domingo, 27 de setembro de 2009

Parada do orgulho Gay e participação política


Passeata gay: falta de consciência política?


Professor Nazareno*


Com o objetivo de promover o lançamento da 7ª Parada do orgulho LGBT de Porto Velho que será realizada no dia 11 de outubro de 2009 com o tema: “Sem homofobia, mais cidadania”, o Grupo Gay de Rondônia concede entrevista coletiva, envolve a mídia falada e escrita, cita autoridades, cria sensacionalismo estéreo, convoca para reunir, reúne para convocar, faz e acontece na fixa e equivocada idéia de produzir algo de extremamente útil aos seus seguidores e participantes. Não se pode discutir o direito de quem quer que seja de fazer reuniões, passeatas ou desfiles. Além de ser legal é perfeitamente aceitável pelo fato de vivermos em uma democracia.

No entanto, estes desfiles têm em alguns casos, despertado a reação da sociedade mais conservadora. A Marcha para Jesus pode ser um exemplo. No ano passado os religiosos dizem ter colocado mais de três milhões de seguidores nas ruas de São Paulo. Todas estas manifestações são importantes, mas infelizmente focam na direção errada uma vez que desviam a atenção dos problemas que realmente deveriam ser enfrentados pela sociedade civil organizada. Viver uma vida de orientação sexual diferenciada ou adorar a Cristo não resolve os gargalos que fazem do nosso país uma das sociedades mais atrasadas e injustas do mundo.

Por isso, colocar 100 mil pessoas nas ruas de Porto Velho apenas para dizer que aceitam o que é diferente é um desperdício. Assim como cinco milhões nas ruas de São Paulo. E tantos outros milhões em outras cidades deste país. Essas pessoas "de orientação sexual diferenciada" deviam "emprestar" apenas 10% deste contingente para sair às ruas reivindicando melhorias no Hospital João Paulo Segundo, mais ética na política ou por uma educação pública de qualidade, por exemplo. Teriam tais atos, talvez, muito mais praticidade e consciência política do que fazer passeatas que muitas vezes afrontam esta mesma sociedade vítima deste Estado incompetente.

Além do mais, estes mesmos desfiles são vistos por muitos como pura e simples apologia às drogas e outros tipos de entorpecentes. Os nossos problemas são muito maiores e de uma dimensão muito superior a simples desfiles carnavalescos em tom de deboche. Discriminação e homofobia são crimes e devem ser encarados e punidos como tal. Já há legislação pertinente para isso sem precisar de passeatas que sujam as ruas e mostram o verdadeiro caráter dos gays, lésbicas e afins: falta-lhes, na maioria dos casos, visão crítica e participação política e acima de tudo demonstram ter uma mentalidade baseada na premissa de que tudo é festa, tudo é manchete, tudo é brincadeira.

Gays, lésbicas e religiosos unidos com o restante da população para exigir e reivindicar os seus direitos e a sua cidadania é o que falta a Rondônia e ao restante do Brasil. O mundo é muito mais cruel do que "purpurinas e desfiles". Se todas as pessoas que se dizem discriminadas e perseguidas no Brasil e no mundo tivessem que fazer desfiles e passeatas, teríamos que permitir ou assistir às mulheres, os negros, os hemofílicos, os pobres, e mais um montão de pessoas se organizando para tão somente sujar as já imundas ruas deste país e desta cidade. Porém se estas pessoas usassem seu poder de persuasão para cobrar um Estado competente em suas vidas, o país mudaria.


*É professor em Porto Velho

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vestibular? Por que não em outro estado?


Unir e “rondonha”: Imagem refletida?


Professor Nazareno*


Existe um ditado popular afirmando que teoria é quando se sabe tudo e nada funciona. Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe o porquê. Na Unir, Universidade Federal de Rondônia, conjugam-se teoria e prática, pois quase nada funciona e ninguém sabe por que. Esta universidade só podia ser mesmo do Estado de Rondônia, a latrina do Brasil, afinal ninguém sabe quem merece quem, porque se fosse de um estado desenvolvido e sério, quase todos os seus dirigentes, reitores, professores e demais funcionários já teriam sido punidos. Se fosse uma universidade dos Estados Unidos ou da Europa, fato absolutamente impossível, cadeira elétrica e prisão perpétua seriam castigos rotineiros para coibir tanto descaso e desrespeito.

Quase todos os anos, a Unir enfrenta sérios problemas para realizar o vestibular anual da instituição. Realizar, não. Pagar para outras universidades fazer todo o serviço como se em Rondônia não houvesse profissionais competentes para organizar um simples processo seletivo. Até os acreanos, na UFAC, realizam o seu próprio método de ingresso na universidade. Dizer que é mais seguro elaborar as provas fora do estado é pura tolice. Seria, em tese, admitir que não há corrupção no vizinho estado. Vazamento de gabaritos em provas de vestibular e concursos públicos já virou rotina em qualquer estado da federação. Nenhuma novidade nesta periferia de capitalismo.

Além do mais, para organizar um simples concurso vestibular a Unir sempre foi um fiasco. A desorganização sempre foi a marca registrada da instituição. E este ano não está sendo diferente. No ano passado, por exemplo, foram dez erratas no edital com direito até a censura do livro ‘O Matador’ de Patrícia Melo. No último dia 07 de julho foi publicado um edital para o Vestibular 2010, só que ninguém conseguiu se inscrever na data anunciada. Era um documento de mentirinha. Mudaram as datas das inscrições e da realização das provas. Dia 15 de agosto saiu o segundo edital indicando que a realização do vestibular seria no dia 15 de novembro a primeira fase, e dia 06 de dezembro a segunda. Todo mundo acreditou.

Só que era tudo de mentirinha novamente: saiu outra errata afirmando que as provas desta vez seriam realizadas no dia 22 de novembro a primeira fase, e no dia 20 de dezembro a segunda. Quem acreditou nas datas divulgadas e comprou passagens aéreas para realizar vestibular em outros estados do país ficou no prejuízo, pois não será ressarcido. Se alguma outra repartição pública está por trás disto por que a Unir não previu a tempo? Como se pode observar, a nossa única universidade pública nunca esgota seu repertório de sandices, desrespeitos e absurdos contra a comunidade local. Pelo visto, muitos dos sábios do Campus José Ribeiro Filho, os “professores–doutores” ainda têm muito que aprender sobre ensino, pesquisa e extensão.

Esquisitices sempre aconteceram na Unir, mas a situação está tão decadente que quando algum funcionário metido a filantropo promove gincana para ajudar os famélicos do lixão, todos já acham que se trata de extensão. Localizada entre um cemitério e o lixão da capital, a nossa universidade parece que é administrada por Roberto Sobrinho, o prefeito campeão em obras inacabadas, ou mesmo o governador Ivo Cassol que está na iminência de ser cassado. Realmente: qual a pesquisa levada a cabo pelos técnicos daquela instituição pública de ensino que teve ou tem destaque ainda que regional? Até no curso de Medicina há denúncias de aprovações ilegais e de repercussões corporativas por parte dos alunos, os futuros médicos aqui formados. Privatizá-la então? Ora, ninguém em sã consciência daria um único centavo por ela.

Mas o que mais impressiona neste episódio todo não é a sabida má-vontade ou mesmo a incompetência da Unir. O que deixa todo mundo perplexo é a reação da maioria dos alunos que vão prestar o exame vestibular na instituição. São mais de 15 mil candidatos todos os anos e até agora quase nenhuma reação foi observada. Estudantes que têm atitude “bovina” nem merecem ser chamados de acadêmicos. Pode até ser legal fazer esta palhaçada com quem vai prestar vestibular aqui em Rondônia, mas que é imoral, é. RESPEITO! É isto que "rondonha" e os rondonienses deviam exigir da Unir. Mas como fazer isto se todos somos brasileiros? Se estamos acomodados e esperando tudo acontecer? Parece até que não sabemos fazer a hora...

Apontada como uma das piores instituições públicas de ensino superior da Região Norte a Unir perde feio para a UFPa, a Universidade do Amazonas e a Unitins, do Estado do Tocantins, segundo publicação da revista Guia do Estudante da Editora Abril Cultural. A Universidade Federal de Rondônia e o seu meio acadêmico ainda precisam aprender muito sobre sua relação com a comunidade onde está inserida, pois ao mudar constantemente seus editais de forma maniqueísta e anti-popular ela comete um erro imperdoável e erram também os que compactuam com estas atitudes nefastas. Se a nossa justiça não fosse tão desacreditada, elitista e morosa certamente este ano já seria acionada antes mesmo de começarem as provas do próximo vestibular já que muitos vestibulandos se programaram “com base em outro edital". Pobres futuros acadêmicos. Nem adivinham o que lhes espera no “ensino superior”.


*É professor em Porto Velho

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O "brasil", a Unir, "rondonha" e o PT: tudo farinha do mesmo saco!


Forte concorrente à melhor do ano!


Roberto Moron Martins escreveu:
Viajando por uma região de canibais, o arqueólogo chega a uma lanchonete escondida no meio da selva. O cardápio chama sua atenção.
Restaurante Canibal - Só servimos carne importada

- Missionário inglês frito . . . . . . . .. . . . US$ 30,00

- Turista americano à moda do chef . .. US$ 25,00
- Freira italiana ensopada . . . . . . . .. US$ 35,00

- Político brasileiro ao forno . . . . . .. US$ 250,00

- Político brasileiro do PT ao forno . . US$ 300,00

Não aceitamos cheques.

Intrigado com a disparidade de preços, ele pergunta ao dono da espelunca a razão dos pratos elaborados com políticos brasileiros serem tão caros. O empresário, então, lhe explica:

"- Bom, o cara lá do Brasil, que exporta para nós, garante que político brasileiro é muito difícil de ser caçado (CASSADO), principalmente o do PT. Para piorar, meu cozinheiro disse que eles levam horas e horas cozinhando. E tem mais: o senhor, por acaso, já tentou limpar um deles?"

Vamos colocar também neste cardápio
a UNIR, Universidade Federal de Rondônia, Para ser devorada, pois ela consegue ser pior do que tudo isto. Pena que pode dar indigestão. E por que não?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Que Independência é esta?




Sete de Setembro: Brasil independente?


Professor Nazareno*


Semana da Pátria, Sete de Setembro. Bandeirolas verde-amarelas enfeitam os pavilhões. Desfiles civis e militares pelas ruas. Pracinhas, ex-combatentes e o pessoal da ativa com os peitos estufados de medalhas deixam o reumatismo de lado e vão às ruas. Aplausos e mais aplausos. As Forças Armadas fazendo a única coisa que sabem fazer: desfilar, engraxar os sapatos e mostrar roupas de gala impecavelmente passadas. A multidão nas arquibancadas delirando de orgulho e ufanismo. Mais um espetáculo circense enchendo os olhos dos incautos, da mundiça ignara, dos abestados de plantão. É a “independência do circo” triunfando sobre a mesmice dos palhaços, a massa.

Se metade dos brasileiros, estes que vão aos desfiles da Semana da Pátria, conhecessem a verdadeira história deste país, ficariam envergonhados em comemorar tal data. Se conseguissem perceber que grande parte das autoridades que recebem aplausos e ovações desse povão são as mesmas que lhes negam os mais elementares direitos, a história deste país certamente seria outra e escrita de modo bem diferente e entendida de modo igualmente diferente. São estas mesmas autoridades que representam este Estado voraz que nos engabela quase 40 por cento em impostos. Como um povo pode tão bovinamente aceitar tudo isto sem a nada reagir? Simples: falta-lhe a consciência crítica e política.

O desfile de Sete de Setembro é um espetáculo triste, patético, medonho, deprimente e acima de tudo falso e alienante. As polícias mostram as armas de última geração com que depois vão bater nesta mesma platéia (aplausos). Como um morador da Vila de Extrema em Rondônia pode aplaudir o pelotão da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo? Por que Ivo Cassol e Roberto Sobrinho têm que receber aplausos em vez de estrondosas vaias? Até o Presidente Lula com toda a sua comitiva e ao lado de Fernando Collor enfeitam os desfiles pátrios em Brasília. Não é mau gosto, é estupidez mesmo, cinismo, para não falar outros adjetivos mais depreciativos.

Este país nunca foi independente, pois não pode haver independência com povo no cabresto sendo vassalo da elite, de poucos. Desde a velha e manjada farsa encenada por D. Pedro I em 1822 que a mentira vem sendo mostrada ano após ano nas ruas do Brasil. E a lógica é perfeitamente seguida: se tem espetáculo, tem público. Em vez de perder tempo passando suas roupas ou mostrando suas armas, os nossos militares deviam estar preocupados com outras coisas mais cívicas. As nossas fronteiras estão desguarnecidas faz um tempão. Os Estados Unidos estão se aproximando perigosamente da nossa Amazônia com a instalação de sete bases militares na vizinha Colômbia.

E os nossos políticos? Onde estão eles? Muitos vão aos palanques receber as palmas da platéia porque sabem que neste dia geralmente os eleitores se esquecem das mazelas do Hospital João Paulo Segundo, da gripe suína, dos escândalos da compra de votos a cem reais, das obras inacabadas da cidade de Porto Velho, da Unir, dos incontáveis escândalos no Senado, das espúrias coligações políticas com objetivos imorais, das incontáveis operações da Polícia Federal. Nos confins do Maranhão, a África brasileira, ou no Amapá, Sarney deve ter sido ovacionado pelos seus desdentados e maltrapilhos eleitores. E viva a Independência do “brasil”!


*É professor em Porto Velho. (profnazareno@hotmail.com)


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Até quando o nosso céu será sempre azul?




“Céus de Agosto”


Professor Nazareno*


Parece até mentira, mas já faz uns trinta anos que o povo rondoniense não via o céu do mês de agosto. Durante todo este tempo, uma vasta extensão do território nacional, do Estado do Pará até o Acre, “o cinturão do fogo” ardia impiedosamente entre os meses de junho e setembro. No verão amazônico, aqui só se via fumaça. As queimadas imperaram durante todo este tempo e pulverizaram grande parte da Amazônia e deram ao mundo a impressão de que nós brasileiros não sabíamos cuidar das nossas florestas.

As pressões internacionais parecem ter funcionado ou então a consciência dos “brasileiros incendiários” mudou repentinamente, devem pensar alguns incautos ecologistas de plantão. Mas nem uma coisa nem outra aconteceu. As autoridades se apressaram em mostrar dados estatísticos comprovando que as queimadas diminuíram sob suas gestões à frente dos inoperantes órgãos de defesa do meio ambiente. Sema, Sedam, Ibama, Sivam, Sipam e muitas outras repartições ligadas ao setor comemoraram os céus limpos de Rondônia fazendo coro ao Hino: “Azul, nosso céu é sempre azul...”. Ultimamente nunca foi, só agora em 2009.

Só que quase ninguém parece ter percebido que praticamente não houve estiagem prolongada este ano na nossa região. Choveu toda semana do mês de agosto, por exemplo, impossibilitando desta forma a prática das queimadas tão rotineiras para nós. No dia vinte e dois de agosto, especialmente dedicado a esta prática pré-histórica de convivência com a natureza, caiu uma chuva daquelas em Porto Velho. O Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira de Oliveira não teve suas atividades paralisadas um único dia por causa da fumaça. Um avanço para ser comemorado.

Além do mais, os hospitais da capital e toda a deficiente rede de saúde da cidade não estiveram abarrotados de pessoas com problemas alérgicos tão típicos desta época do ano. A preocupação maior é com a gripe suína e os seus desdobramentos. Sendo assim, São Pedro, que talvez não entenda nada de meio ambiente, pode ter colaborado para melhorar nossa precária qualidade de vida. Uma ajuda que veio do céu, pois se dependesse das nossas autoridades, certamente a visibilidade e a saúde de alguns estariam muito comprometidas.

Todos os brasileiros temos de entender que a preservação da Floresta Amazônica é um dever para cada cidadão deste país e principalmente para quem aqui reside. Este dever de casa deve ser feito de maneira correta e rotineira. O mundo precisa perceber que temos competência de sobra para preservar as nossas matas. Qualquer deslize de nossa parte pode reacender o delírio da internacionalização desta região que é nossa. Com a iminente falência da política da “guerra ao terror” os Estados Unidos já estão chegando e pretendem instalar sete bases militares na vizinha Colômbia. Todo cuidado é pouco.



*Leciona na escola João Bento em Porto Velho - profnazareno@hotmail.com