos hospitais públicos e ao precário sistema de saúde. Alguns destes larápios são ligados a algumas Igrejas, já que o povo de Antópolis é muito religioso e ama os seus líderes. A capital do país é uma carniça só, mas o povo adora a cidade e diz que não viveria um único dia longe do odor de fezes, bichos mortos e esgoto podre. Quase tudo é sujo e fedorento.
Os antas são um povo excessivamente pacífico e não reclamam de nada. Muitos dos seus jovens em vez de protestar pela terrível situação em que vivem, passam o dia inteiro como imbecis nas redes sociais postando asneiras e futilidades. Toda vez que são explorados fazem muita festa. O “Campo de Extermínio de Pobres” deles, que mais se parece com um hospital de pronto-socorro, vive lotado de pacientes, quase todos pobres, claro, implorando atendimento que nunca recebem. Embora esparramados pelo chão, afirmam: “Somos felizes porque o nosso dinheiro serve para encher os bolsos dos nossos representantes”, orgulham-se muitos dos doentes à beira da morte. “Não fossem nossas amadas autoridades, como seríamos notados no mundo lá fora?” indagam outros, já amarelados, alguns dentes podres, cheios de perebas e frieiras na boca.
A corrupção é endêmica na terra dos antas. A única universidade pública está em greve há quase três meses por melhores condições de trabalho, já que a sujeira é constante por lá. Sujeira no campus e na burocracia também. Há denúncias de desvios de muitos milhões para a felicidade geral. Já na Câmara de Vereadores da capital de Antópolis, por exemplo, tem até aulas práticas para as crianças aprenderem o mesmo trabalho dos políticos. Uma das vereadoras daquela casa se esmera em ensinar o ofício para cada “antinha” que quer mudar de vida. Os edis da capital vivem em paz com o Prefeito do lugar. Os “antas” esperam ansiosos pelo dia em que vai dar uma chuva de bosta, conforme fora prometido por alguns políticos mais experientes. Será o êxtase, a redenção total. Nesta data, muitos gostariam de estar vestidos com a melhor roupa.
Antópolis já teve muitos mandatários, todos de fora. E quase todos eles sempre prometem fazer jorrar mel e leite das fedorentas ruas do lugar. Claro que todo mundo acredita. Todo tipo de doença já extinta no resto do mundo existe neste incrível país para a alegria da população. É um dos únicos países do mundo cuja mídia tem cor: é marrom e sobrevive quase sempre de subsídios oficiais. Os muitos escândalos quase sempre são divulgados pela imprensa de fora e ninguém sabe o porquê. As propagandas veiculadas são lindas e induzem o povo a exigir respeito. Dizem também que não será mais exibida pornografia para as famílias antenses. Sim, porque nada é imoral em Antópolis. A Assembléia Legislativa dos antas é como uma igreja, um lugar santo, a “casa do povo” e repleta de coroinhas. Por não existirem intelectuais nem cultura, nunca se saberá por que é tão fácil desviar dinheiro público neste país. No Reino dos Antas estão construindo viadutos, passarelas, pontes, estradas, hospitais, hidrelétricas e toda a infra-estrutura para o país progredir, só não boas escolas e universidades, mas nada é superfaturado. Não é incrível? Quem não é feliz em morar num lugar paradisíaco deste?






*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

E o Tio Suamy chorou...



A CAUSA DO MEU CHORO 


E no meu lugar qualquer um chorava. Fui convidado para ir à aula da saudade da turma 2011 do JBC e, lá após minha chegada, os alunos apresentaram um vídeo que questionava por que os professores do Terceirão ficavam felizes com o sucesso dos alunos do projeto nos concursos de universidades e na vida. Eu, que já me afastei de tudo, e que fiz votos de não interferir, não falar mais nada, eximir-me de qualquer palpite sobre a escola, me encontrei emocionado, com apenas uma resposta: a de ser um natural educador, alguém que a vida toda só aprendeu a fazer isso.
O problema é que na última quinta feira, fui convidado por técnicos da escola a participar de reunião que deliberaria  a forma como seria escolhido o Conselho Escolar e, se definida, no momento subseqüente poderia ocorrer a apresentação dos membros na mesma reunião. Ocorreu um descontrole de alguns dos presentes, os ânimos se exaltaram e teve inicio uma grande demonstração de falta de bom senso por parte de muitos presentes, a ponto de gente apresentar semblante desfigurado, outros até precisarem de maior atenção por questões de saúde. O certo é que o tempo fechou e o objetivo da reunião não aconteceu.
Após as conversas finais, na sala da supervisão escolar, quando já me despedia dos funcionários, alguém que sempre tratei bem, respeitei e até defendi em passado não tão distante, estranhamente apresentando um humor estranho, desacatou-me, me perguntou se eu “aceitaria óleo de peroba para passar no rosto, que eu governava a escola de fora, que controlava tudo de fora”.
Confesso que não respondi naquele momento nada, até porque sei que “quando um não quer: dois não brigam”, mas sai mundo a fora bastante pensativo. E por que pensativo? Porque passei  8 anos trabalhando no JBC, reconheço minhas limitações mas, nada tenho a ver com o processo eleitoral para gestores escolares, visto que o mesmo foi deflagrado pelo governo do estado, as regras não foram discutidas pelas comunidades escolares.
Compreendi então, que a reunião não teve um desfecho razoável, devido a que todos os servidores estão nervosos, desconfiados com tudo e com todos, porém, por que o ataque a minha pessoa?  Porque eu sou o responsável direto junto com um conjunto de profissionais (e essa pessoa com certeza não está no meio desses), pelo sucesso de mais de 1000 (mil) alunos que adentraram nas universidades federais e, mais de 1500 (um mil e quinhentas) vagas públicas via Pro Uni, todas em nível superior.  Existe, um cordial respeito à minha pessoa, de forma cidadã, humana e racional, não pelo fato de ser o ex diretor, mas pelo meu passado. Ao contrário do comentado eu não tenho apenas a “ficha limpa”, tenho a vida limpa.  Não tem como apagar o que eu fiz e, felizmente “contra resultados não existem argumentos”, qual é o meu pecado afinal? O que faço de mal? Por que hostilidades à minha pessoa?
Uma coisa meus caros, tenham certeza: dificilmente alguém que trabalhou corretamente, cumpriu o Regimento Escolar, que fez o esforço necessário e apresentou produção dentro da lei tem algo contra o tio Suamy e, quando alguém se manifesta contrário desconfie, pois a possibilidade desse ser um dos revoltados do sistema, que é infeliz por ser professor, que joga pedra da cruz pra frente até em passarinhos, é com certeza das maiores.  
Tenho certeza que pratiquei boas ações, me empenhei com as condições que tinha para fazer a melhor gestão possível para funcionários e principalmente para os alunos. Tenho recebido da maioria das pessoas manifestações elogiosas, de apreço e até de saudosismo por parte deles.
A demonstração foi de ódio, de mágoa, de insatisfação pela existência de minha pessoa, que talvez até, não deveria ter nascido (meu caso), na mesma tarde a professora já tinha perguntado o que eu tinha ido fazer no JBC, e com elegância respondi que tinha ido participar da reunião.
Quero informar que sou servidor do quadro do Estado de Rondônia, à disposição da Secretaria de Estado da Educação, lotado no JBC, que tenho uma folha de serviço  a esse ente federado,  momentaneamente, não tenho nenhum interesse em retornar à direção nem do JBC, nem de escola estadual nenhuma, mas informo que enquanto funcionário desfrutarei de meu direito cidadão, de entrar na escola, participar de reuniões se convidado, jamais praticarei motim contra qualquer diretor escolar, pois não fui contratado para isso e, que no caso do JBC,  o diretor pode  ser qualquer um, respeitarei sua gestão e trabalharei com muito afinco para que tenha bons resultados, pois acredito que boas gestões, ocorrem mesmo não sendo “apenas eu dirigindo” ou alguém que eu simpatize e, que o beneficiado tem que ser sempre o aluno.
Foi por isso, que recebendo o “afago carinhoso” do vídeo dos alunos, na aula da saudade, chorei, e compreendam, na condição que o “monstro” chorou, “qualquer um chorava”, porque no JBC, quem deveria afagar respeitar, tratar bem, trabalhar para ampliar os “laços de camaradagem”, semeia o ódio e, quem supostamente não possui ainda a tal formação superior é de onde vem o afago, a mão amiga, o reconhecimento, enfim a demonstração de racionalidade, foi por isso que chorei, e como chorar me fez bem, deixou meu espírito entendendo que simplesmente “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de [...]”, e que como diz o ditado, “aqueles que estão aí  atrapalhando meu caminho passarão, e eu passarinho”. Agora que o choro e a emoção me fizeram bem, não resta a menor dúvida e, se fosse preciso chorava de novo. AMÉM.

Suamy Lacerda, é prof. de História.

sábado, 19 de novembro de 2011

Vamos juntar os cacos de Rondônia de novo.



Rondônia Despedaçada


Professor Nazareno*
           
             
              O nome de Rondônia (ou Roubônia) nunca foi bem visto no restante do país, mas desta vez a situação piorou. A frágil, desacreditada e ridícula imagem do Estado está despedaçada, de novo. Ainda assim, é possível que o majestoso trabalho da Polícia Federal possa estar eivado de equívocos uma vez que as pessoas envolvidas ou presas até agora na Operação Termópilas são de ilibada reputação e competência junto à opinião pública. Valter Araújo, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, por exemplo, é cristão evangélico, um homem religioso e de boa índole, por isso jamais se envolveria em ilicitudes. A Deputada Estadual Epifânia Barbosa do PT é totalmente inocente e mesmo que não fosse, o seu partido a inocentaria como já o fez com o Secretário de Saúde depois que ele foi preso e indiciado pela Polícia Federal. Não entendi por que pairam suspeitas contra tantas pessoas boas. Deve ser engano. Um monte de gente presa e tendo suas vidas vasculhadas. O que eles fizeram de errado?
            Nesta confusão toda, acho que o único culpado sou eu, Professor Nazareno. Devo declarar publicamente que cometi várias irregularidades nos últimos tempos. Não, não me envolvi em desvios de verbas do SUS, mas sou responsável por coisas bem piores. Vou confessar: apoiei o humorista Rafinha Bastos quando ele disse que o povo de Rondônia era feio. Uma declaração absurda. Feriu o nome do Estado. Denegriu a imagem que tínhamos no restante do país. Quando a revista Época esteve aqui e a repórter Eliane Brum “detonou” a cidade de Porto Velho dizendo que era um lugar sujo e imundo, eu, de forma até criminosa, dei apoio à jornalista. Meu Deus, que crimes bárbaros eu cometi. Perdão, Rondônia. Perdão, rondonienses, eu não devia ter feito isso. Além do mais eu disse certa vez que as Três Caixas D’água, o bonito e imponente símbolo de Porto Velho era feio. Disse também, durante as festas juninas, que a quadrilha da Assembléia Legislativa era a mais sofisticada daqui. Que horror. Menti!
            Afirmei que em Rondônia não existe cultura própria e que o Carnaval devia ser proibido. Crimes inafiançáveis. Prisão perpétua para mim. Sou culpado. Uma heresia. Falei mal várias vezes do carnaval fora de época. Critiquei a construção das hidrelétricas dizendo que vão gerar energia boa e barata para o restante do país enquanto nós convivemos com os apagões diários e os desastres ambientais. Chamei o Hospital João Paulo Segundo de açougue e disse que ele havia se transformado recentemente em um “Campo de Extermínio de Pobres”. Santo Deus! Por que eu disse isso?  Cadeia para mim. Sou um crápula, um pulha, um rebotalho, um caniço pensante, um paraibinha metido a besta, um morto de fome, um professor aloprado, um canalha, um imbecil. A Polícia Federal devia vir à minha casa e revistar tudo, fazer uma devassa. Eu sou culpado. Outro dia blasfemei contra Papai Noel, o bom velhinho, chamando-o de pedófilo. Quero a saída do Januário da Unir e participei da “Marcha dos 104 zeróis”.
Não mais me olharei no espelho de tanta vergonha, pois disse que o Brasil é um país de “jecas” e que esta nação vai terminar como feira de maxixe: tudo lascado em cruz pelo fundo. Admiti publicamente que a corrupção na sexta potência econômica do mundo não acabaria tão cedo, já que passa literalmente de pai para filho. Sei que ninguém terá piedade de mim. Outra vez disse que a Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia era um ninho de ladrões quando na verdade aquilo é um lugar quase santo, um oásis num deserto de lama. Não votei nas eleições do Sintero e não acredito nestas eleições para Diretor das escolas. Ainda pesa contra mim o fato de eu ter acertado, com antecedência, o nome desta operação da Polícia Federal. Na redação do Enem eu quase acerto o tema. Um escândalo. Sou um idiota e mereço punição, já que não costumo levar humoristas a sério, apenas os políticos. Como eu tenho manchado o nome deste Estado com os meus escritos. Rondônia e os rondonienses merecem respeito e eu não soube fazer isto. Por favor, caros leitores, peço-lhes publicamente perdão pelas minhas idéias. Quanto ao pequeno probleminha do desvio de recursos do SUS na ordem de 120 milhões de reais para a Saúde do Estado e de tantas outras falcatruas e roubalheiras com o dinheiro público, o nosso dinheiro, não se aflijam: é algo passageiro e sem a menor importância. O tempo se encarregará de apagar estas pequenas tolices de nossas mentes.



*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Atenção garotada do João Bento: isto interessa a vocês! querem acabar com o Projeto Terceirão.



Receita de Pirarucu de Casaca

Ingredientes:
 
1 quilo de pirarucu seco;
1 quilo de farinha de mandioca tipo Uarini (no Rio é conhecida como farinha d’água; se não achar, pode ser retirada da receita)
2 vidros de leite de coco pequenos;
6 ovos cozidos 200 gramas de azeitonas;
700 gramas de ervilhas;
2 bananas da terra fritas em rodela;
Molho;
4 tomates;
2 cebolas;
1 porção de cheiro verde;
2 colheres de chá de sal;
2 colheres de chá de colorau;
1 copo de água;
1 xícara de azeite de oliva.


Modo de Fazer

Frite o peixe e depois desfie. A farinha deve ser misturada ao leite de coco, com cuidado para não ficar nem muito seca nem muito molhada. Para o molho, separe uma frigideira grande e ponha o azeite de oliva. Depois de quente, despeje as cebolas e deixe dourar com colorau.
Em seguida acrescente o tomate. Refogue com água e sal a gosto. No final, ponha o cheiro verde. Ingredientes preparados, é hora do grande segredo do prato a arrumação. Os ingredientes são colocados em camadas, um a um. Primeiro o molho, depois a farinha, depois o pirarucu, a banana, e assim por diante. Depois das camadas prontas, leve ao forno por 20 minutos. Aí é só enfeitar e servir. 

O pirarucu pode ser substituído pelo bacalhau, pescada ou peixe pedra, todos salgados.

E eu marchei contra a corrupção!




Protestos: a saga dos 104 “zeróis”


Professor Nazareno*
           
             
       A Marcha contra a Corrupção, edição Rondônia, terminou em “beiju de caco”. O dia 14 de novembro, mais um feriado segundo os padrões rondonienses, seria o marco histórico dos protestos que mudariam o Estado e o país. Cento e quatro pessoas contadas a dedo, a maioria estudantes e professores da Unir que estão em greve há exatos dois meses. Não fosse isso, teríamos não mais do que duas ou três dezenas de manifestantes que enfrentaram o sol escaldante e um calor muito superior aos 40 graus para gritar palavras de ordem no meio da rua. À medida que o tempo passava, alguns bêbados, desocupados e moradores de rua se juntaram à manifestação que chegou ao final a somar pelo menos umas 140 pessoas. Isso mesmo: exatos 0,1 por cento do total que a banda-do-vai-quem-quer coloca nas ruas em fevereiro para pular o carnaval.
      Provavelmente nenhum dos muitos primatas que brincam o carnaval estava ali para se manifestar contra a roubalheira na política. Cheguei às três e meia da tarde e não vi distribuírem cachaça, maconha ou qualquer outra droga para animar as pessoas como costumeiramente fazem em outras ocasiões. Só água mineral mesmo. Ironicamente o trajeto percorreu em sentido contrário o caminho da famosa banda e de outras comemorações inúteis. O trânsito fluía normalmente e as pessoas, que olhavam perplexas “aquela deprimente passeata”, estavam todas espantadas como galinhas quando vêem cobra. “É uma procissão? Cadê o santo? Hoje é dia de quê mesmo, maninha?”. Perguntavam atônitas algumas senhoras que se protegiam do sol embaixo das marquises das lojas nas avenidas Sete de Setembro e Carlos Gomes no centro.
    Participei de um espetáculo horrendo, maçante, deprimente, vazio e pífio. Tentei me comparar aos 300 de Esparta que há mais de 25 séculos enfrentaram 120 mil combatentes dos exércitos persas de Xerxes na famosa batalha das Termópilas. Mas parece que ninguém se incomodava com aquela patetice explícita. Batendo em bumbos e latinhas, parecíamos zumbis lutando pela causa dos outros. Os nossos gritos de guerra não eram ouvidos por ninguém. Parecíamos São João Batista pregando no deserto. A corrupção parece que não atinge aquelas espantadas pessoas que nos olhavam. Não vi nenhum político participando daquilo. Nem o professor Pantera do PC do B estava presente. Até porque os comunistas não se envolvem em corrupção e são exemplos para o resto do país. Roberto Sobrinho, um vereador, um deputado, um senador, ninguém.
  O aparato de segurança do Estado nem se fez presente. Também não havia a menor necessidade. Como eram poucos os manifestantes, bastava meia dúzia de “coianos” com a sua famosa truculência para resolver qualquer imbróglio. Não me arrependi de ter ido marchar contra a corrupção, pois fiz a minha parte, porém percebi que muitos revolucionários de hoje estão sentados em frente a um computador fazendo a revolução dos teclados e das redes sociais. Já o povo, motivo maior das lutas sociais, está entretido em seus afazeres e se preparando para pular feito macaco nos carnavais que acontecerão naquelas mesmas ruas daqui a menos de três meses. O irônico de tudo isto é que a maioria daqueles manifestantes não precisa de um João Paulo Segundo ou do Estado. Só que é exatamente a corrupção que produz as excrescências públicas.
     Mas o Brasil é assim mesmo. É a Pátria do futebol, do carnaval, dos feriados que não existem, do Luan Santana, da Banda Calixo, do sertanejo universitário, da esquadrilha da fumaça e da pouca ou nenhuma consciência política. Os gigolôs da alienação geral também não estavam por lá. Deviam estar “pensando” em como entreter o povão ignaro com mais circo. A mídia praticamente também não se fez presente. Poucos sites eletrônicos noticiaram o evento. Somente aqueles que ainda não se venderam para a corrupção e para o dinheiro fácil dos donos do poder. Os brasileiros, com a síndrome de galinha (levando no traseiro e cantando), vão às urnas no próximo ano eleger mais uma penca de políticos desonestos que surrupiarão ainda mais seus minguados recursos. A corrupção é um ciclo sem fim. Um dos panfletos da marcha dizia: “você faz toda a diferença neste movimento de cidadania, seja para melhorar ou para piorar”. Mesmo sendo a semente, o começo da luta pela conscientização política deste povão broco e com um princípio de insolação, desta vez foi para piorar mesmo.





*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nem Hitler agiu assim com os judeus!




Nosso Auschwitz rondoniano


Professor Nazareno*

             
      A recente notícia veiculada nacionalmente informando que o Hospital João Paulo Segundo de Porto Velho é o pior hospital de pronto-socorro do Brasil pode não ter causado muito espanto na comunidade rondoniense. É tanta desgraça que acontece neste Estado e nesta cidade que já estamos nos acostumando a tudo isto. Mês passado foi o Instituto Trata Brasil que constatou ser esta capital a cidade mais suja e imunda do país com raros 1,2 por cento de saneamento básico e menos de três por cento de água tratada, mesmo sendo margeada por um dos maiores rios de água potável do mundo. Aqui só falta uma chuva de fezes para completar o quadro de mazelas sociais impostas à população, principalmente aquela fatia menos privilegiada. A conta da construção das hidrelétricas está começando a chegar. Mas quem são os culpados por tudo isto?
         A culpa é toda nossa enquanto sociedade. O poder público tem, obviamente, uma grande parcela de responsabilidade, talvez a maior, por mais esta vergonha, mas somos nós os mortais comuns e pagadores de impostos que fornecemos o combustível necessário para o aumento desta desgraça neste início de milênio. O nosso silêncio é mortal para os que precisam daquilo. Muitos de nós fazemos de conta que o Hospital João Paulo Segundo nem existe, pois nos protegemos vergonhosamente com os nossos planos de saúde particulares. “Se eu não sinto o problema, faço de conta que o caso não é comigo”. O choro dos desesperados e dos que perdem seus entes queridos em condições subumanas não nos incomoda nem nos afeta. Nem parece que aqueles cidadãos são seres humanos, eleitores e pagadores dos mais altos impostos do mundo.
        O que todos enquanto sociedade e poder público estamos fazendo com os nossos pobres, com os pobres de todo o Estado de Rondônia, é muito pior do que aquilo que Hitler fez com os judeus durante o Holocausto na Segunda Guerra Mundial. O tirano nazista nunca mentiu nem foi hipócrita com as suas vítimas. Nunca escondeu do mundo, nem dos próprios judeus, quais eram as suas intenções para quem não se enquadrasse nos ideais absurdos do Estado alemão. Quem pôde saiu o mais depressa possível e salvou a própria pele. Nós nunca dissemos para os nossos pobres, para os pobres de Porto Velho e de Rondônia, nem para aqueles que não podem dispor de um bom plano de saúde, e que por isso estão lá jogados, que o que temos a lhes oferecer é apenas a falta de dignidade, de humanidade, os maus-tratos, o chão frio, o sofrimento, a morte.
        O que nós fazemos com os nossos pobres é muito pior do que aquilo que a Igreja e a elite branca fizeram com os escravos em séculos passados. Quem nascia negro pelo menos era informado que “nem alma tinha” e por isso muitas vezes até se conformava com o destino de sofrimento. Estamos fazendo com os nossos deserdados pior do que os brancos europeus fizeram com os africanos no neo-colonialismo. Por que os vários governos que conviveram e convivem com o problema nunca encontraram uma solução? Por que desses miseráveis só interessa o voto em época de eleições? Autoridades, classe política, Poder público, sociedade civil organizada, todos devíamos tomar vergonha na cara e dar satisfação ao Brasil e ao mundo. Todos devemos governar para o bem daqueles quem nos elegeram e, por falta de opção, nos elegerá futuramente.           
De que adianta ser a sexta potência econômica do mundo e ter de conviver com estas desgraças? Juro que queria ser a última, mas não gostaria de possuir um Hospital João Paulo, uma Unir em greve, uma Porto Velho suja e imunda, uma sociedade hipócrita e mergulhada no caos e na corrupção. Somos os responsáveis por um povo que lota as ruas com 140 mil pessoas numa banda de carnaval, numa passeata gay ou numa Marcha para Jesus e não conseguimos mobilizar ninguém para reivindicar saúde ou educação públicas de qualidade. Os gigolôs da miséria e da alienação geral devem ter bons planos de saúde, as autoridades e os políticos de plantão também, por isso  levamos a sério humoristas bobos e suas piadas idiotas em vez de nos preocupar com os problemas sociais que tanto denigrem a nossa imagem lá fora. A fumaça que exalava dos fornos crematórios em Auschwitz, Birkenau, Treblinka e Sobibor incomodava os não judeus enquanto o cheiro de sangue pisado e de carne crua que exala da Avenida Campos Sales, na Zona Sul de Porto Velho, nem penetra nas nossas hipócritas narinas. Diante disso, ter vergonha de ser rondoniense e brasileiro devia ser algo normal para quem nada faz. Somos monstros insensíveis que não aprendemos nada com Auschwitz.






*É Professor em Porto Velho.